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Espécies alternativas potenciais para produção florestal

Por serem espécies exóticas, elas recebem maiores investimentos, pois não demandam registros e controles adicionais nos órgãos ambientais, e proporcionam maior segurança jurídica aos produtores e investidores

Rossana Cortelini da Rosa
ro.cortelini@hotmail.com 

Annie Karoline de Lima Cavalcante
annie.karolinelima@gmail.com
Mestras e doutorandas em Ciências Florestais – Universidade de Brasília (UnB)

O Brasil é um país com grande diversidade de espécies florestais, muitas das quais podem ser exploradas de forma sustentável para a produção madeireira e outros segmentos do setor florestal, como produção de sementes, resinas e óleos essenciais.

Atualmente, as principais espécies exploradas possuem rápido crescimento, tendo sido modificadas através de melhoramento genético para atender demandas específicas de importantes indústrias, como a de celulose e papel.

Semente pronta para germinar no solo
Crédito: Annie Karoline de Lima

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As principais espécies exploradas na produção florestal no Brasil são: eucalipto (Eucalyptus spp.), pinus (Pinus spp.), acácia (Acacia spp.), mogno africano (Khaya spp.), jatobá (Hymenaea spp.), ipê (Handroanthus spp.), cumaru (Dipteryx odorata) e paricá (Schizolobium amazonicum).

O gênero Eucalyptus possui mais de 700 espécies, de grande importância socioeconômica, utilizado para as mais diversas finalidades, como lenha, chapas, movelaria, celulose e papel, geração de energia e medicamentos.

O eucalipto é uma árvore de crescimento rápido aqui no Brasil, e devido ao grande número de espécies pode ocorrer a hibridação delas, tanto na natureza, como mecanismo evolutivo, quanto em laboratório.

O eucalipto híbrido é utilizado devido às suas vantagens silviculturais, de adaptação, maior resistência a pragas e doenças, melhor qualidade madeireira, entre outras. A espécie é plantada em todo território nacional, sendo região sudeste a que apresenta maior área de florestas plantadas de eucalipto.

Pinus

As plantações de pinus no Brasil estão concentradas em sua maioria na região sul do país, principalmente no estado do Paraná, mais especificamente na cidade de Telêmaco Borba, que tem várias indústrias que utilizam essa espécie como sua principal matéria-prima.

A madeira de pinus tem grande valor silvicultural, muito utilizada em tábuas e compósitos. Tem aumentado, nos últimos anos, as florestas plantadas de pinus para celulose e papel.

Essas florestas possuem a resina retirada da árvore como um subproduto de grande importância econômica.

Acácia negra

A acácia negra possui plantios comerciais da espécie no Rio Grande do Sul, muito utilizada comercialmente para produção de carvão, geração de energia e celulose, e sua casca para extração do tanino para o curtimento de couros e para estações de tratamento de água.

Paricá

O paricá é uma espécie amazônica de grande potencial econômico, que vem despertando o interesse dos produtores em função do rápido crescimento monopodial (fuste reto sem bifurcações), bom incremento médio anual e alto valor comercial da madeira para produção de lâminas e para aplicações estruturais, como painéis de madeira lamelada colada.

Ao considerar o plantio comercial, o produtor deve considerar que o paricá necessita de luz intensa para o seu desenvolvimento adequado, não suporta baixas temperaturas e é bastante afetado pela ação do vento, sendo necessário que haja cortinas de abrigo ou plantio consorciado com espécies de crescimento semelhante.

Mogno

O gênero Khaya é composto por espécies com elevado potencial madeireiro, que vêm despertando grande interesse econômico. Por ser o principal substituto do mogno-brasileiro (Swietenia macrophylla) e originário de diversas regiões da África, as espécies do gênero Khaya são conhecidas popularmente como mogno africano.

O investimento em plantios de mogno africano é impulsionado pelas excelentes propriedades físico-mecânicas, aparência e trabalhabilidade semelhantes à madeira de mogno brasileiro; rápido crescimento e resistência à broca de ponteiro, inseto responsável pela inviabilização da exploração econômica do mogno brasileiro.

Dentre as principais aplicações da madeira de mogno africano, destacam-se a fabricação de móveis de luxo, adornos, instrumentos musicais, laminados e faqueados, construção civil e naval, e em revestimentos decorativos.

Jatobá

O jatobá é uma arvore típica do cerrado brasileiro, encontrada também na Amazônia, mata atlântica e pantanal, apresentando crescimento lento, podendo alcançar até 40 metros de altura.

A madeira de Jatobá é muito utilizada para construção de vigas, pisos, tábuas, portas, peças de arte e decorativas e móveis. É considerada uma das madeiras mais valiosas do mundo.

O jatobá tem grande importância não madeireira também, pois possui resina que pode ser utilizada para fabricação de verniz e medicamentos. Tem um fruto comestível e de relevância para manutenção da fauna.

Cumaru

Dipteryx odorata, popularmente conhecido como cumaru, é uma espécie encontrada na Amazônia. Sua madeira tem sido utilizada para fabricação de móveis e pisos de madeira. É uma madeira de grande qualidade, com alta durabilidade natural, e boas qualidades físicas e mecânicas, podendo ser utilizada tanto em espaços internos quanto externos.

No entanto, sua semente também apresenta notável potencial e tem proporcionado uma nova fonte de renda para pequenas comunidades, enquanto contribui para a preservação da floresta em pé.

Ipê

O ipê (Handroanthus spp.) é uma espécie conhecida por suas elevadas propriedades físicas, mecânicas e resistência a organismos apodrecedores de madeira. Devido à exploração predatória, o ipê encontra-se listado na CITES (Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção), tendo a sua venda controlada.

De acordo com dados da ITTO (International Tropical Timber Organization), a madeira de ipê chega a custar US$ 5.000 por metro cúbico de tábuas, resultado das suas características físico-mecânicas, mas também das limitações de comercialização.

Atualmente, a madeira de ipê que chega ao mercado é proveniente de florestas públicas concessionadas, no entanto, embora o empreendimento esteja realizando o manejo de forma licenciada, não há certeza de que a espécie não esteja sendo explorada ilegalmente a partir de fraudes documentais, uma vez que o plano de manejo das concessões florestais determina o volume de madeira que pode ser explorado.

Devido ao seu elevado valor comercial e às restrições de comercialização, o ipê têm sido o principal alvo da exploração ilegal de madeira, sendo necessárias medidas de controle e fiscalização sobre a cadeia de produção e dos processos de licenciamento.

O ipê é uma excelente alternativa para produção florestal
Crédito: Shutterstock

Desafios e oportunidade de mercado

A atividade florestal possui uma cadeia produtiva a ela associada, que compreende diversos conjuntos de atividades, desde a produção da muda, o plantio, tempo de crescimento e manejo da floresta.

Caso possua subprodutos não madeireiros, entra toda a cadeia de desenvolvimento e subtração desses recursos, até a colheita e transformação da madeira.

Dentro dessa atividade, existem cada vez mais demandas de estudos, tanto de manejo da floresta nativa quanto da floresta plantada, dos recursos silviculturais para o desenvolvimento da floresta e do melhoramento genético.

Como tendência, o setor de base florestal tem obtido grande relevância com a indústria de bioprodutos. A maioria das indústrias tem investido nos últimos anos em novos produtos, como uma alternativa sustentável para substituição de produtos fósseis.

Por exemplo, bio-óleos, lignina, nanofibra, nanocelulose e nanocristais que podem ser utilizados nas cadeias alimentícia, automobilística, de cosméticos e medicamentos. Por meio de investimentos em ciência e tecnologia, a atividade florestal tende a crescer cada vez mais, mediante a implantação de espécies alternativas.

Um dos maiores desafios dos produtores que trabalham com espécies alternativas é o crescimento lento das florestas, que muitas vezes inviabiliza o seu plantio comercial, com isso o melhoramento florestal, que já obteve muitos avanços ao longo dos anos, mas continua sendo um gargalo de estudo para a atividade florestal, para o desenvolvimento das florestas de espécies alternativas.

Em relação às florestas plantadas, o maior desafio é a supressão da madeira, que se for impróprio pode prejudicar até mesmo as estratégias de manejo da floresta. Por isso, a maior tendência dos últimos anos é a utilização dos recursos não madeireiros provenientes das florestas naturais.

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