Autores
Vitor Muller Anunciato
Leandro Bianchi
leandro_bianchii@hotmail.com
Roque de Carvalho Dias
roquediasagro@gmail.com
Engenheiros agrônomos, mestres e doutorando em Proteção de Plantas – UNESP – Botucatu
Samara Moreira Perissato
Engenheira agrônoma, mestra e doutoranda em Agricultura – UNESP – Botucatu
samaraperissato@gmail.com
À medida que a população cresce, ocorre maior preocupação com a sustentabilidade na produção agrícola, onde ajustes são necessários para garantir que a produção permaneça em um ritmo crescente. Para isso, agricultores estão se adequando à agricultura de precisão, usando tecnologia de informação para mapeamento e pulverização. Estas técnicas frequentemente empregam veículos aéreos não tripulados (Vant ou UAV), comumente conhecidos como drones, para garantir que as culturas recebam exatamente o que precisam, otimizando o manejo, a fim de atingir altas produtividade.
Técnicas que se estruturam por meio de drones focam diretamente nessas características de precisão, economia de recursos e alta produtividade. Na heveicultura (cultivo de seringueira) já é recorrente o uso de drones para aquisição de imagens, mapeamento e obtenção de outras informações que auxiliam na tomada de decisão. Assim como outras áreas da produção agrícola, a pulverização de defensivos agrícolas com drones vem se tornando mais presente no campo.
Apesar da escassez de informações científicas voltadas para a heveicultura com a utilização de drones, algumas informações técnicas mostram resultados positivos com seu uso, que se ampliaram a partir de outros estudos, como no caso do eucalipto. No caso específico da heveicultura, a demanda de mão de obra é a principal despesa, sendo a utilização de drones uma possibilidade para facilitar a prática desta atividade.
Como funciona
Com mapas pré-programados, os drones podem voar em percursos designados e realizar o levantamento de áreas, mapeamentos e processamento de imagens. Além disso, eles podem ser utilizados para liberar quantidades específicas de defensivos sobre as plantações, a partir de ferramentas de pulverização.
No caso da aplicação de defensivos, aliados aos mapas pré-gerados e imagens captadas em tempo real, o drone é capaz de pulverizar somente áreas de interesse, evitando a pulverização em área total, tendo reflexos na economia de recursos. Vale salientar que por ser uma tecnologia recente, estudos vêm sendo realizados a fim de aperfeiçoar essa técnica.
Manejo
Um dos fatores para iniciar o uso de drone em propriedades agrícolas é o conhecimento técnico destes aparelhos. Para realizar operações em um drone são necessárias habilidades com software de análise, programação e também habilitação para voo. A legislação brasileira exige que o piloto seja habilitado e obedeça às normas estabelecidas pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil).
Quando há interesse em realizar operações com drone é indicado recorrer a empresas especializadas que disponibilizam todos os serviços e produtos ao produtor. Contudo, antecedente a esse processo, o produtor deve ter em mente qual a finalidade de interesse, como por exemplo, se será um mapeamento da área, uma pulverização ou ainda um monitoramento de sua propriedade.
Custo e benefícios
O preço de um drone é variável devido às suas configurações, marcas e acessórios embutidos, por exemplo, um drone com capacidade de calda de 15 L pode custar entre R$ 80 mil a R$ 120 mil, levando em consideração o volume de aplicação e a autonomia de voo.
Algumas empresas brasileiras começaram a trabalhar com drones para atender as necessidades do mercado nacional, porém, os custos são dependentes do mercado internacional, já que os equipamentos são fabricados fora do País.
Apesar de exigir um alto investimento inicial para contratação deste serviço, os benefícios embutidos nesta compra abrangem todo o conhecimento agronômico de tecnologia de informação e geoprocessamento, levando precisão e confiabilidade nos resultados.
Em termos de produtividade
Os aumentos de produtividade com o uso dos drones estão ligados diretamente à eficiência do controle de pragas e doenças da heveicultura, como percevejo, mosca de renda, ácaro da seringueira, requeima, antracnose, oídio, mancha concêntrica e mancha de alternária.
Não há estudos científicos que comprovem o aumento de produtividade com o uso de drones na heveicultura, entretanto, devido à alta precisão dessa tecnologia, eles podem ajustar sua altura de voo e adequar a quantidade de calda aplicada conforme o relevo da área, o que representa, no caso de defensivos, uma economia de 30%.
Gargalos
Um dos gargalos que ocorre com o uso de drones está relacionado ao seu tempo e alcance de voo. Geralmente, cada bateria do drone suporta entre 20 a 60 minutos de voo, que, atrelado ao alcance de voo limitado, influencia na área de pulverização.
O voo em condições climáticas adversas também é outro tipo de erro que ocorre frequentemente – ventos fortes ou chuvas intensas podem interferir na capacidade de voo destes equipamentos, impossibilitando a realização da atividade desejada.
Outra desvantagem se refere ainda ao alto custo, tanto da aquisição de um drone quanto da contratação de empresas especializadas, se tornando ainda um entrave para adoção desta tecnologia. Isso se relaciona a um erro frequente, em que os produtores não realizam o cálculo de retorno financeiro deste investimento inicial.
A fim de contornar essas dificuldades, os produtores precisam ter uma visão ampla do sistema, projetando os benefícios a longo prazo. Além disso, é necessário conhecer a tecnologia a fim de otimizar seu serviço.