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Efeito de compostos da palhada de sorgo sobre a emergência de soja

Luís Fernando de Oliveira Gundim

Engenheiro agrônomo e consultor técnico

lfgundim@icloud.com

 

 Crédito Luís Fernando de Oliveira Gundim
Crédito Luís Fernando de Oliveira Gundim

O sorgo (Sorghum bicolor L.) consiste numa excelente alternativa como cultura de outono/inverno, pois tolera condições de deficiência hídrica, possui elevada capacidade de aproveitamento da água e conversão em biomassa seca, produzindo cobertura apropriada para o estabelecimento do sistema de semeadura direta no Cerrado.

Também se deve levar em consideração que a palha de sorgo apresenta alta relação C/N e, consequentemente, maior persistência no solo. Além das características relacionadas, o sorgo possibilita rotação e sucessão a outras culturas, destacando a cultura da soja na região central do Brasil (Peixoto et. al, 2002).

Entretanto, os resíduos de muitas espécies interferem no desenvolvimento de outras, como é o caso de observações realizadas em lavouras de soja cultivadas após o sorgo, as quais mostram efeito negativo no estabelecimento do estande de plantas e no desenvolvimento inicial. Há indícios de que o estabelecimento e o desenvolvimento inicial da soja vêm sendo prejudicados pelos compostos alelopáticos liberados pela decomposição da palha do sorgo, como tanino, alguns ácidos orgânicos e graxos, entre outros (Oliboneet. al, 2006).

Dessa forma, como a intensidade dos efeitos alelopáticos depende da concentração dos aleloquímicos, a sua ação é mais pronunciada. Além disso, a liberação pela cobertura morta é mais lenta, fazendo com que os efeitos perdurem por mais tempo (Almeida, 1991).

Pesquisa

Um estudo foi conduzido no campo experimental do Uniaraxá “Fausto de Ávila“, no município de Araxá, região do Alto Paranaíba, em Minas Gerais, no período junho a agosto de 2017. O plantio foi feito em uma área de 06 x 04 metros e cinco repetições para cada tratamento, para avaliar a emergência da semente de soja.

Tratamento:

  • T0 testemunha, plantio com nenhuma palhada de sorgo.
  • T1, plantio com 0,5 kg/m2 de palhada de sorgo.
  • T2, plantio com 1,0 kg/m2 de palhada de sorgo.
  • T3, plantio com 2,0 kg/m2 de palhada de sorgo.
Crédito Ana Maria Diniz
Crédito Ana Maria Diniz

Após colocada a palhada de sorgo por toda área nas suas seguintes proporções, esta foi deixada sobre a área por um período de 10 dias para iniciar a decomposição, até iniciar o plantio. Após 10 dias o plantio foi feito com 200 sementes por m².

Após seis dias de plantio iniciou-se a emergência e foram feitas avaliações com nove, 12 e 18 dias.

Foi realizada a seguinte avaliação:

ü Emergência da soja com diferentes volumes de palhada de sorgo, após a germinação total das plantas.

ü As plantas avaliadas foram contadas em parcelas de 1,0 m2.

ü Para a contagem das plantas emergidas foi utilizado um quadro de 50 x 50 cm.

Resultados e discussão

O experimento buscou avaliar se a palhada de sorgo influencia na emergência da cultura da soja, e mostrou diferença significativa segundo o teste de Tukey a 5% de probabilidade. Os tratamentos03 e 04 tiveram maior porcentagem de sementes germinadas, enquanto os tratamentos 01 e 02 foram estatisticamente inferiores.

Os mesmos resultados foram obtidos por Nóbrega et al., (2009), que relata que a palhada de sorgo sobre o solo apresenta influência na germinação da cultura da soja, dependendo do volume de palhada presente.

Este resultado também concorda com os resultados obtidos por Ferreira et al., (2000), em que os melhores resultados de germinação foram obtidos em maior volume de palhada de sorgo sobre o solo, o que, segundo o autor, se deve ao fato de que o maior volume de palhada concentra uma maior umidade no solo.

Tabela 1. Média da emergência de semente de soja em diferentes volumes de palhada de sorgo (%) na primeira avaliação (Araxá (MG), 2017)

Tratamento Médias
Trat. 4 73,2 a*
Trat. 3 71,2 a
Trat. 2 66,4 b
Trat. 1 64,8 b
CV (%) = 2,88%  

*Médias seguidas de letras diferentes diferem entre si significativamente pelo teste de Tukey a 5% de significância.

Para os resultados apresentados na tabela anterior, em que foi realizada a segunda avaliação em relação à velocidade de emergência da cultura da soja, os dados se apresentaram diferentes, sendo que os tratamentos 3 (10 ton/ha), 4 (20 ton/ha), e 2 (5 ton/ha) obtiveram melhores resultados em relação ao tratamento 1 (0 ton/ha).

Estes resultados concordam com Faria, (2009), em que os melhores resultados em relação à emergência numericamente se apresentaram quando as sementes foram semeadas em maior volume de palhada.

Tabela 2. Média da emergência de semente de soja em diferentes volumes de palhada de sorgo (%) na segunda avaliação (Araxá (MG), 2017)

Tratamento Médias
Trat. 3 90,2 a
Trat. 4 89,6 a
Trat. 2 88,0 a
Trat. 1 84,8 b
CV (%) = 4,36%  

Médias seguidas de letras diferentes diferem entre si significativamente pelo teste de Tukey a 5% de significância.

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro 2018 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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