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Fertilizante de liberação controlada é tendência

José Geraldo Mageste

Engenheiroflorestal, Ph.D. e professor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU)/ICIAG

jgmageste@ufu.br

Daniela Flávia Said HeidSchettini

Engenheira florestal

daniela.silva@ufv.br

João Flávio da Silva

Engenheiro florestal, doutor em Melhoramento Florestal e gerente de Pesquisa da Eldorado Brasil ” Três Lagoas

joao.silva@eldoradobrasil.com.br

 

Crédito Adilson Santos
Crédito Adilson Santos

A tecnologia de aplicação do fertilizante de liberação controlada é uma tendência, principalmente para espécies florestais, pois pode ser facilmente entendido que existe um aumento da demanda dos nutrientes com o maior crescimento das árvores.

Assim, pode haver uma economia considerável na quantidade necessária de fornecimento para as plantas, já que existe uma maior eficiência na utilização dos nutrientes do fertilizante. Além do mais, haverá uma grande facilidade de manejo, pois maiores quantidades podem ser aplicadas no momento do plantio de uma única vez.

Espécies como o mogno, que possui um arranque de crescimento muito acelerado quando comparado com outras árvores, como eucalipto e seringueira, ou até mesmo o pinus, aumentam consideravelmente sua demanda por nutrientes do plantio até os dois a2,5 anos de vida.

Esta é uma espécie extremamente eficiente na nutrição com fertilizantes de liberação controlada, evitando-se perdas de adsorção (prisão às argilas) ou lixiviação no perfil do solo.

Diferencial dos fertilizantes de liberação lenta

O maior diferencial dos fertilizantes de liberação lenta está na qualidade de fornecimento. Além de evitar perdas por lixiviação ou utilização por plantas invasoras (já que fica mais distante do sistema radicular destas), existe uma liberação lenta e controlada, evitando-se, principalmente, a deficiência da maioria dos nutrientes para estas espécies.

A deficiência nutricional pode ser danosa para o crescimento e o desenvolvimento das plantas.

Benefícios para a silvicultura

O casamento de silvicultura e fertilizantes de liberação parece ser o mais perfeito em termos de nutrição de plantas dos últimos anos. Enquanto o ciclo da maioria das culturas anuais não chega a 120 dias, e a paralisação por demanda de nutrientes acontece rapidamente após o crescimento das plantas, na silvicultura acontece exatamente o contrário, com aumento de demanda após o arranque inicial da planta.

É preciso ressaltar a redução de custos com adubações de cobertura, além do fato de que nesta última o deslocamento do fertilizante até a zona de crescimento/absorção das raízes nem sempre pode ser observado.

Assim, se o fertilizante de liberação lenta já for colocado (fornecido) dentro da cova nas proximidades onde haverá o crescimento radicular, o fornecimento será constante, sem as dificuldades de deslocamento do adubo da superfície até esta (como nas adubações de cobertura).

Outra vantagem é a não interrupção de fornecimento do nutriente durante o ciclo inicial de desenvolvimento da planta. Assim, não existe dependência de condições climáticas ideais para se adubar ou o aparecimento de sintomas de deficiência para serem corrigidos. O fornecimento do nutriente será quase que constante, atendendo a demanda da planta.

 

Manejo

Não existem modificações nos tratos silviculturais que possam diferenciar aqueles que utilizam este tipo de fertilizante. Todo povoamento florestal deve evitar a concorrência com ervas daninhas, principalmente nos primeiros anos de formação. Isto é igual para a maioria das espécies, mesmo aquelas que farão a composição arbórea de um sistema silvipastoril.

A colocação deste fertilizante no fundo da cova ou onde haverá o maior desenvolvimento de raízes no sulco de plantio facilitará a absorção contínua e, consequentemente, um maior e mais constante desenvolvimento das árvores.

Dois extremos são comuns no uso do fertilizante de liberação controlada. Um erro muito observado é a superdosagem. Isso porque alguns silvicultores costumam não acreditar nas recomendações já estudadas e testadas, e dobram a quantidade de fertilizante por planta. Isto é um desperdício, já que não existirá sistema radicular para absorver todo o fertilizante disponível.

No outro extremo estão aqueles que, na ânsia de economizar, reduzem a dose à metade, acreditando que as raízes possam ter qualquer mecanismo que consiga retirar mais nutriente do que o fertilizante fornece. Aí, certamente aparecerão os indesejáveis sintomas de deficiência, reduzindo o desenvolvimento normal dos indivíduos arbóreos.

A recomendação do uso de fertilizantes de liberação lenta deve ser rigorosamente obedecida, sob pena de menor produtividade em caso de descompasso com o que já foi estudado, testado e recomendado.

Essa matéria você encontra na edição de janeiro/fevereiro 2017  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua.

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