Douglas José Marques – Doutor e professor – Universidade Federal de Uberlândia (UFU) – douglas.marques@ufu.br
O fósforo (P) é um macronutriente essencial para as todas as culturas, sendo o nutriente que mais limita a produção do feijoeiro, especialmente no Brasil, devido à baixa disponibilidade no solo.
O fósforo participa de muitos compostos das plantas, essenciais em diversos processos metabólicos; é importante no desenvolvimento inicial das raízes e tem função básica na promoção de um adequado desenvolvimento da semente.
O adequado fornecimento deste nutriente para a planta contribui para aumentar o potencial de rendimento e reforça a defesa natural contra patógenos. Sua deficiência tem efeito drástico sobre o crescimento, reduzindo tanto a respiração como a fotossíntese.
A taxa de absorção dos fertilizantes fosfatados normalmente empregados na adubação do feijoeiro é bastante variável, dependendo do tipo de solo e da qualidade do fertilizante. A maioria do fósforo aplicado tende a ficar retido no solo em estado mais ou menos disponível, dependendo da forma, das condições e do tempo em que os fosfatos ficam em contato com o solo.
O fósforo aplicado via adubação fica adsorvido nos coloides do solo, precipitado com o ferro e alumínio (em pH alto pode haver precipitação com o cálcio) ou podem formar compostos mineralogicamente estáveis, que não estão disponíveis para as plantas.
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Para suprir o P do solo aplica-se adubos fosfatados como superfosfato simples ou triplo, entre outros. Uma fonte alternativa para fornecer P para as plantas é o fosfito, que pode ser utilizado para aumentar a produtividade de várias culturas.
Benefícios proporcionados
A adequada nutrição das plantas é considerada um dos fatores mais importantes para o metabolismo das plantas, favorecendo o aumento da produção, por isso, é necessário um suprimento balanceado de nutrientes para favorecer o crescimento das plantas e ativar os processos naturais de defesa e propiciar ganhos significativos na produção.
Neste contexto, os fosfitos podem ajudar o incremento da produção e redução dos efeitos das doenças sobre as culturas, o que irá favorecer o enchimento dos grãos e o consequente aumento na produtividade agrícola.
Por ser considerado um excelente complexante de outros nutrientes, o fosfito favorece a absorção de cálcio (Ca), boro (B), zinco (Zn), molibdênio (Mo), potássio (K) entre outros. Sua aplicação ajuda no controle e prevenção de doenças fúngicas, uma vez que estimula a produção de substâncias que inibem o desenvolvimento de fungos, como as fitoalexinas, que promovem a autodefesa nas plantas, favorecendo o aumento na resistência natural das plantas e a inibição da germinação de esporos de fungos.
Sua absorção pela planta é rápida, acontecendo via raízes e folhas, o que irá proporcionar maior brotação, floração e pegamento das flores e formação das vagens.
A aplicação do fosfito proporciona vários efeitos positivos às culturas:
ð Aumenta o teor de clorofila na planta;
ð Estimula a fotossíntese;
ð Favorece o desenvolvimento radicular;
ð Aumenta a produção;
ð Eficaz no controle de várias doenças;
ð É uma fonte de fósforo prontamente assimilável pelas plantas;
ð Aumenta a produtividade das culturas e a qualidade das partes colhidas.
Detalhes do manejo
Devido ao seu caráter sistêmico, os fosfitos podem ser aplicados em pulverização foliar. Essa forma é a mais comumente utilizada pelos produtores, já que acontece em conjunto com outros agroquímicos no controle de pragas e doenças. De maneira geral, o manejo recomendado deve ser o seguinte:
” O fosfito deve ser aplicado durante o ciclo de desenvolvimento das culturas, iniciando-se na fase vegetativa da planta.
” A aplicação de fosfitos deve ser realizada com pulverizadores, aplicando a solução de maneira a efetuar uma cobertura uniforme de toda cultura, evitando-se a pulverização durante as horas mais quentes do dia.
” A utilização de fosfitos na produção vegetal deve ser, principalmente, de forma preventiva.
” A aplicação pode ser feita na planta todo, pois o caráter sistêmico dos fosfitos favorece a sua rápida absorção e sua distribuição para caules e folhas.
” O uso do fosfito via foliar favorece o aumento na absorção de vários nutrientes essenciais, resultando em incremento na produção.
” A dosagem da aplicação do fosfito irá variar em função do produto aplicado.
” Recomendam-se de sete a 10 aplicações quinzenais até o final da fase vegetativa da cultura.
Na prática
Esse produto tem a propriedade de estimular a formação de substâncias naturais de autodefesa da planta (fitoalexinas), protegendo-a do ataque de fungos, bem como apresentam efeito fungicida, atuando diretamente sobre o fungo.
Os fosfitos, isolados ou em combinação com fungicidas, podem auxiliar na redução da intensidade de doenças causadas por fungos parasitas obrigatórios ou facultativos em várias plantas cultivadas.
Pode ser utilizado o fosfito de potássio, de magnésio, de zinco, de cálcio ou de molibdênio.
A aplicação de fosfitos deve ser realizada em pulverizações foliares, aplicando a solução de maneira a efetuar uma cobertura uniforme de toda a cultura. Alguns aspectos técnicos devem ser considerados nesta operação:
; Deve-se evitar a pulverização durante as horas mais quentes do dia.
; Os melhores resultados são obtidos utilizando vazões superiores a 200 L ha-1.
; Armazenar o produto em local fresco, seco e ventilado, ao abrigo dos raios solares.