Entre terça-feira, 17, e quinta, 19, profissionais do Paraná serão capacitados pela Epagri em Sistema de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH). O curso, promovido pela Epagri em parceria com o IDR Paraná, acontece em União da Vitória, no campus do Instituto Federal do Paraná (IFPR), entre 8h e 17h. São esperadas 80 pessoas, entre técnicos de órgãos públicos e privados como Embrapa, IFPR, Casas Familiares Rurais, Senar, Secretaria Estadual de Agricultura do Paraná, além de agricultores convidados e profissionais da Epagri.
“Nosso grande foco é a produção limpa de alimentos, saindo do convencional para o orgânico, e esse caminho tem que passar pelo SPDH”, justifica Edson Osvaldo Corrêa, extensionista e líder de olericultura da Epagri no Planalto Norte catarinense. Difundido como uma transição da agricultura convencional para a agroecológica, o sistema permite reduzir o uso de agrotóxicos e adubos, até eliminá-los dos cultivos. O segredo é promover a saúde da lavoura com práticas voltadas para o conforto das plantas. As pesquisas da Epagri na área iniciaram em 1998 e, hoje, o sistema é utilizado em cerca de 4 mil hectares em Santa Catarina.
Programação
As negociações para realização do curso iniciaram há dois anos, mas a pandemia atrasou a efetivação da programação, explica Edson. Entre os temas a serem abordados estão a planta como centro do agroecosistema – promovendo saúde em plantas, iniciando o SPDH, contexto e perspectiva da agricultura familiar, entre outros. Os ministrantes são três profissionais da Epagri e dois do IDR Paraná.
Além de divulgar o SPDH para o Paraná, Edson destaca o “fim” da fronteira entre os dois estados como um dos aspectos mais importantes do evento. “Esta interação é muito positiva para ambas as empresas, trabalhamos com um público que é um só”, ressalta. O extensionista também está realizado o mesmo trabalho de integração entre as empresas em Mafra, cidade catarinense que faz divisa com o município paranaense de Rio Negro.
O extensionista da Epagri lembra que no Planalto Norte de Santa Catarina praticamente todos os municípios têm experiência exitosas em SPDH, e a adesão à tecnologia vem aumentando. “Estamos desconstruído tudo o que há muito tempo foi construído (em relação à agricultura convencional)”, justifica.
Sobre o SPDH
O sistema prevê uma série de práticas conservacionistas. A principal é a proteção permanente do solo com palhada, utilizando plantas de cobertura para formar biomassa. Além dessas plantas, conhecidas como adubos verdes, são mantidos na área de plantio os restos vegetais de culturas anteriores. Cada hectare de horta precisa de, pelo menos, 10 toneladas de palha por ano. O revolvimento do solo é restrito à linha de plantio e, nessa área, o olericultor deve praticar rotação de culturas.
Além de proteger o solo, as plantas de cobertura servem de alimento para macro e microrganismos, aumentam a concentração de matéria orgânica, reduzem o surgimento de plantas espontâneas e mantêm a umidade e a temperatura mais estáveis. Com a rotação de várias espécies, há redução nos problemas fitossanitários, aumento na biodiversidade e na ciclagem de nutrientes, mantendo e melhorando a fertilidade do solo.
Reduzindo o uso de adubos e agrotóxicos, o agricultor gasta, em média, 50% menos para produzir hortaliças em SPDH. A melhoria na qualidade e na uniformidade das plantas permite reduzir em 35% as perdas na colheita. Além disso, as taxas de infiltração de água no solo chegam a ser três vezes maiores que no sistema convencional – a redução média no uso de água para irrigação é de 80%.