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Falta de novas moléculas: plantas daninhas aumentam sua resistência

Plantas daninhas podem aumentar sua resistência e serem mais difíceis de combater devido a falta de herbicidas pré-emergentes.

Camila Pinho
Doutora, professora – Departamento de Fitotecnia – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRRJ) e coordenadora do Grupo de Pesquisa Plantas Daninhas e Pesticidas no Ambiente – UFRRJ
camilafepi@hotmail.com

Buva
Créditos: Luiz Salgado

Atualmente, as principais culturas que sofrem problemas com resistência no Brasil são as culturas que possuem um maior uso de herbicidas, pela necessidade de controle de plantas daninhas.

São elas soja, milho, algodão e cana-de-açúcar, mas, de maneira geral, acabamos tendo problema também com as culturas que entram no sistema de produção, porque naturalmente as plantas daninhas estão instaladas na área e acabam também impactando as demais, por exemplo, feijão, sorgo, amendoim, etc.


Então, podemos ter problema de plantas daninhas em qualquer cultura que entre num sistema de rotação ou sucessão com os cultivos tradicionais que utilizam um aporte maior de herbicidas para o manejo de plantas daninhas. Hoje, o sistema soja-milho é o que mais sofre com a presença de plantas daninhas resistentes nos sistemas de produção.

A causa

Os herbicidas pré-emergentes são a principal ferramenta química que temos para o complexo manejo de plantas daninhas resistentes, que dá ainda mais trabalho depois que já está instalada na área.
Assim, a melhor forma de controlar ou impedir o impacto negativo que ela causa no sistema de produção é prevenir que ela germine e se desenvolva. Por isso, os herbicidas pré-emergentes são uma ferramenta química extremamente importante para o manejo de plantas daninhas resistentes.

Desafios

Há um grande desafio no lançamento de novas moléculas químicas para o manejo de plantas daninhas, devido à dificuldade de ter moléculas que sejam seletivas para as culturas e que tenham um controle satisfatório sobre as apresentadas plantas daninhas.
Afinal, as daninhas e as culturas são igualmente plantas. Então, a pesquisa sobre o desenvolvimento de novas moléculas é bastante complexa. Atualmente, o que as empresas vêm tentando buscar é o lançamento de misturas de moléculas já existentes, formuladas, para ampliar o espectro de controle sobre os alvos, o que acaba ajudando no manejo de plantas daninhas na área.

Resistência x tolerância

Tanto plantas daninhas resistentes quanto tolerantes a herbicidas causam bastante dificuldade no seu manejo. Entre os exemplos de plantas resistentes estão: buva, capim amargoso, capim pé de galinha, caruru, leiteiro, entre outras. que são plantas resistentes a herbicidas e são complexas de manejo.
Já as daninhas tolerantes são: trapoeraba, corda-de-viola, boia branca, vassourinha-de-botão, que são tão difíceis de controlar quanto as resistentes, mas são apenas tolerantes a herbicidas, um problema bastante grave para o sistema de produção.
A presença de qualquer uma dessas plantas impacta diretamente o produtor, porque ele vai precisar, para ter o controle satisfatório, de um aporte maior de herbicidas, ou seja, não apenas uma molécula, mas a mistura de várias.
Caso o produtor não controle estes alvos, que são plantas bem agressivas e muito competitivas, então, enfrentará perdas significativas de produtividade na área. Assim, infestações medianas já podem causar perdas significativas para os produtores, o que acaba impactando diretamente na rentabilidade da área.

Cuidados fundamentais

As daninhas impactam tanto na produtividade da cultura, levando prejuízos em produtividade, caso não sejam controladas, quanto aumento da necessidade de uso de herbicidas, impactando economicamente a área, já que será preciso aumentar muito a quantidade e o tipo de produtos, para ter um controle eficiente.
Para amenizar o problema de resistência de plantas daninhas nas áreas, o importante é que os produtores entendam alguns cuidados básicos. O primeiro deles é sempre combater as plantas daninhas no estágio correto, porque quanto menores e mais jovens elas forem, mais fácil será seu controle e menos riscos de escapes haverá.
Outro ponto importante é que os produtores precisam se preocupar em sempre rotacionar o mecanismo de ação do herbicida. Isso porque uma das formas de resistência está na seleção de biótipos resistentes no campo, portanto, quando é aplicada sempre a mesma molécula, há a pressão de seleção.
Então, um dos principais pilares para evitar ou retardar o surgimento de biótipos resistentes no campo é rotacionar o mecanismo de ação para evitar a pressão de seleção sobre os alvos.
Outra ferramenta importante de evitar a resistência de plantas daninhas é sempre fazer uso de herbicidas pré-emergentes, que são ferramentas que permitem naturalmente evitar que esses alvos estejam presentes na área. Isso porque eles impedem a germinação ou a emergência de novas plantas daninhas.
Então, quanto menor a presença de plantas daninhas, menor a pressão na área e menor será a necessidade de uso de herbicidas. Com isso, reduziremos a pressão de seleção, evitando o surgimento de biótipos resistentes.

Na hora certa

Não existem milagres contra as plantas daninhas. O ideal é controlar naturalmente sempre no estágio correto, e evitar aquelas que estão presentes nas áreas com herbicidas, rotacionando os mecanismos de ação para evitar a pressão de seleção sobre novos alvos.
As moléculas mais recentes são da década de 90, devido à dificuldade já mencionada no lançamento de novos produtos. Assim, o que tem sido feito é a mistura de moléculas já existentes, para ampliar o espectro de controle sobre diversos alvos, o que ajuda bastante no manejo de plantas daninhas na área.

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