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Ivonete Fátima Tazzo
Doutora e pesquisadora da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Sul (FEPAGRO)
ivonete-tazzo@fepagro.rs.gov.br
Elis Borcioni
Doutora e professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) ” Campus Curitibanos
Embora a tecnologia empregada em cultivos de olerícolas tenha melhorado consideravelmente nos últimos anos, tanto no plantio a campo como em cultivo protegido, a ocorrência de doenças, entre elas o oÃdio, permanece como um grave problema.
A ocorrência de tal doença tornou-se um sério entrave nas culturas de pimentão, tomate e pepino, devido à presença de um microclima favorável ao fungo, ao cultivo intenso destas culturas e ao sistema de irrigação adotado, que na maioria das vezes é realizado por gotejamento, o que impede o contato de água livre sobre as folhas e a redução da intensidade da doença.
A doença é causada por espécies de dois gêneros fúngicos: Oidium e Oidiopsis, porém, o primeiro ocorre mais frequentemente, pois envolve um grande número de espécies. Esse gênero tem distribuição generalizada no Brasil, e ocorre mais nas regiões e ou na estação do ano quente e seca.
Danos
O oÃdio vem causando danos em espécies olerícolas, frutÃferas, ornamentais, entre outras. Tem sido constatado o aumento gradual de danos irreparáveis, nas folhas, nas flores, e nos frutos, comprometendo o valor comercial dos produtos.
As perdas são significativas, podendo chegar a 50% da produção de tomate em lavouras em cultivo protegido e irrigação por gotejamento, principalmente quando o controle não é realizado rapidamente.
Disseminação
Os oÃdios são fungos parasitas obrigatórios que dependem do hospedeiro vivo para seu crescimento e reprodução. Os patógenos deste grupoapresentam uma forma bastante evoluÃda de parasitismo, pois exploram seus hospedeiros de maneira sutil, podendo conviver com os mesmos durante todo o ciclo de vida, sem levá-los à morte.
O fungo adapta-se constantemente ao hospedeiro, tendo alta especificação na relação patógeno-hospedeiro. Isso é visÃvel, pois existem formas especiais e raças fisiológicas dos patógenos capazes de atacar determinadas espécies de plantas e variedades de uma mesma espécie vegetal.
O aparecimento e o desenvolvimento de uma doença em plantas são resultantes da interação entre um hospedeiro suscetÃvel, um agente patogênico e fatores de ambiente favoráveis. De forma geral, o ambiente pode influenciar o crescimento do oÃdio, a suscetibilidade da planta hospedeira, a multiplicação, a disseminação, a sobrevivência e as atividades do patógeno, assim como a interação entre a planta hospedeira e o patógeno.
O oÃdio desenvolve-se mais rapidamente em condições favoráveis, que incluem alta densidade de plantas e umidade relativa do ar, períodos secos e baixa intensidade luminosa.
A alta umidade relativa do ar é favorável para a infecção e a sobrevivência dos conÃdios, porém, em alguns casos a infecção pode ocorrer em condições de umidade abaixo de 50%.
Seca x oÃdio
Condições secas favorecem a colonização, a esporulação e a dispersão. A incidência do patógeno é mais frequente na época de estiagem prolongada. Condições, principalmente, de ausência de água sobre as folhas, temperaturas mais elevadas e sombreamento, tÃpicas do ambiente da estufa, favorecem o desenvolvimento do fungo.
A disseminação do patógeno é essencialmente realizada pelo vento, respingo de chuvas e no contato entre plantas infectadas. Além disso, nas estufas o sistema de irrigação comumente utilizado é por gotejamento, favorecendo a ausência de molhamento foliar favorável ao desenvolvimento da doença.
Em campo aberto, é parcialmente controlada pelas gotas de chuva ou irrigação por aspersão, que desalojam os esporos, reduzindo assim a intensidade da doença.
Sintomas
Os sintomas mais comuns são presença de uma eflorescência branca, pulverulenta, que pode recobrir folhas, ramos novos, gemas, flores e frutos. As lesões verde-claras a amarelo intenso podem surgir na página inferior ou superior das folhas.
No centro destas lesões podem aparecer pontos necróticos formando, às vezes, anéis concêntricos. Em ataques severos, a doença pode causar retorcimento, queda de folhas, flores e frutos, morte de ramos novos, subdesenvolvimento e deformação de frutos jovens, reduzindo assim o ciclo vegetativo, a qualidade dos frutos e a produtividade.