O arroz de terras altas tem se apresentado com uma opção cada vez mais viável, sustentável e rentável para pequenos produtores mineiros que buscam aumento de renda e diversificação de suas produções. Com o objetivo de estimular e expandir o interesse por essa cultura no estado, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) e o grupo de pesquisa “Melhor Arroz”, da Universidade Federal de Lavras (UFLA), realizam, na quarta-feira (8), no município de Lavras (MG), o 1º Encontro Tecnológico de Arroz de Terras Altas. Presencial e gratuito, o evento ocorre a partir das 8h, na Fazenda Muquém, e oferecerá apresentações de pesquisadores e professores abordando o arroz de terras altas em seus diversos aspectos, tecnologias, produtos, cuidados de manejo e mais.
Cultivado em regiões favorecidas pelo regime de chuvas, ou sob sistema de irrigação, o arroz de terras altas, ou de sequeiro, tem seu modo de manejo diferente daquele do arroz irrigado, que é produzido sob inundação controlada ou em várzeas. Além de carecer de um manejo com grandes áreas inundadas, o arroz irrigado ocasiona um grave problema ambiental, que é a emissão do gás metano, o qual oferece riscos à saúde humana e contribui para o aquecimento global.
“O arroz de terras altas não tem esse problema, por ser um cultivo mais sustentável. Então, mesmo sendo uma cultura considerada de alto risco, se apresenta como uma alternativa muito rentável para aqueles que querem ingressar na cultura do arroz”, explica a pesquisadora da EPAMIG Sul, e uma das organizadoras do evento, Janine Guedes. Ela vai conduzir a apresentação “Produtos oriundos do arroz”, na qual pretende abordar as características nutricionais do alimento e sua grande versatilidade para o mercado.
Segundo a pesquisadora da EPAMIG, nos últimos dois anos, a Empresa viu um aumento significativo na procura de pequenos produtores locais por sementes e tecnologias sobre arrozes de terras altas. Isso se deu graças à alta dos preços do produto nos mercados de todo o país, além da busca pelo alimento por parte de programas governamentais voltados para a agricultura familiar local, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
“O melhoramento genético tem permitido que o arroz de terras altas alcance níveis elevados de produtividade, quando o manejo é feito de maneira correta, com resultados inclusive semelhantes aos do arroz irrigado. Por isso, sua área de produção tem aumentado recentemente e acredito que a tendência é que siga crescendo cada vez mais”, salienta Janine Guedes.
Arrozes especiais e receitas inusitadas
Há mais de 30 anos, a EPAMIG participa do Programa de Melhoramento de Arroz de Terras Altas, em convênio com a UFLA e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Por meio dessa parceria, a EPAMIG já lançou 18 cultivares de arroz de terras altas no mercado. Além disso, pesquisadores têm desenvolvido novos experimentos com esse manejo em arrozes especiais, como o vermelho, negro, moti (“japonês”), aromático, arbóreo, entre outros, que possuem forte apelo comercial para nichos como a alta gastronomia e o seguimento fitness.
Em sua apresentação “Tipos especiais de arroz para agricultura familiar”, a pesquisadora da EPAMIG Sul, Aurinelza Condé, vai abordar esses tipos especiais, além de duas cultivares que se adaptaram bem às condições de cultivo em terras altas no Sul do estado: uma arbórea (IAC300) e uma aromática (variedade Crioula, que foi resgatada após ser encontrada na produção de um agricultor local). “Esses dois materiais foram o grande destaque das pesquisas e se desenvolveram muito bem aqui na região, a nível de poderem competir com cultivares tradicionais de arroz branco presentes nos mercados”, ressalta Aurinelza Condé.
Ao final do evento, ocorrerá uma degustação de receitas exclusivamente preparadas por integrantes do grupo “Melhor Arroz”, dentre elas bombons de arroz (uma trufa), bolos de arroz, porções de arroz negro, arroz doce e mais.
As inscrições serão feitas no próprio local do evento e haverá certificado de participação para aqueles que se interessarem. Mais informações pelo telefone (35) 3829-1190 ou pelo e-mail janine.guedes@epamig.br.