José de Castro Silva
Doutor em Engenharia Florestal e professor da Universidade Federal de Viçosa
VinÃcius Resende de Castro
Doutor em Engenharia Florestal
O primeiro passo, ao escolher a silvicultura, é conhecer a espécie a ser plantada, suas exigências de clima e solo, finalidade do plantio, tempo de rotação da cultura, produtividade e rentabilidade do plantio, custos de implantação, disponibilidade de mudas, qualidade do produto que o mercado está necessitando, possibilidade de obtenção de multiprodutos, etc.
A fase de planejamento deve considerar também a distância final do mercado consumidor, pois os custos de transporte poderão ser muito altos e inviabilizar o investimento.
Em se tratando de madeira de eucalipto, existem inúmeras opções na escolha das espécies. São mais de 700 espécies, com uma grande variação entre elas: cada uma apresenta suas exigências de clima e de solo, propriedades da madeira e opções de uso.
Se o objetivo for puramente econômico, a seleção das espécies deve considerar as exigências do mercado consumidor, prestando-se bastante atenção quanto às características da matéria-prima a ser produzida.
A título de exemplo, se a madeira se destinar à produção de carvão vegetal, moirões, dormentes e peças para construção civil, deve-se optar pelas espécies que produzam madeiras duras e pesadas (com densidade básica variando entre 0,60 a 0,80 g/cm3); se a madeira, ao contrário, se destinar à produção de celulose, móveis e pequenos objetos, deve-se optar pelas espécies que produzam madeiras mais macias e pouco pesadas (com densidade básica variando entre 0,45 a 0,60 g/cm3).
Para o caso do silvicultor, é interessante que, dentro do possível, o produto final da floresta tenha um uso múltiplo, para atender às várias necessidades da propriedade e do mercado. Dependendo da condução da floresta, a madeira de uma determinada espécie ou clone pode ter múltiplos usos e ser usada para a fabricação de carvão, madeira tratada, serraria e até fabricação de móveis.
Produção das mudas
As mudas poderão ser produzidas de duas maneiras: por meio de sementes ou de material vegetativo, principalmente estacas, conhecidas como clones. Nunca é demais lembrar que o sucesso da floresta depende da qualidade das mudas.
Embora as mudas clonais apresentem um custo inicial mais elevado, inúmeras vantagens se destacam em relação às mudas produzidas com sementes: uniformidade em relação às características silviculturais e tecnológicas; boa adaptação às adversidades ambientais e maximização do ganho em produtividade.
Por essas razões, a utilização de clones vem se tornando constante e estratégica para o desenvolvimento da produção florestal no Brasil.Em quaisquer dessas situações, a muda considerada ideal deve apresentar uma altura entre 20 a 30 cm, haste bem rÃgida, aparência madura e “rustificada“, sistema radicular bem formado e estar disponível para o plantio no início das chuvas.
A muda ideal deve ter uma idade de viveiro não superior a quatro meses.Preferencialmente, as mudas devem ser produzidas em viveiros próximos aos locais de plantio, evitando-se os custos e possÃveis danos no transporte.
Escolha do local de plantio
No planejamento da propriedade recomenda-se diversificar ao máximo as opções de renda e uso da terra, evitando-se as monoculturas. A área destinada ao plantio das árvores na propriedade não deve concorrer com aquelas já utilizadas com outras atividades, como as culturas de grãos, frutÃferas ou pastagens.
É possível o consórcio de várias atividades na mesma área, como florestas, culturas agronômicas e pastagens, utilizando-se técnicas diferenciadas de plantio e manejo.
Embora seja possível plantar eucalipto nas terras de melhor qualidade, podem ser utilizadas aquelas áreas mais amorradas ou inclinadas, não aproveitadas com outras culturas, ou até mesmo onde outro tipo de cultura não apresentar bons resultados.
Sob qualquer justificativa deve-se evitar o desmatamento ou corte de árvores nativas para fazer um reflorestamento. As áreas escolhidas para o plantio de florestas devem ser bem trabalhadas, procedendo-se à correta preparação do solo e adubação, a fim de se obter uma boa produtividade.
Estas áreas devem estar bem afastadas das benfeitorias (casas, currais e galpões), redes elétricas, áreas de preservação permanente e reservas legais e, principalmente, distantes de nascentes, lagos, represas e cursos d’água, mantendo-se uma distância mÃnima legal de 50 metros.
As áreas plantadas devem estar protegidas da entrada de animais, que estragam as plantas novas, principalmente nos dois primeiros anos da cultura. Devem, ainda, estar próximas ou entremeadas de estradas para facilitar a circulação de veículos e retirada futura da madeira.