A inflação de alimentos vem cedendo nos últimos meses, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador que é a inflação oficial do Brasil, divulgado pelo IBGE. Em agosto, o grupo de Alimentação e bebidas apresentou queda pelo terceiro mês consecutivo, com redução de 0,85%. A mesma tendência foi verificada num levantamento da Emater-MG junto a CeasaMinas dos preços no atacado de algumas das principais hortaliças, praticados nos meses de julho e agosto.
De acordo com a pesquisa, a maior queda foi no preço da alface, cujo preço médio do quilo baixou de R$6,14 em julho para R$4,38 em agosto (redução de 40,1%). A batata (-22,3%), o repolho (-26,9%) e a cenoura (-22,2%) também tiveram fortes baixas. Já no caso do tomate longa vida, o valor médio do quilo caiu 14,7%, passando de R$3,97 para R$3,46. “No caso da batata, houve um aumento da oferta nas praças atacadistas do produto de um mês para o outro, saindo de 14.845 toneladas em julho para 16.606 em agosto, de acordo com a CeasaMinas no entreposto de Contagem. O mesmo ocorreu com o tomate de mesa, cuja oferta subiu de 7.641 toneladas em julho para 8.222 toneladas, em agosto. A maior oferta nas praças atacadistas levou os preços destes produtos a caírem no período”, analisa o coordenador técnico de Olericultura da Emater-MG, Georgeton Soares.
Efeitos da inflação
No entanto, o levantamento também constatou um aumento de preços em alguns produtos como a abobrinha italiana (+6,6%) e a cebola (+5,1%). A pesquisa revelou ainda que numa comparação anual – preços praticados nos meses de julho e agosto de 2022 comparados com julho e agosto de 2023 – a alta provocada pela inflação nas cotações permanece bastante significativa. Apesar das quedas recentes, o preço médio do tomate, por exemplo, está 54,10% mais caro (média de julho e agosto de 2023), que o valor médio praticado nos meses de julho e agosto do ano passado.
O mesmo ocorreu com a cenoura, que apresentou um preço médio em julho e agosto de 2023, 51,6% superior ao preço médio observado nos mesmos meses de 2022. “Então apesar das quedas recentes, o preço das hortaliças no atacado, na média, estão maiores que no ano passado. Em 2022, houve uma disparada nos custos de produção, devido à forte alta nos preços dos fertilizantes com a guerra na Ucrânia. Agora essas despesas caíram um pouco, mas a situação pode ter afetado o escalonamento de plantio das hortaliças, em 2023”, argumenta Georgeton.
Desafios
Na opinião do coordenador da Emater-MG, a manutenção dos preços das hortaliças em patamares mais altos, no comparativo de 2022 para 2023, pode ser um dos fatores que prejudicaram a aquisição desses alimentos por parte da população. “Acreditamos que possa ter havido uma queda no poder aquisitivo das pessoas. Isso gera uma substituição dos alimentos, ou seja, a troca por outro mais barato. Infelizmente, o brasileiro ainda tem por hábito alimentar fazer um baixo consumo de hortaliças e, quando os preços sobem, muita gente simplesmente deixa de consumir esses produtos”, lamenta o coordenador da Emater-MG.
Atualmente, as preocupações dos produtores se voltam para as questões climáticas. As previsões meteorológicas da chegada de um super El Niño (fenômeno de alterações significativas na temperatura da superfície da água do Oceano Pacífico) pode provocar chuvas fortes e grandes ondas de calor nos próximos meses. “Temos que aguardar para ver quais serão os impactos do fenômeno. Geralmente, o final do ano e início do ano seguinte é uma época ruim para a produção de hortaliças, devido à incidência maior de chuvas. A questão fitossanitária fica mais complicada, pois as hortaliças geralmente são plantadas em campo aberto. Mas ainda é cedo para avaliar quais serão os efeitos do El Niño em termos da produção de hortaliças”, explica o coordenador da Emater-MG.