Letícia Silva Pereira Basílio – Doutoranda em Agronomia/Horticultura – UNESP – leticia.ufla@hotmail.com
Anna Carolina Abreu Francisco e Silva – annacabreufs@gmail.com
Igor Botega Junqueira – igorbotega@gmail.com
Graduandos em Agronomia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
As uvas são frutos considerados não climatéricos, ou seja, não amadurecem após serem colhidos. Porém, apresentam baixas taxas de respiração e, quando armazenadas em condições ideais, de temperatura e umidade, podem apresentar uma vida de prateleira relativamente longa.
A qualidade dos frutos é um fator de grande importância, visto que a exigência do mercado é cada vez mais alta. O termo qualidade se refere ao grau de excelência de um produto, que engloba propriedades sensoriais (aparência, textura, sabor e aroma), químicas, mecânicas e funcionais, além de valor nutritivo.
Mesmo com um manejo de excelência em campo, a qualidade de frutos pode ser comprometida com ações no manejo pós-colheita e por danos mecânicos.
Os danos mecânicos são as principais causas de perdas na pós-colheita de frutas e hortaliças, podendo provocar uma série de alterações metabólicas e fisiológicas. Esses danos podem ser ocasionados por impacto, compressão e vibração.
Apesar dos diversos avanços tecnológicos na produção, as perdas ocorridas na pós-colheita podem ser entre 20 a 95%, acarretando grandes prejuízos aos produtores. Na viticultura, a ocorrência de podridões, a perda de massa e a degrana das bagas de uva são responsáveis pela grande quantidade de perdas pós-colheita.
Proteção
Embalagem é tudo que possa acondicionar o alimento que exerça funções de proteção contra contaminação e perdas, facilite o transporte e a distribuição, identifique o fabricante e o padrão de qualidade, atraindo com isso a atenção do consumidor.
A uva é a terceira fruta na pauta de exportações do Brasil, atrás somente da manga e do melão e, para garantir o sucesso dessas transições, é necessário o embalamento adequado.
As embalagens estão diretamente relacionadas ao transporte, venda, apresentação, armazenamento e custos das frutas, desta forma, a escolha de embalagens adequadas, além de auxiliar na diminuição dos índices de perdas pós-colheita, também proporcionam consequências diretas e de forma positiva nos demais fatores.
Opções
As embalagens de frutas frescas podem ser classificadas por seu tipo de material (madeira, plástico, papelão ondulado, EPS e sacaria) e pelo sistema de utilização (reutilizável, retornável e/ou reciclável).
A uva pode ser embalada de diversas formas. As caixas utilizadas na embalagem podem ser de diferentes tipos e dimensões, e a definição depende do mercado de destino. Tradicionalmente, a uva pode ser embalada em caixas de madeira fechadas de 2,0 ou 6,0 kg descartáveis, forradas com papel manteiga; em caixas plásticas abertas de 8,0 kg, retornáveis, forradas com papel manteiga; ou ainda em caixas de papelão descartáveis, com saquinhos de papel, de plástico ou com ‘cumbuca plástica’.
As caixas de papelão de até 5,0 kg são as mais utilizadas atualmente, tendo o preço em torno de R$ 0,80 a unidade.
Os cachos podem ser embalados individualmente em sacos de papel ou de plástico. Para o mercado internacional, utilizam-se caixas de papelão ondulado. A disposição dos cachos nas caixas deve ser feita com bastante cuidado, nunca ultrapassando o limite superior, para evitar estragos e danos aos cachos.
Tendência
Embalagens voltadas para a sustentabilidade são uma tendência, não só no embalamento de uvas, mas de frutas e hortaliças no geral. Pesquisas que utilizam nanotecnologia biodegradável são cada vez mais promissoras, pois esse tipo de material confere maior degradabilidade (capacidade de se decompor na natureza) às embalagens e redução de impacto ambiental estimada entre 10 a 30%.
Outro tipo são as chamadas embalagens ativas. Estas possuem substâncias capazes de interagir com o alimento para prolongar sua vida de prateleira. Já as embalagens inteligentes, outra opção, têm mecanismos que possibilitam detectar processos de deterioração, oscilações de temperatura sofridas no armazenamento ou até indicar, pela mudança da cor, se uma fruta está madura para o consumo.
Outras tecnologias em estudo é a aplicação de óleo essencial de capim-limão (Cymbopogon citratus). A atmosfera modificada passiva e ativa também vêm sendo estudadas como forma de melhorar a vida de prateleira de uvas, sendo técnicas que podem ser aplicadas em embalagens diversas.
Além dessas alternativas, vários biopolímeros, como amido, pectina, carragena, alginato, quitosana e goma xantana têm sido amplamente usados para criar filmes comestíveis e revestimentos de alimentos. Alguns trabalhos usando cera de abelha e quitosana como bio-revestimento em uvas de mesa trouxeram bons resultados.