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Fósforo proporciona rendimento e crescimento da beterraba

Cristina Maria de Castro

Pesquisadora científica IV ” APTA Polo Vale do Paraíba (SP)

cristinacastro@apta.sp.gov.br

Créditos Shutterstock
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Hortaliças geralmente possuem ciclo curto, demandando que os nutrientes estejam prontamente disponíveis no solo por ocasião do seu crescimento. No Brasil, país tropical, os processos biológicos são intensos, e tanto a liberação quanto a imobilização dos nutrientes ocorrem simultaneamente.

Os solos brasileiros, em sua maioria, possuem baixa fertilidade e baixos teores de fósforo (P) disponível para as plantas. A fixação desse elemento, na maioria dos solos, é bastante elevada, principalmente naqueles ricos em sesquióxidos de ferro e/ou de alumínio e ácidos.

O nutriente fósforo é importante na formação do ATP (trifosfato de adenosina), que será a principal fonte energética da planta, energia esta utilizada no transporte de assimilados, na divisão celular e na transferência de informações genéticas. Portanto, o fósforo não deve faltar!

Para a beterraba

A beterraba (Beta vulgaris) pertence à família das Quenopodiaceas, de origem europeia, portanto, de clima temperado. A parte comestível não é a raiz – a planta desenvolve uma típica parte tuberosa, o entumescimento do caule, logo abaixo das folhas cotiledonares (hipocótilo), de formato globular.

Alguns autores classificam a beterraba como hortaliça com baixa resposta à aplicação de fósforo, porém, pesquisas mais recentes comprovam o efeito positivo da aplicação de P na produção de massa fresca e seca da beterraba, com crescimento linear, isto é, à medida que aumenta o teor de fósforo no solo o mesmo acontece à produtividade, sendo que, na ausência de fósforo, as plantas não desenvolvem a parte tuberosa e a parte aérea fica reduzida, com sintomas de deficiência, com o arroxeamento das folhas.

Por ser uma cultura que não faz associação com micorrizas, fungos benéficos presentes no solo que se associam às raízes das plantas aumentando a área das raízes e permitindo uma maior área de exploração do solo, absorção de fósforo e demais nutrientes, a adubação com fósforo torna-se imprescindível.

Créditos Shutterstock
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Rendimento e crescimento da beterraba

Estudos revelam que o crescimento da beterraba é lento até os 30 dias, e que o acúmulo de fósforo na parte aérea é maior até 40-50 dias após o plantio para o estabelecimento dos órgãos responsáveis pela fonte de fotoassimilados (folhas).

A partir dos 50-60 dias, a maior demanda e acúmulo de massa seca passa para a parte tuberosa, que se torna o dreno da planta. Quando comparado aos demais nutrientes, como N e K, a quantidade de fósforo retirada pela beterraba é baixa, porém, devido a sua importância, já citada nos processos biológicos, não pode faltar em nenhum dos estágios.

A aplicação

O fósforo é um nutriente de baixa mobilidade no solo, devendo ser aplicado o mais próximo das raízes, no sulco de plantio. No caso de o horticultor fazer mudas para posterior transplantio, o substrato utilizado deverá ser balanceado. No caso de plantio direto na área, a aplicação do fósforo deve ser toda de forma localizada no sulco de plantio.

A adição de matéria orgânica também deve ser prática rotineira do horticultor, pois, além de ajudar a aumentar os níveis de fertilidade, favorece e aumenta os microrganismos do solo que atuam na solubilização dos nutrientes, incluindo o fósforo.

Dosagem recomendada

A adubação deve ser balizada na análise de solo. Estudos onde foi realizada aplicação de doses de fósforo em nível crescente mostram rendimento e crescimento lineares da beterraba, isto é, à medida que aumenta a dose, o mesmo acontece no crescimento e matéria fresca e seca, tanto da parte aérea quanto da raiz tuberosa.

Porém, deve-se levar em conta a relação custo-benefício e fatores associados à imobilização de P no solo. Em solos de fertilidade mediana a baixa, Filgueira ” Novo Manual de Olericultura, recomenda a aplicação de fósforo por ocasião do plantio de 200-350 kg/ha de P2O5, o que corresponderia à adubação de 540 a 945 kg/ha de superfosfato triplo.

Custo-benefício

O produtor deve ter bom senso ao avaliar a relação custo-benefício do uso de fósforo. Para culturas com alto retorno econômico, como hortaliças, a preferência deve ser por fosfatos de alta eficácia imediata, como os solúveis em água, a exemplo do superfosfato simples (16% solúvel em água) e superfosfato triplo (37% solúvel em água). Para produtores orgânicos, uma boa opção é o termofosfato que, além de fósforo, fornece micronutrientes.

A cultura da beterraba possui ciclo curto, apresenta poucos problemas fitossanitários quando cultivada nas épocas de temperatura amena, não exigindo do produtor investimentos em defensivos, sendo compensador o investimento na adubação correta visando maior produtividade e qualidade final do produto.

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