A estimativa da safra de laranja 2019/20 do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, publicada em 10 de maio de 2019 pelo Fundecitrus com cooperação da Markestrat, FEA-RP/USP e FCAV/Unesp, é de 388,89 milhões de caixas (40,8 kg). A produção total de laranjas inclui:
• 76,97 milhões de caixas das variedades Hamlin, Westin e Rubi;
• 19,75 milhões de caixas das variedades Valência Americana, Seleta e Pineapple;
• 116,20 milhões de caixas da variedade Pera Rio;
• 128,30 milhões de caixas das variedades Valência e Valência Folha Murcha;
• 47,67 milhões de caixas da variedade Natal.
Desse total, 27,21 milhões de caixas deverão ser produzidas no Triângulo Mineiro.
O volume projetado é 36% acima da safra anterior, de 285,98 milhões de caixas, e 21% superior em relação à média dos últimos dez anos. A recuperação da produtividade dos pomares foi desencadeada, principalmente, pelo clima favorável para a floração e pegamento dos frutos, ao contrário do observado na safra passada.
A produtividade média por hectare, nesta temporada, é estimada em 1.051 caixas por hectare e 2,24 caixas por árvore, o que representa um aumento em comparação às 756 caixas por hectare e 1,63 caixa por árvore colhida na safra 2018/19.
Entre os setores do cinturão citrícola, o Sudoeste apresenta a maior produtividade, com 1.227 caixas por hectare e 2,42 caixas por árvore, mantendo sua posição com índices acima da média e menor amplitude entre safras, exatos 2,7% no comparativo com o ciclo anterior. Os maiores incrementos da produtividade são observados nos setores Noroeste e Norte com 128% e 78% respectivamente. O Centro apresenta crescimento de 47% e o Sul, 22%.
Árvores produtivas
O total de árvores produtivas é de 173,973 milhões, uma diminuição de 0,74% sobre o inventário anterior. Essa redução decorre da maior proporção da área erradicada em relação à de pomares implementados em 2016 que entram em produção nesta temporada. As variedades contempladas nesta estimativa somam 97% das árvores e também 97% da área de pomares de laranja do cinturão citrícola.
Frutos por árvore
O número médio de frutos por árvore em abril de 2019, sem considerar a queda que ocorrerá ao longo da safra, é mensurado em 783. Nesta temporada foi observada uma alta intensidade de floração nos pomares condicionada pela baixa produção da safra anterior, que provocou um incremento das reservas nutricionais das plantas, e pelo estresse hídrico de longa duração a que as árvores ficaram submetidas na fase de indução floral.
A precipitação média no cinturão citrícola, nos meses de abril a julho de 2018, totalizou apenas 69 milímetros, praticamente um terço da chuva que normalmente ocorre neste período (1981-2010). Após a estiagem prolongada, o florescimento nos pomares de sequeiro se deu com o reestabelecimento das chuvas que ocorreram no início de agosto no Centro, Sul e Sudoeste e, em meados de setembro, no Norte e Noroeste.
Nessas regiões onde as chuvas ocorreram somente em setembro está a maior concentração da área irrigada do cinturão citrícola, com exceção da região de Altinópolis, localizada no Norte. Para promover a antecipação do florescimento, a irrigação foi iniciada, principalmente, em julho de 2018.
No período pós-florescimento, as temperaturas foram amenas e mesmo em alguns municípios onde as máximas atingiram valores superiores a 35ºC, foram poucos dias consecutivos nesta faixa de temperatura. Além das temperaturas mais amenas, as chuvas da primavera e verão mantiveram a disponibilidade hídrica, favorecendo o bom pegamento de flores e fixação de frutos jovens, o que culminou em uma maior homogeneização da produção.
A primeira florada, que ocorreu de julho a setembro de 2018, concentra 84,1% do total. A segunda florada, originada em outubro e novembro de 2018, é estimada em 10,2%. Somadas, essas floradas correspondem a 94,3% da produção e deverão ser colhidas ao mesmo tempo. A terceira florada, que aconteceu em dezembro de 2018 e janeiro de 2019, corresponde a 3,2% e a quarta florada, que se deu a partir de fevereiro de 2019, 2,5%.
Para o cálculo da estimativa, foram considerados integralmente os frutos de primeira, segunda e terceira floradas. Para os frutos da quarta foi aplicada uma taxa de pegamento de 33%. Na separação dos frutos por florada foram também identificados frutos temporões, resultantes de flores tardias e esporádicas da safra anterior, que não foram contabilizados na estimativa da safra atual.
Frutos por caixa
A projeção do tamanho final dos frutos é de 260 frutos por caixa de 40,8 kg, sendo 296 frutos por caixa para o grupo das variedades precoces Hamlin, Westin e Rubi; 270 frutos por caixa para o grupo das outras variedades precoces, 266 frutos por caixa para variedade de meia-estação Pera Rio; e 235 frutos por caixa para as variedades tardias Valência e Valência Folha Murcha, 242 frutos por caixa para variedade tardia Natal.
O tamanho médio de 260 frutos por caixa equivale a laranjas com peso de 157 gramas na colheita. O número elevado de frutos por árvore é um dos fatores que deverão limitar o desenvolvimento dos frutos nesta temporada devido à maior competição entre eles pelas reservas da planta, pois o número de frutos e o tamanho na colheita são inversamente proporcionais.
O tamanho final dos frutos foi projetado por meio de um modelo de regressão, que considerou como variável dependente o tamanho final dos frutos (frutos por caixa na colheita) e como variáveis independentes o número de frutos por árvore apurados na derriça, o tamanho inicial dos frutos (frutos por caixa na derriça), as proporções somadas das produções de primeira e segunda floradas em relação ao total e a precipitação acumulada de maio a julho.
Dados das 11 últimas safras, 2008/09 a 2018/19, foram utilizados na regressão. O resultado obtido mostra um R2 ajustado de 0,92. Isso significa que as quatros variáveis independentes juntas explicam 92% da variação do tamanho final do fruto (frutos por caixa na colheita), num coeficiente que pode variar de 0 a 100%, o que demonstra a importância dessas variáveis para o tamanho final dos frutos.
Os dados sobre tamanho final dos frutos (frutos por caixa na colheita), o número de frutos por árvore apurados na derriça, o tamanho inicial dos frutos (frutos por caixa na derriça) e as proporções somadas das produções de primeira e segunda floradas em relação ao total relativos à série de 2008/09 a 2014/15 foram fornecidos pelas empresas de suco de laranja associadas ao Fundecitrus – Citrosuco, Cutrale e Louis Dreyfus, as quais, de forma isolada, fizeram estimativas de produção do parque citrícola desde 1988 com aplicação de metodologia objetiva.
O fornecimento foi feito, individualmente e sob contrato formal de confidencialidade, à empresa de consultoria independente para apuração da média, permanecendo confidenciais os dados individuais fornecidos por cada empresa. Os dados relativos às safras 2015/16 a 2018/19 são provenientes dos resultados das estimativas realizadas pelo Fundecitrus. Os dados de precipitação acumulada de maio a julho foram informados pela Somar Meteorologia.
Para a projeção do tamanho final dos frutos desta safra foram aplicados, no modelo, os dados provenientes da derriça de 2019 e a precipitação prevista de maio a julho de 2019 em volume equivalente à média climatológica (1981 – 2010), calculada com dados obtidos em consulta ao site da Climatempo.
O tamanho final dos frutos projetado pela regressão é de 263 para a safra 2018/19. Esse tamanho foi corrigido pela regressão que utilizou como variável dependente o tamanho observado e como variável independente o tamanho projetado. O tamanho projetado a partir dessa outra regressão é de 260 frutos por caixa para a safra 2019/20.