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Genética – Gargalos ainda existem

 

Luiz Jorge da Gama Wanderley Junior

Engenheiro agrônomo e diretor-gerente da Hortivale

luizjorge@hortivale.com.br

Roberto de Albuquerque Melo

Professor de Horticultura Geral da UFRPE

 

A batata passou por melhoramentos que permitiram sua produção durante todo o ano - Crédito Shutterstock
A batata passou por melhoramentos que permitiram sua produção durante todo o ano – Crédito Shutterstock

A comunidade científica tem se dedicado a pesquisar os impactos potenciais das adversidades climáticas no crescimento, desenvolvimento e produtividade das culturas agrícolas. Essas pesquisas são especialmente importantes por ajudarem a prever mudanças no manejo e zoneamento das culturas, e indicar os rumos que deve seguir o melhoramento genético na seleção de novos genótipos.

O melhoramento genético é um dos principais recursos que o pesquisador usa para selecionar, desenvolver e adaptar as variedades de plantas às diversas condições, sejam climáticas, resistências a doenças e pragas, melhoria no teor de nutrientes, conservação, além de inúmeras outras características.

Com relação às adversidades climáticas, este mesmo princípio se aplica quando o pesquisador procura selecionar genótipos a condições adversas de clima, como temperaturas elevadas e/ou a estresse hídrico, por exemplo.

Estudos

As linhas de pesquisa focam o comportamento e melhoramento das espécies cultivadas - Créditos Shutterstock
As linhas de pesquisa focam o comportamento e melhoramento das espécies cultivadas – Créditos Shutterstock

Inúmeras instituições de pesquisa público e privadas têm trabalhado no desenvolvimento de variedades mais adaptadas à  nova realidade em todo o mundo. No Brasil, alguns exemplos podem ser citados:

– O IPA (Instituto Agronômico de Pernambuco), desde as décadas de 60-70 tem trabalhado com algumas espécies, adaptando as condições do Semiárido nordestino, dentre as quais o sorgo, milho, feijão, cebola e tomate.

– A Embrapa é outro órgão que trabalha fortemente no desenvolvimento e adaptação de diversas espécies as inúmeras condições climáticas do Brasil.

– A UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) recentemente lançou diversas variedades de alface tropicalizadas, ou seja, adaptadas de condições de clima Temperado para a realidade de clima Tropical e Subtropical do Brasil.

– O IAC e a ESALQ, ambos em São Paulo, há muitos anos vêm trabalhando com bastante sucesso no desenvolvimento de variedades de várias espécies e para as diversas condições climáticas da região Sudeste e do Brasil. Muitos destes materiais têm sido plantados em todo o Brasil e até no exterior.

– No âmbito de instituições privadas, um grande número de empresas, sejam elas de capital nacional ou estrangeiro, têm desenvolvido e introduzido cultivares e híbridos adaptados às diversas condições climáticas do Brasil.

O que já está disponível

Atentando-se apenas às hortaliças, podem ser citados inúmeros materiais, já disponíveis para os produtores. Entre eles estão os tomates adaptados para produção em temperaturas elevadas e resistência a doenças como gemnivirus e vírus do vira-cabeça, muito importantes nos últimos anos.

Um dos exemplos é o Tomate Ferraz IPA-08, lançado recentemente e em fase de registro no RENASEM do Ministério da Agricultura. O IPA também foi pioneiro no desenvolvimento de uma série de variedades de cebola adaptadas às condições do Nordeste do Brasil, resultando assim no importante polo de produção de cebola.

A Embrapa Hortaliças tem lançado alguns tomates também com diversas fontes de resistência a pragas e doenças, dentre os quais podem ser citados o Viradouro e BRS Sena para a indústria de processamento e o BRS Couto para o mercado fresco, entre outros.

As empresas de sementes de hortaliças, seja por meio de pesquisa própria ou de parcerias com instituições públicas e privadas, tem trabalhado fortemente no melhoramento genético, disponibilizando, ano após ano, uma grande quantidade de novos híbridos, com as mais diversas características.

Já existe uma boa gama de materiais disponíveis, sendo este um trabalho contínuo, resultando em inúmeros lançamentos a cada ano. Nos catálogos das empresas, sejam elas públicas ou privadas, e por meio de seus departamentos técnicos, o agricultor pode ter acesso a um grande número destas variedades.

No campo

Créditos Shutterstock
Créditos Shutterstock

No campo, os resultados são os mais diversos possíveis. Antes de decidir pelo uso de alguma nova variedade, entretanto, o agricultor deve estar assessorado tecnicamente para que possa verificar as vantagens e desvantagens de cada material.

A não ser para materiais já consolidados no mercado e onde possa ter informações mais concretas, o agricultor deve plantar, inicialmente, em áreas menores e avaliar se realmente estes novos materiais atenderão as suas expectativas.

Deve, ainda, observar a adaptação a condições adversas de clima, resistência a pragas e doenças, como também as características intrínsecas dos produtos com relação à aceitação do mercado, durabilidade do produto e sabor.

Portanto, o melhoramento genético das culturas, associado às práticas adequadas de manejo e avanços tecnológicos, foi responsável pelo aumento da produtividade observada nas últimas décadas.

Essa é parte da matéria de capa da edição de maio da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira a sua para leitura completa!

 

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