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Girassol é o grande aliado das próximas safras

Cesar de CastroPesquisador da Embrapa Soja

Vicente de Paulo Campos GodinhoPesquisador da Embrapa Rondônia

Girassol – Crédito Shutterstock

Para a produção do girassol, a disponibilidade de nutrientes no solo deve ser classificada como média a alta, principalmente para o potássio, já que sua absorção é elevada, acumulando em média 170 kg de K2O na parte aérea, para cada tonelada de grãos produzida.

Contudo, a quantidade de potássio exportada através dos grãos (aquênios) na colheita é baixa, alcançando em torno de 7,0 kg de K2O por tonelada de grãos. Esta alta capacidade de absorção de nutrientes está diretamente relacionada à capacidade de aprofundamento das raízes e exploração de grande volume do solo, absorvendo os nutrientes que estão abaixo do alcance das raízes de outras culturas, o que se traduz em elevada capacidade de ciclagem de nutrientes.

Essa característica de grande capacidade de explorar as camadas subsuperficiais do solo e reciclar nutrientes, em especial o potássio, se deve à grande capacidade das raízes de explorar um maior perfil do solo e absorver água e nutrientes.


Curiosidade

Como curiosidade sobre a capacidade do girassol acumular nutrientes, a Rússia produziu e exportou potássio no início do século XX utilizando como fonte do K cinza de caule do girassol, onde o nutriente é mais acumulado.


Mais que benefícios

Portanto, os restos culturais do girassol beneficiam as culturas em sucessão, em função dos teores de nutriente e da elevada taxa de decomposição de alguns componentes da planta, como as folhas e os capítulos, que apresentam baixa relação C/N e liberação rápida dos nutrientes contidos na palhada, na superfície do solo. Estes resíduos representam, em média, 24% do total de matéria seca produzida, que é rapidamente decomposta, liberando os nutrientes para a cultura seguinte.

Por outro lado, o caule, que pode representar até 51% da massa total, mostra alta relação C/N e, portanto, uma menor taxa de decomposição e liberação de nutrientes com uma dinâmica mais lenta. Assim, o girassol apresenta duas características interessantes para o cultivo em sucessão em sistemas de rotação em semeadura direta, que são a formação de palhada a alta taxa de reciclagem de nutrientes.

Safrinha

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No Brasil, o girassol é cultivado principalmente como segunda safra, de modo geral, após a cultura da soja, podendo ser uma alternativa econômica ou de diversificação da sucessão de cultivo interessante, desde que tenha uma logística de comercialização.

Nos últimos anos, apesar da rentabilidade positiva nas principais regiões produtoras, o girassol vem perdendo espaço para commodities como o milho em sucessão à soja, em função de sua maior liquidez.

Não obstante a capacidade do girassol de melhorar o aproveitamento de água, seu plantio deve seguir as informações contidas no “Zoneamento agrícola de risco climático” para esta cultura que, entre outras características, leva em consideração o tipo de solo, ciclo da cultivar e manejo do solo 

Para os interessados no cultivo de girassol, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) publicou, recentemente, as Portarias que atualizam o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a cultura do girassol.

O Zarc é uma poderosa ferramenta de análise de risco em função da data de semeadura e variabilidade climática e que considera as características da cultura e do solo. Ou seja, é uma indicação das probabilidades de perdas de rendimento devido à ocorrência de eventos meteorológicos adversos. Ou seja, o ZARC possibilita definir as áreas e os períodos de semeadura com menos risco de frustração de safra.

A cultivar certa

Um dos fatores para o sucesso do estabelecimento da cultura do girassol depende, além dos fatores já citados, da escolha de cultivares adaptadas às diferentes regiões de cultivo. Para isso a Embrapa coordena uma “Rede de Ensaios de Avaliação de Genótipos de Girassol”, em diferentes regiões do País, juntamente com várias instituições de ensino e pesquisa.

Nestas avaliações, que podem ser consultadas no site da Embrapa (https://www.bdpa.cnptia.embrapa.br/consulta/), é possível encontrar híbridos com elevado potencial produtivo.

Por outro lado, apesar de alguns produtores nas principais regiões produtoras do País, como o Mato Grosso e Goiás, alcançarem produtividades superiores a 2.400 kg/ha em sucessão à soja, a produtividade média do Brasil gira em torno de 1.600 kg/ha. Isso demonstra que a aplicação de um melhor pacote tecnológico, híbridos adaptados, solos corrigidos, fertilidade construída e data de semeadura obedecendo as instruções do Zarc, podem aumentar os patamares de produtividade e a rentabilidade dos agricultores.

Portanto, se a cultura for implantada na janela ideal de cultivo e em solos adequados ao seu cultivo, e com logísticas favoráveis de comercialização, tem propiciado retorno financeiro ao agricultor. Vale lembrar que o girassol tem perdido espaço em função da maior liquidez de comodites como o milho e algodão.

Anote aí

Dentre os erros mais frequentes cometidos pelos agricultores está o plantio fora de época, acreditando que o girassol é capaz de produzir com pouquíssima quantidade de água. Esse equívoco se deve à sua propalada resistência à seca, que na verdade depende de vários fatores, como características da cultivar, tipo de solo e manejo da cultura e do solo adotado na área.

Solos com maior profundidade do perfil, cobertura de solo, matéria orgânica e boa fertilidade, livre de alumínio tóxico, têm maior capacidade de retenção de água e possibilitam à cultura suportar melhor os períodos de estresse hídrico. Vale ressaltar que os estádios de maior demanda hídrica para a cultura giram em torno do florescimento e enchimento de grãos.

Assim, conforme já citado, o agricultor deve avaliar os diferentes fatores para o cultivo da cultura, levando em consideração o ciclo da cultivar, as características físicas, químicas e biológicas do solo, além do zoneamento agrícola de risco climático.

Um aspecto muito interessante do girassol, além dos atributos já citados, são as características do seu óleo, que é muito valorizado na cozinha em muitos países e na indústria. Portanto, a versatilidade da cultura pode ir além dos limites propostos.

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