Autores
Talis Melo Claudino – Engenheiro agrônomo e mestrando em Agronomia – UNESP/FCA Botucatu – t.claudino@unesp.br
Rodrigo Ferrari Contin – Engenheiro agrônomo e mestrando em Agronomia – UENP – campus de Bandeirantes
Conhecida como a “queridinha dos veganos”, a couve-flor é classificada como um vegetal de extrema importância, já que é consumida, em grande parte das vezes, para substituir alimentos como o arroz, massa de pizza e até o pão, por ser um vegetal de grande valor nutritivo e baixas calorias.
Cada vez mais se ouve falar de saúde e do quanto é importante levar uma vida saudável. As pessoas passam a adotar dietas sem glúten, reduzindo o consumo de carboidratos e favorecendo os legumes, hortaliças e verduras. Seu consumo passa desde pessoas que buscam uma melhor alimentação, vegetarianos, até a dieta do paleolítico, abrangendo grande parte da população, não tendo restrições em seu consumo.
Panorama nacional
Esta olerícola é produzida comercialmente em diversos locais do País, sendo o Estado de São Paulo o maior produtor (23% da nacional), nas cidades de Ibiúna, Porto Feliz, Itatiba, Jarinú e Sorocaba. Também é produzida no Paraná, em São José dos Pinhais, Colombo e Londrina, assim como no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e na região nordeste, tendo a Bahia em destaque.
A última estimativa realizada pelo IBGE demonstrou que 14.117 estabelecimentos comerciais realizavam a comercialização da “queridinha dos veganos”, e seu volume de produção foi estimado em mais de 141 mil toneladas. No Brasil, a produtividade média se encontra em 20 toneladas por hectare, ocupando 7.090 hectares de cultivo em solo brasileiro.
Assim como grande parte doas hortaliças, a couve-flor tem seus preços regulados pela oferta e demanda na CEAGESP, fato este que se deve à sazonalidade da produção. É observado que a oferta tem sua alta entre os meses de maio a outubro, e assim, a entressafra que se estende de janeiro a abril apresenta os maiores valores de compra e venda do ano.
Propagação
Os consumidores são atraídos por esse vegetal devido ao seu sabor e versatilidade, podendo ser consumido em pratos quentes ou frios.
Contudo, para a produção e utilização desta hortaliça deve-se salientar a importância da implantação dela, visto que sua propagação ocorre da forma sexuada, ou seja, sua multiplicação acontece por meio da utilização das sementes.
Sendo assim, para um bom cultivo, inicialmente é necessário que as sementes adquiridas pelo produtor apresentem altas qualidades física, fisiológica e sanitária. Para isto, o produtor deve realizar a compra de suas sementes com empresas certificadas e fiscalizadas pelo Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem). Uma semente com boa germinação, vigor e sadia responde diretamente com resultados de colheita e a rentabilidade ao produtor rural.
Opções
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Atualmente, 261 variedades de couve-flor estão registradas no Renasem, atendendo diversos segmentos específicos de mercado, possibilitando que o produtor escolha a variedade e a semente que serão semeadas, de acordo com a destinação do seu produto final, que abrange desde o mercado comum até a comercialização de mini-hortaliças que apresentam crescimento do mercado.
As cultivares são separadas em dois grupos: cultivo de inverno e cultivo de verão. Desta forma, o produtor deve se atentar ao mercado que pretende atender e época do ano para produção, para só então tomar a decisão de qual cultivar ou híbrido utilizar.
Lembrando que algumas cultivares, após o melhoramento genético, apresentam características de resistência a extremos de temperaturas de cultivo, aproveitamento de nutrientes do solo e diferentes caracterizações de inflorescências, podendo, portanto, atender todo o mercado consumidor.
Não erre!
Visto todos os aspectos requisitados pelo produtor, a escolha da semente tem grande importância, já que, segundo levantamentos de produção da Emater no Distrito Federal, o custo com as sementes representa somente 18,38% do total investido na produção da couve-flor.
Com investimento tão alto em um insumo que determina a produção, o produtor não pode cometer erros adquirindo sementes piratas, de baixa qualidade física, fisiológica ou sanitária, assim como o erro da cultivar semeada.
Manejo certo
O manejo para sua produção deve começar com a escolha da cultivar. A cultura possui exigências termoclimáticas e se divide em três grupos, sendo eles: precoces de verão, frio moderado e exigentes em frio.
Os agricultores que não se atentarem às características dos materiais escolhidos correm o risco de não obter sucesso. Assim, é necessário avaliar a época de plantio e relacionar estreitamente com as características da cultivar escolhida.
Mudas
Seguindo pela formação das mudas, assim como outras hortaliças, a couve-flor tem suas mudas produzidas em bandejas, que crescem em substratos ricos em nutrientes, tornando-se plântulas fortes e vigorosas.
Ao serem levadas para o canteiro, as plantas devem ter espaçamentos generosos, por serem grandes, ficando então por volta de 80 cm entre ruas e 50 cm entre plantas. Assim, a densidade de plantas não passa de 20 ou 25 mil unidades por hectare.
Local de plantio
O local de produção deve ter solos drenados, estercados, adubados e profundos, o solo não pode ser ácido e deve ter grande disponibilidade de nutrientes. O preparo de solo deve ser embasado na análise de solo, deve ser realizada a correção e deixar o mesmo bem nivelado para que possa ocorrer a formação dos canteiros.
Esse vegetal é a olerícola mais exigente em cálcio, sendo assim, a calagem é uma prática indispensável – o pH do solo deve estar de 6,0 a 6,8 e a saturação de bases a 85%.
O solo também deve conter matéria orgânica. Além de seus inúmeros benefícios essa tem grande importância para que as raízes cheguem a um metro de profundidade. O esterco (adubação orgânica) libera para as plantas nitrogênio e micronutrientes. Fugindo um pouco das outras hortaliças, a couve-flor responde de maneira significativa a doses grandes de esterco.
Adubação
Na adubação química, os produtores buscam couves-flores grandes e de maiores pesos por cabeça, então a adubação é de extrema importância. Coberturas de nitrogênio são práticas que precisam ser realizadas. O manejo de água é muito importante, principalmente nos 2/3 iniciais da cultura, qualquer falta de água nesse período pode comprometer a produtividade.
Colheita
O ponto de colheita é extremamente importante, pois cada mercado exige tamanho de cabeças diferentes, lembrando que o ponto de colheita determina a qualidade do produto. Os consumidores mais exigentes buscam e valorizam cabeças de cor branca, bem claras. Para isso, os produtores usam uma técnica que consiste em fechar as folhas externas das plantas com auxílio de elásticos.
Custos
Os custos de produção da couve-flor em um sistema onde é realizada a irrigação pelo sistema de gotejamento varia em aproximadamente R$ 0,96 a R$ 1,04 por planta, segundo levantamentos do Emater-DF.
O insumo que apresenta maior custo são as sementes, ocupando 18,38% do valor total de instalação, seguido pelos tratos com fertilizante e mulching. Os preços variam sazonalmente, mas, atualmente, a unidade de couve-flor se encontra na Ceagesp (Franca) ao valor de R$ 3,75, apresentando ao produtor rentabilidade de até R$ 2,79 por unidade, ou seja, aproximadamente 75% do seu valor inicial de investimento. Tais motivos demonstram a rentabilidade e sustentabilidade do mercado de couve-flor brasileiro.
– ÁREA PLANTADA: 7.090 hectares
– PRODUTIVIDADE: 20 Toneladas por hectare
– MAIOR PRODUTOR: São Paulo
– 261 variedades de couve-flor estão registradas no Rensem
– Os custos de produção da couve-flor varia em aproximadamente R$ 0,96 a R$ 1,04 por
– Rentabilidade de 75% do seu valor inicial de investimento
DICA DE DENSIDADE DE PLANTIO
80 cm entre ruas e 50 cm entre plantas. Assim, a densidade de plantas não passa de 20 ou 25 mil unidades por hectare.