20.6 C
Uberlândia
sábado, abril 20, 2024
- Publicidade -
InícioDestaquesComo cultivar sálvia para lucrar

Como cultivar sálvia para lucrar

O cultivo da sálvia para lucrar chamou muito a atenção nas últimas duas décadas. A planta vive por seis a 10 anos e gera produtos como folhas frescas e secas para serem adicionadas a salsichas, carnes, peixes, saladas e vários outros alimentos. Além do mais, o óleo essencial da sálvia é mundialmente reconhecido como um produto respeitado e usado nas indústrias de fragrâncias, cosméticos, higiene pessoal e repelentes de insetos

Sálvia – Crédito: Freepik

Saulo Strazeio CardosoEngenheiro agrônomo, doutor em Agronomia e professor – Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU) e Faculdade “Doutor Francisco Maeda” (FAFRAM/FE)saulo.cardoso@fazu.br

Marcela Caetano LopesBióloga, doutoranda em Agronomia e professora – FAFRAM/FEmacaetano20@hotmail.com

Andreza Lopes do Carmo Química e graduanda em Agronomia – Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)andrezalopesdocarmo@hotmail.com

A sálvia (Salvia officinalis), também conhecida como salva, salva-das-boticas, salva-dos-jardins, salva-ordinária, salveta, erva-santa ou salva-menor é um subarbusto perene, nativa da região Mediterrânea e cultivada como erva aromática e medicinal. Seu óleo essencial possui constituintes majoritários, como o cineol, borneol, cânfora e tuiona.

Por desempenharem várias funções nos sistemas de produção, as plantas aromáticas são consideradas de usos múltiplos. Possuem uma série de compostos bioativos, podendo atuar sobre outras plantas, direta ou indiretamente, inibindo sua germinação e/ou crescimento.

Esses compostos bioativos estão concentrados nos extratos e óleos essenciais obtidos a partir dessas plantas, sendo amplamente utilizados nos sistemas de produção orgânica e de base agroecológica. Seu uso é bastante conhecido no manejo de hortaliças, especialmente no controle de doenças e menos explorado no que diz respeito ao seu efeito sobre a fisiologia das hortaliças.

Clima

O clima é o fator mais importante e restritivo quando se pensa em cultivo de sálvia. A planta tem uma certa preferência por clima subtropical, com invernos suaves e verões longos.

Sendo assim, o seu cultivo é adequado em temperaturas entre 3,0 e 29°C, se desenvolvendo melhor em temperaturas amenas, mas é importante que receba luz solar direta por algumas horas diárias. Entretanto, ela pode tolerar frio por alguns dias (-10ºC por cerca de até uma semana).

Solo

Solos bem drenados, férteis, de textura média a arenosa e ricos em nitrogênio são o ideal para seu cultivo. A sálvia é bastante tolerante ao pH na faixa de 5,5 a 8,0, porém, os melhores rendimentos são obtidos em solos com pH 7,0 e com uma drenagem muito boa.

Irrigação

A irrigação deve ser feita de modo que o solo seja mantido úmido, pois, como dito, o excesso de água prejudica as plantas, principalmente quando a temperatura está baixa. Plantas adultas são moderadamente resistentes a curtos períodos de seca, mas a sálvia cresce melhor se não faltar água.

Plantio

A sálvia é uma cultura que pode ser cultivada a partir de sementes, estaquia, alporquia ou até mesmo por divisão de touceiras. As sementes podem ser semeadas em canteiros, sementeiras, pequenos vasos e outros recipientes, sendo transplantadas quando ficam grandes o suficiente para serem manuseadas sem causar danos às mudas.

Os demais métodos são recomendados quando se visa obter plantas com as mesmas características da planta-mãe (clones). O plantio por estaquia é feito cortando ramos lenhosos e plantando estes em substratos ou solos bem úmidos, até que enraízem. Muitas vezes se dá preferência pela alporquia, uma vez que nem sempre é fácil conseguir com que os ramos enraízem para formar as mudas. A alporquia é feita curvando um ramo até o solo, e enterrando um trecho deste para que enraíze neste local.

Após o enraizamento, corta-se o ramo antes do trecho que enraizou, e a muda é então cuidadosamente desenterrada e transplantada. Outro método consiste em amontoar terra em torno de uma planta adulta, de forma que seus ramos enraízem.

Então, a planta é cuidadosamente desenterrada e os ramos enraizados são cortados e plantados em um novo local. Em todos estes casos, o tempo necessário para que ocorra o enraizamento dos ramos é de aproximadamente um mês.

Tratos culturais

Quanto ao espaçamento, recomenda-se de 60 a 80 cm entre as linhas de plantio e de 40 a 50 cm entre as plantas, podendo também ser cultivada em jardineiras e vasos. Recomenda-se que se realize a poda sempre nas partes de baixo, não mais que 1/3 da planta. O ideal é que se faça a poda na primavera e após a floração, visando assim estimular o surgimento de novos rebentos.

A população de plantas por hectare pode variar de 12.000 a 24.000 plantas, de acordo com o tipo de solo. Caso tenha um solo com baixa fertilidade, normalmente devemos aumentar o número de plantas por hectare para maximizar nosso rendimento.

Agora, se o oposto for verdadeiro, ou seja, se o solo é de alta fertilidade, nós colocaremos as plantas mais afastadas e as estimularemos para desenvolverem uma maior superfície foliar.

A altitude também é um fator que pode afetar a densidade de plantio. Como regra geral, as plantas de sálvia em altas altitudes são plantadas de forma mais densa, para que possam ser protegidas do vento frio. Em condições úmidas, é melhor deixar maiores distâncias entre as plantas na fileira e entre as fileiras, para aumentar a circulação de ar.

Solos e adubação

A sálvia é famosa por crescer e se desenvolver em solos com baixa fertilidade, porém, seu cultivo comercial requer algumas exigências visando a melhoria da fertilidade do solo, para que assim, as plantas possam render por muitos anos.

Como acontece com qualquer outra cultura, não existe nenhuma receita de adubação, pois cada campo é diferente e requer diferentes cuidados. Fazer a análise do solo anualmente é extremamente importante para diagnosticar deficiências nutricionais e tomar ações corretivas, sob guia de um agrônomo e boletins específicos de adubação.

Alguns produtores de sálvia já reportaram que a adição de 320 kg/ha da fórmula 5-5-5 não proporcionou aumentos significativos no rendimento de materiais da planta, especialmente quando antecipamos várias colheitas por ano. Normalmente, essa quantidade é dividida entre duas ou três aplicações, com a primeira começando imediatamente após a primeira colheita.

Estudos ainda relatam que, quando estiver cultivando a sálvia visando a extração de óleo essencial, devemos considerar a colonização por fungos micorrízicos. De acordo com a Sociedade da Indústria Química, uma certa colonização por esses fungos resultou no aumento da qualidade e quantidade do óleo essencial coletado da sálvia.

Controle fitossanitário

Atenção deve ser dada ao manejo de plantas daninhas, as quais competem com as plantas por espaço, acesso à luz solar, água e nutrientes. A presença de ervas daninhas terá efeitos negativos na quantidade de material fresco colhido das plantas, assim como na qualidade do óleo essencial.

É necessário que todos os produtores de sálvia tenham uma boa estratégia de controle de ervas daninhas, a qual pode variar significativamente entre países, conjunto de leis, meios de produção, indústrias-alvo, etc. O controle manual de ervas daninhas semanalmente é praticamente obrigatório em alguns casos (produção orgânica).

Colheita

A colheita das folhas da sálvia pode ser iniciada quando as plantas estão bem desenvolvidas. No primeiro ano é possível fazer uma colheita leve. Nos anos seguintes, duas colheitas por ano.

Para uso doméstico, colha folhas ou ramos quando necessário. A colheita pode ser feita de 90 a 120 dias após o plantio. Os ramos ou folhas devem ser colhidos antes que a floração comece, o que ocorre geralmente a partir do segundo ano.

Os ramos e folhas podem ser usados frescos ou secos, sendo que a secagem dos ramos deve ser feita em local fresco e bem ventilado, sem ficarem expostos à luz solar direta.

As folhas da sálvia normalmente secam rapidamente, pois elas apresentam baixa concentração de água. Podem durar de 2-3 semanas para as ervas frescas e vários meses quando desidratadas.

Após a colheita, podemos secar as partes colhidas em uma área sombreada ou em uma secadora especial. Fazemos isso para desestimular a descoloração e resguardar a qualidade e concentração do óleo volátil.


Espécies de sálvia e seus destinos

Paula Almeida Nascimento Engenheira agrônoma e doutora em Fitotecnia- Universidade Federal de Lavras (UFLA)paula.alna@yahoo.com.br

Uma espécie de sálvia conhecida nos jardins brasileiros é a sálvia-vermelha (Salvia splendens), uma herbácea conhecida popularmente por “Alegria dos Jardins”, porque permanece florida e vistosa o ano todo.

Seu período de floração ocorre no final da primavera e do verão, mas sempre estão florindo os jardins. Trata-se de uma planta perene de 30 a 80 cm de altura, com folhas ovaladas de até 12 cm de comprimento. As flores espigadas das sálvias são excelentes atrativos para borboletas, beija-flores e abelhas, trazendo a biodiversidade ao jardim.

A sálvia-vermelha é uma das espécies que mais se destaca por sua coloração vermelha. Nativa da Mata Atlântica Brasileira, possui flores que exalam um aroma semelhante ao abacaxi. As sálvias são plantas de pequeno porte, alcançando uma altura máxima de 1,2 m, e também há variedades anãs que atingem a altura máxima de 15 cm.

Destino

Enquanto a Salvia officinalis é utilizada como tempero, por exemplo, a Salvia sclarea é ótima para fins terapêuticos. A Salvia sclarea, popularmente conhecida como sálvia esclareia, é uma erva nativa do mediterrâneo.

O óleo essencial que é extraído das folhas e brotos da planta é perfumado e refrescante e pode-se utilizá-lo como desodorante e como tratamento complementar de doenças. A planta é fácil de cultivar em áreas de alta temperatura.

Geralmente é cultivada para seu consumo como chá. Por seu uso no tratamento de doenças oculares, ela também é conhecida em inglês como “olho brilhante”. Mas, a Salvia sclareia possui uma série de outros benefícios, que são obtidos principalmente por meio do uso de seu óleo essencial, que concentra suas propriedades.

Propriedades medicinais

As propriedades medicinais do óleo essencial da sálvia esclareia são: óleo relaxante, adstringente, antisséptico, aromático, fortalecedora dos cabelos, regeneradora celular, tem ação antidepressiva e um forte efeito antiespasmódico, além de expressar a mesma atividade que o estrogênio, o hormônio feminino.

Desta forma, óleo essencial de Salvia sclareia é indicado para ansiedade, artrite, asma, depressão, estresse, indigestão, memória, e pressão alta.

  • Conheça algumas das propriedades e benefícios da sálvia:
  • Previne diabetes;
  • Melhora a memória;
  • Boa para a saúde cardiovascular;
  • Potente expectorante pulmonar;
  • Cura resfriado;
  • Utilizada em inalações, trata bronquites e rinites;
  • Febrífugo;
  • Antitussígena (combate a tosse).
  • Usos da sálvia:
  • A sálvia serve como enxaguatório bucal;
  • Chá digestivo para problemas estomacais;
  • Chá anti-inflamatório contra dor de garganta;
  • Em infusão e uso tópico atua como desodorante natural;
  • Em óleo essencial combate dores musculares, reumatismo e alivia o estresse.
  • É benéfica como tônico, na forma de infusão, contra pele oleosa, acne e psoríase;
  • Óleo essencial combate rugas;
  • Fortalece e reduz a queda dos fios capilares, além de dar brilho, escurecer e deixar o cabelo mais liso.

Consorciação

A sálvia pode ser cultivada em companhia do alecrim, das couves e das cenouras, no entanto, a presença de absinto inibe o seu crescimento. Também não gosta da companhia de manjericão, arruda, pepino ou abóboras.

Nos tratos culturais, retire as plantas invasoras que estejam concorrendo por nutrientes e recursos. Para manutenção da produtividade, as plantas precisam ser substituídas depois de três a cinco anos, quando se tornam muito lenhosas.

Óleo essencial

O óleo de sálvia é extraído do material seco, dependendo da variedade, dos métodos de cultivo (fertilização, irrigação, manejo da cultura) e da data da colheita. O rendimento médio do material seco, folhas, com duas colheitas por ano, é de 7.000 kg por hectare. 

Da planta você pode esperar 8,0 – 20 kg de óleo essencial por hectare. Esse rendimento é anual e distribuído entre duas ou três colheitas. As folhas da sálvia normalmente secam rapidamente, pois elas apresentam baixa concentração de água.

Podem durar de duas a três semanas para as ervas frescas e vários meses, quando desidratadas. Após a colheita, pode-se secar as partes colhidas em uma área sombreada ou em uma secadora especial, o que é feito para desestimular a descoloração e resguardar a qualidade e concentração do óleo volátil.


DEIXAR ESPAÇO PARA UMA FOTO

Por dentro do campo

Christopher Taichuen Cheung é produtor de sálvia há 25 anos em Cerquilho, no interior paulista. Atualmente, ele tem 450 m2, que produzem 1,0 kg/m2 da variedade Sálvia officinalis. O custo de produção está em torno de R$ 25,00/m2. A rentabilidade, o produtor diz que chega a R$ 230,00 por quilo, mas com o produto já selecionado, higienizado e embalado. A entrega é feita direto ao consumidor final, sem atravessadores, pela própria estrutura do produtor.

“Começamos a produzir sálvia porque nosso mercado é o da alta gastronomia, onde mais se utilizam ervas condimentares frescas. Então, investimos em estufas, que permitem maior controle de todo o ambiente. A sálvia gosta de pouca água, portanto, seu cultivo deve ser feito com plantas que exijam as mesmas condições, como por exemplo o tomilho. Ela também gosta de solo bem adubado e com ótima drenagem”, relata.

Ainda segundo Christopher, a produção da sálvia em estufas torna seu custo mais elevado. A irrigação por gotejamento é um dos pontos positivos, por ser mais barata e consumir menos água, além de conseguir diversas rebrotas. Para controle de pragas e doenças, são utilizados produtos biológicos.

Por fim, para quem quer iniciar a produção de sálvia, ele deixa uma dica valiosa: “Invista em boa estrutura e solo ideal para que as plantas cresçam saudáveis e você tenha folhas maiores, aumentando o peso e o rendimento”, conclui Christopher.

ARTIGOS RELACIONADOS

Irrigação em cenários de escassez hídrica

  Edmar José Scaloppi Doutor em Engenharia de Irrigação e professor da UNESP edmar@fca.unesp.br   A água para irrigação representa a maior proporção entre tantos outros usos competitivos....

Trigo: Área no Brasil Central deverá atingir novo recorde

A região central do Brasil responde pelas primeiras semeaduras com o cereal no País, iniciadas ainda no mês de fevereiro com o trigo de sequeiro e...

O desafio da gestão da irrigação em pequenas e médias áreas

  Everardo Mantovani Professor Titular DEA-UFV e Sócio e Consultor da Irriger A importância da agricultura irrigada na produção de alimentos, fibras e agroenergiatem sido cada vez...

A hora certa de plantar morangos

José Mauro de Sousa Balbino Engenheiro agrônomo, doutor em Fisiologia Vegetal e pesquisador do Incaper balbino@incaper.es.gov.br   O plantio de morangos depende do clima da região de cultivo,...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!