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Efeito da temperatura e do fotoperíodo no desenvolvimento do mofo preto da cebola

Leandro Luiz Marcuzzo

leandro.marcuzzo@ifc.edu.br

Jaqueline Cargnin Marques

Fitopatologista – Instituto Federal Catarinense – IFC/Campus Rio do Sul

Crédito-Leandro-Luiz-Marcuzzo
Crédito-Leandro-Luiz-Marcuzzo

Diversas doenças incidem sobre a cultura da cebola, entre elas o mofo preto, também chamado de carvão do bulbo ou falso-carvão, causado por Aspergillusniger van Tieghem, que tem sido comumente encontrado na pós-colheita da cultura.

A doença é uma das principais causas de depreciação comercial dos bulbos no Brasil, no qual a cebola acaba sendo comercializada sem película, já que o patógeno as deixa enegrecidas.

A doença se manifesta em variedades que possuem película mais fina, aliado ao processo inadequado de cura e de temperatura elevada durante o armazenamento. Várias espécies de Aspergillus incidem sobre o bulbo de cebola, no entanto A. niger é o mais frequentemente encontrado em pós-colheita no Brasil.

  1. niger não possui hospedeiro específico, podendo contaminar vários substratos ou causar doença em homens, animais e plantas, e tem sido encontrado no solo, sobre matéria orgânica em decomposição e patogênico, causando apodrecimento em frutas e hortaliças, podridão do hipocótilo do amendoim e podridão da haste de Dracena sp. (Wordell Filho et al. Manejo Fitossanitário na cultura da cebola, p.110-115, 2006).

Sintomas

Os bulbos apresentam uma tonalidade diferenciada na película decorrente do desenvolvimento interno do patógeno, no entanto, pode se desenvolver sobre a película em contato com outras cebolas doentes no armazenamento.

A película externa solta e se rompe facilmente e quando ela é removida verifica-se uma fuligem preta que são os esporos do fungo. Essa fuligem pode se desenvolver sobre a escama externa da cebola, mas não se desenvolve internamente ao bulbo.

O fungo não consegue penetrar diretamente na película mesmo quando há condições favoráveis de temperatura e umidade. A infecção ocorre pelo pescoço do bulbo nas cebolas inteiras ou através de ferimentos e/ou rompimento da película, e acaba se desenvolvendo abaixo da película externa.

Ele cresce com intensidade ao longo das nervuras das escamas. A variação de temperatura no armazenamento favorece a infecção, no entanto, nada descrito com detalhes.

 

Sintomas-de-mofo-preto-na-cebola-Crédito-Leandro-Luiz-Marcuzzo
Sintomas-de-mofo-preto-na-cebola-Crédito-Leandro-Luiz-Marcuzzo

Pesquisas

O conhecimento da biologia do patógeno é de grande importância para compreender o desenvolvimento da doença, bem como para tomar medidas de manejo da doença. Diante disso, esse trabalho teve como objetivo avaliar, em condições in vitro, a influência da temperatura e do fotoperíodo no crescimento micelial de A. niger.

A pesquisa foi realizada no Laboratório de Microbiologia e Fitopatologia do Instituto Federal Catarinense/Campus Rio do Sul com isolado identificado de A. niger, obtido de bulbo de cebola com sintoma da doença e multiplicado em placas de Petri contendo meio de cultura em BDA (batata-dextrose-ágar) por meio da coleta de conídios sobre o bulbo.

Discos de micélio com 03 mm de diâmetro foram removidos dessas placas e inoculados no centro de placas de Petri com 08 cm de diâmetro contendo meio de cultura BDA e incubados em câmera de germinação do tipo B.O.D. (Demanda Biológica de Oxigênio) a uma temperatura de 25°C e fotoperíodo de 12 horas durante sete dias para crescimento do micélio e obtenção do inóculo.

Após isso, discos de micélio desse crescimento foram transferidos para placas de Petri contendo meio de cultura BDA e incubados nas temperaturas de 10, 20, 30 e 40°C (±1°C) e fotoperíodo de 12 horas.

Avaliação

Diariamente era feita a avaliação do crescimento micelial com auxílio de um paquímetro nos diâmetros opostos, a fim de obter uma média do crescimento até o momento em que em um dos tratamentos o crescimento atingisse a proximidade das bordas das placas de Petri, o que ocorreu aos cinco dias de incubação.

A partir da obtenção da temperatura ótima de desenvolvimento, repetiu-se o ensaio seguindo a mesma metodologia de inoculação, incubando-se à temperatura de 30°C com fotoperíodos de 0, 6, 12, 18 e 24 horas, a fim de avaliar o fotoperíodo favorável ao desenvolvimento micelial.

Verificou-se que a temperatura influenciou no crescimento micelial, tendo apresentado melhor desenvolvimento entre as temperaturas de 20° e 30°C. Utilizando a equação gerada pela curva (y =-0,022x²+1,318x”11,12, R²=0,981) obteve-se a temperatura ideal de 30°C para o crescimento micelial de A. niger.

Temperaturas extremas não são favoráveis ao desenvolvimento micelial, pois a 10°C observou-se a inibição do crescimento micelial, enquanto que a 40°C apresentou o menor desenvolvimento (5,3 cm).

Essa matéria completa você encontra na edição de fevereiro 2018  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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