Especialista afirma que além do clima, o custo dos insumos e volume da safra foram decisivos. Novo aumento está previsto para setembro
Como em toda cadeia produtiva, o consumidor final passou a sentir no bolso o aumento de uma das bebidas mais populares do Brasil, o café. Em 26 de julho, o preço do café arábica – de maior qualidade, por exemplo, subiu 10%, o que ocorreu sobre a alta de 20% da semana anterior, atingindo seu maior valor em 7 anos. Esse é o resultado das fortes geadas do final de julho, que comprometeram fortemente as plantações. Além disso, as exportações do produto aumentaram, o que culmina em menor oferta no mercado interno, como informa a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic).
Douglas Duek, economista e CEO da Quist Investimentos – empresa do setor de reestruturação de empresas, com forte atuação no agronegócio, explica que 70% da produção atual é direcionada a outros países. “A condição climática – de uma seca prolongada, com geadas no final – somada a fatores econômicos, resulta em aumento direto para o consumidor”, relata. Ainda segundo o especialista, existem outras previsões. Em setembro, por exemplo, o aumento total pode ficar entre 35% e 40%, o maior acréscimo em 25 anos.
As geadas de julho também representam risco para as próximas safras, o que pode manter os preços elevados no supermercado. Duek aponta como outro fator preponderante, o encarecimento da matéria-prima, que também tende a ficar mais escassa. “Será uma readaptação do consumidor, que já lida com outros aumentos e precisará se ajustar para mais um, que diz respeito a algo muito presente na mesa de todo brasileiro”, completa.
Outra consequência a longo prazo, apontada pelo especialista, é o acúmulo de dívidas por parte do produtor, que pode acontecer em função de todos esses eventos. Ele comenta que “todos esses fatores, somado às dívidas passadas, pode ser um grande problema, como já vimos em vários casos. Uma solução pode ser a renegociação de débitos dessa empresa ou produtor agro, por meio da solicitação de uma recuperação judicial”.
EXPORTAÇÕES
Na temporada de 2020 e 2021, o Brasil registrou um novo recorde de exportação. Foram 45,6 milhões de sacas exportadas, contra 41,426 milhões de sacas em 2018/2019, uma elevação de 10,1%. Entre os principais países que receberam o produto brasileiro estão os Estados Unidos, Alemanha, Bélgica, Itália e Japão.