Minas Gerais é o maior produtor de morangos do País, com mais de 2,93 mil hectares plantados e produção esperada de 167 mil toneladas em 2022. Apesar de todo esse potencial, os produtores enfrentam o desafio de importar a maior parte das mudas que são plantadas a cada ano, o que aumenta os custos e reduz as margens de lucro. Esse é um problema comum às principais regiões produtoras do País. Para superar esse e outros gargalos da cadeia produtiva, instituições de pesquisa, assistência técnica e extensão rural de Minas e outros quatro Estados (São Paulo, Espírito Santo, Paraná e Santa Catarina), se uniram para criar a Rede Morangos do Brasil.
Lançada oficialmente nesta terça-feira (29 de março), em evento virtual transmitido pela plataforma de vídeos Youtube, o projeto tem como objetivos aumentar a produtividade e a renda dos produtores. Serão implementadas pesquisas para desenvolver o melhoramento genético do morango, a tecnologia para produção de mudas, além de aprimorar a nutrição das plantas, o controle de pragas e doenças e os processos de pós-colheita e comercialização.
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado (Epamig), ambas vinculadas à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, são as representantes do Governo de Minas na Rede. De acordo com o coordenador técnico estadual de Fruticultura da Emater-MG, Deny Sanábio, a compra de mudas representa mais de 60% do custo de produção dos agricultores. “Nós temos uma dependência muito grande de mudas do exterior, que são importadas do Chile, da Argentina e da Espanha. O investimento em pesquisas poderá gerar novas variedades para estimular a produção de mudas de qualidade e reduzir parcialmente ou até totalmente, quem sabe no futuro, essa dependência das mudas importadas”, afirma.
Deny Sanábio, da Emater-MG, cita como uma das ações que podem ser desenvolvidas pela Rede um projeto coordenado pelo pesquisador da Epamig Mário Sérgio Carvalho Dias, que prevê a multiplicação de material genético no laboratório de biotecnologia da Epamig Norte (em Nova Porteirinha), a partir de híbridos nacionais de morangueiros selecionados em programas de melhoramento da Epamig, da Universidade Estadual de Londrina e do Instituto Agronômico de Campinas.
Mário Sérgio explica que a pesquisa inclui as principais viroses que afetam as plantas e são transmitidas por mudas. Em uma etapa posterior, dessas plantas híbridas melhoradas serão multiplicadas, e as mudas serão cultivadas em 13 Unidades de Demonstração e Observação (UDO), implantadas nas principais regiões produtoras de Minas Gerais. Com o acompanhamento das plantas em campo, serão avaliadas a produtividade das novas cultivares e as características dos frutos. “Os resultados dessa pesquisa poderá resultar em cultivares com elevado potencial produtivo e mais acessíveis para os produtores do que as importadas”, afirma o pesquisador da Epamig.
As unidades demonstrativas serão implantadas nos seguintes municípios: Pouso Alegre, Bom Repouso, Estiva, Senador Amaral, Bueno Brandão, Munhoz e Espírito Santo do Dourado (Sul de Minas); Alfredo de Vasconcelos e Ressaquinha (Campo das Vertentes); Datas (Alto Jequitinhonha); Nova Porteirinha e Montes Claros (Norte) e Prudente de Moraes (Centro-oeste).
O coordenador de Fruticultura da Emater-MG, Deny Sanábio, acrescenta que, além do potencial produtivo e da qualidade das mudas, é importante também avaliar aspectos como a aparência e o tamanho dos frutos, além do aroma e do sabor. “São questões importantes, para atender às exigências dos consumidores, que querem um morango bonito e saboroso.” De acordo com o engenheiro agrônomo, a união de diversas instituições na Rede Morangos do Brasil vai ampliar o conhecimento sobre a cultura, com benefícios para produtores e consumidores.
Em Minas Gerais, 8.731 agricultores familiares e 296 agricultores não familiares se ocupam da produção comercial do morango, em 59 municípios. Deny Sanábio ressalta que a agricultura familiar é responsável por 92% da produção, em propriedades de cerca de meio hectare. “É uma atividade rentável, considerando o retorno financeiro por área utilizada”, destaca o coordenador técnico.