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Fertilizantes fluídos: solúveis e de fácil aplicação

Divulgação

Saulo Strazeio Cardoso
Engenheiro agrônomo, doutor em Produção Vegetal e professor – Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu) e na Faculdade Doutor Francisco Maeda (Fafram)
saulo.cardoso@fazu.br
Marcela Caetano Lopes
Bióloga, doutora em Agronomia e professora – Fafram
marcela.lopes@fafram.com.br

A forma mais simples para definir um fertilizante fluido se dá a partir da sua própria natureza, ou seja, fertilizantes simples ou complexos que podem ser manipulados, transportados, armazenados e distribuídos na forma líquida em solução ou suspensão.

Sendo assim, são divididos em duas categorias: tanto na forma de solução, que é clara o suficiente para se ver através do líquido, livre de sólidos, não separa em fases e não decanta; quanto na forma de suspensão, na qual não é possível se ver através do líquido, pois é uma solução saturada com pequenos cristais suspensos, geralmente por argilas.

Detalhes e especificações sobre os principais temas presentes na legislação dos fertilizantes fluidos – registro, garantias e parâmetros de qualidade dos insumos, limite máximo de contaminantes, produção e comércio, embalagem e rotulagem, fiscalização, sanções administrativas – podem ser consultados no site do MAPA (www.agricultura.gov.br).

Tendência

Seu uso está cada vez mais ganhando espaço no mercado. Nos Estados Unidos, cerca de 40% dos fertilizantes utilizados são fluídos e no Brasil seu uso está se difundindo (5%) e despertando atenção das maiores empresas do ramo.

Eles promovem aumentos de eficiência do uso dos nutrientes por alguns fatores, em virtude da facilidade no manuseio, melhor distribuição no solo e maior eficiência agronômica pelo uso de fontes combinadas.

Porém, sua utilização deve ser analisada para se determinar a real eficiência para o fornecimento dos nutrientes às plantas, que variam com os fatores locais de clima, solo e cultura.

Entre um e outro

Em relação aos fertilizantes minerais, os fertilizantes fluidos apresentam uma série de vantagens. Quanto ao rendimento operacional, ele possibilita maior velocidade de trabalho, podendo alcançar 250 ha.dia-1, contra apenas 50 ha.dia-1 de adubos sólidos, em virtude da facilidade de manuseio e uniformidade de aplicação em superfície, não apresentando perdas por segregação dos componentes.

Outras vantagens da utilização dos fertilizantes líquidos são as reduzidas perdas por volatilização de amônia, principalmente em situações de altas temperaturas, e a possibilidade de misturas de P, S, K e micronutrientes com maior homogeneidade.

Necessitam de menor mão de obra, pois todo o sistema de transferência, desde a fábrica até a aplicação, é feita por bombas e mangueiras. Quanto à logística, possibilita baixos custos operacionais e melhor controle de estoque no armazenamento. Por ser feito em tanques, dispensa a necessidade da construção de armazéns e a necessidade de sacos plásticos.

Ao se tratar da aplicação dos fertilizantes fluidos diretamente no solo junto à operação de semeadura, a atribuição de eficiência é mais elevada. De forma geral, os produtos apresentam características que permitem a absorção pelas plantas de forma imediata, logo, os nutrientes disponibilizados pelos fertilizantes fluidos ficam menos suscetíveis a perdas por fixação e lixiviação.

Nesse contexto, há também um benefício ambiental, pois reduz a possibilidade do arraste dos produtos pela chuva, que muitas vezes tem como destino rios, lagos e aquíferos, evitando a possibilidade de contaminação.

Fique sabendo

Os fertilizantes fluidos apresentam algumas desvantagens expressivas, como menores concentrações de nutrientes; necessidade de agitação durante o transporte, quando no uso de suspensões; alto investimento inicial e maior dificuldade nas formulações P – K.

Para a fabricação de soluções ou suspensões, existem dois processos principais:

• Mistura a quente (hot mix), assim denominada porque envolve a reação química entre amônia anidra ou aquamônia e ácido fosfórico, produzindo fosfato de amônio na forma líquida (reação exotérmica), e;

• Mistura a frio (cold mix), em que são utilizadas matérias-primas como 06-30-00, H3PO4, uran, 00-00-15, as quais dão origem a diversas fórmulas, como 10-00-10, 12-00-08, 2-10-10, dentre outras.

Direto da fonte

As principais matérias-primas utilizadas para a fabricação de fertilizantes fluidos podem ser divididas entre as fontes para cada nutriente utilizado, assim como fontes mais utilizadas para cada nutriente:

Fontes de nitrogênio: nitrato de amônio, ureia e sulfato de amônio;

Fontes de fósforo: MAP e ácido fosfórico;

Fontes de potássio: cloreto de potássio;

Fontes de outros nutrientes: sulfato de zinco, sulfato de cobre, ácido bórico, molibdato de sódio, ácido húmico.

Manejo

Para a aplicação dos adubos fluidos, é fundamental que se tenha conhecimento a respeito das necessidades de cada cultura (exigências nutricionais, época de plantio, condução ou irrigação, produção esperada, tipo de solo), bem como as características do produto a ser aplicado.

Diante essas informações, a formulação e a diluição do produto determinam se o equipamento precisa ou não de agitação. A mobilidade e as formas de absorção do fertilizante na planta definem o posicionamento correto da aplicação do produto (diretamente no solo, superficial ou em profundidade, misturado ou não com herbicidas (ver compatibilidade), pulverização nas folhas e fertirrigação), e as características físico-químicas, como volatilidade, por exemplo, indicam o posicionamento adequado das moléculas quando na sua injeção.

Sendo assim, o equipamento ideal é aquele capaz de aplicar o produto selecionado na cultura desejada, no timing correto, proporcionando maior segurança ao aplicador, menor contaminação ambiental e maior aproveitamento pela cultura.

Culturas beneficiadas

O uso de adubos fluidos na lavoura cafeeira tem mostrado resultados satisfatórios, tanto do ponto de vista prático quanto econômico. Resultados médios alcançados em experimentação no campo indicam redução no número de parcelamentos (de quatro a seis) para somente dois, bem como redução de 15 a 30% nas doses dos adubos, obtendo-se a mesma eficiência, porém, sem prejudicar a produtividade e o desenvolvimento das lavouras.

Na cultura da cana-de-açúcar, estudos têm demonstrado resultados positivos da adubação fluida em cana-planta e soca, seja via fertirrigação ou aplicação aérea. Já para a cultura dos citros, aplicações feitas via fertirrigação têm sido realizadas no mínimo duas vezes por semana, tendo-se observado um maior desenvolvimento radicular e das plantas.

As vantagens da adubação fluida são muitas, o que torna essa prática bastante promissora no contexto da agricultura brasileira. Porém, são necessárias, ainda, mais pesquisas na busca de novas tecnologias, aprimoramento das técnicas atuais e viabilização das fontes alternativas de fertilizantes, principalmente nitrogenados.

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