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terça-feira, maio 7, 2024
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Hora de podar as ameixeiras

Realizar a poda é essencial para uma produção de sucesso.

Givago Coutinho
Doutor em Fruticultura e professor efetivo do Centro Universitário de Goiatuba (UniCerrado)
givago_agro@hotmail.com

Do ponto de vista econômico, há duas espécies de ameixeira importantes comercialmente, as quais se destacam nos cultivos, sendo elas Prunus domestica L. e Prunus salicina Lindl.
A espécie Prunus domestica L., também conhecida como ameixeira europeia, teve sua origem na Ásia Oriental a partir da hibridação entre P. cerasifera e P. spinosa. Esta espécie é especialmente cultivada na Europa, na Argentina e no Chile, requerendo uma maior quantidade de horas de frio para frutificação.
Já a espécie Prunus salicina Lindl., também conhecida como ameixeira japonesa, é originária da China, além de ter seu cultivo já há milhares de anos.

Podas

Como se tratam de duas espécies diferentes, é natural que os tratos culturais também sejam distintos no que se refere à forma de realização. Dentre os principais tratos culturais na condução do pomar de ameixeiras, a poda é primordial para a produção adequada das plantas.
Além da poda, estão relacionados como principais tratos culturais a adubação, controle de plantas invasoras, pragas e doenças, raleio de frutos, irrigação e colheita.
Os cuidados com a poda são essenciais no manejo do pomar, pois ela atua de modo a evitar plantas sobrecarregadas de frutos, o que é comum entre as ameixeiras japonesas, sendo importante fazer um desponte dos ramos. O encurtamento estimula o crescimento vegetativo e diminui a carga de frutas.

A poda é primordial para a produção adequada das ameixeiras
Foto: Depositphotos

O que você precisa saber

A ameixeira, assim como espécies como o pessegueiro (Prunus persica (L.) Batsch), nectarineira (Prunus persica (L.) Batsch leavis) e damasqueiro (Prunus armeniaca L.) são pertencentes à família Rosaceae, subfamília Prunoidea e gênero Prunus.
São espécies de clima temperado e assim sendo, caducifólias. A indução floral tem início entre os meses de junho e agosto, de modo que as gemas que são diferenciadas passam o inverno nesse estádio. Com a elevação das temperaturas na primavera, tem início a brotação das gemas e o desenvolvimento das flores. O desenvolvimento foliar é posterior à floração.


As ameixeiras cultivadas no Brasil pertencem a dois grupos distintos botânicos e que apresentam hábitos de frutificação diferentes:
 Prunus domestica: ameixeira europeia com variedades pouco adaptadas ao Brasil e sendo mais cultivadas em regiões de inverno rigoroso, como sul de Santa Catarina e partes do Rio Grande do Sul. As ameixeiras europeias frutificam sobre ramos especializados, como os esporões e as brindilas, tendo assim ramos separados para vegetação e para frutificação. Os ramos especializados interessam e muito à prática da poda, pois é apenas neles que ocorre a frutificação neste caso.
 Os dardos, segundo Pereira (2019), são ramos pequenos, pontiagudos, com entrenós muito curtos. Desenvolvem-se lentamente e apresentam uma roseta de folhas nas extremidades.
 Os esporões são ramos com dois anos de idade, curtos (de 1,0 a 4,0 cm), com entrenós muito curtos, grossos e com gema florífera na extremidade. São dardos com mais de um ano, com gemas terminais florais.
 Já as brindilas são ramos finos, com 15 a 30 cm de comprimento, que portam, preponderantemente, gemas de flor, terminando tanto como gema de lenho como de flor.

Prunus salicina: ameixeira japonesa e seus híbridos entre P. salicina e espécies americanas. As cultivares e híbridos deste grupo têm um bom desenvolvimento em regiões de altitude, como nos Estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro, além de todo o Sul de Minas Gerais, Planalto de São Paulo e Estados da região sul.
Este grupo frutifica além dos esporões, também em ramos mistos, ou seja, aqueles que apresentam gemas vegetativas e gemas frutíferas uma ao lado da outra. É importante frisar que há diferenças entre os tipos de ramos, como os que são ramos “de ano” e “do ano” e saber como diferenciá-los.
Os ramos de ano são aqueles desenvolvidos no último ciclo vegetativo. É onde ocorre a frutificação das ameixeiras do grupo japonês e seus híbridos, além dos pessegueiros e das nectarineiras. Já ramos do ano são as brotações novas que vão se desenvolvendo durante o ciclo de crescimento presente, os quais proporcionarão a frutificação no ciclo seguinte.

A poda evita plantas sobrecarregadas de frutos
Fotos: Depositphotos

Floração

A poda nas ameixeiras é um importante fator de produção. Devido ao seu hábito de frutificação, as ameixeiras do grupo das salicinas, seus híbridos e derivados possuem o tipo de poda parecido com a do pessegueiro, devendo ser conduzida em sistema de taça aberta e submetida a podas anuais.
De modo geral, as ameixeiras japonesas apresentam um florescimento mais intenso que as europeias, devido à sua própria forma de floração se dar em diferentes tipos de ramos, quando comparado às europeias, que só florescem em um tipo específico.
As ameixeiras japonesas apresentam, em média, 40 flores a cada 25 cm de ramo. Sua poda de produção deve ser mais severa do que a das plantas do grupo europeu. Isso se deve, principalmente, ao fato de evitar a carga excessiva de frutos ou a alternância de produção.

Critérios

Outros fatores devem ser considerados na decisão do tipo e intensidade da poda. Além dos objetivos a serem alcançados, deve-se considerar também a influência do clima, do solo, do porta-enxerto e até da idade da planta.
Para a correta execução da operação de poda, é necessário bom senso e conhecimento dos seus princípios e finalidades e do hábito de frutificação da planta (ramos mistos, esporões e brindilas), não havendo uma regra invariável para a poda.

Tipos de podas

Para o manejo das fruteiras, de maneira geral, tanto para pessegueiros como para nectarineiras e ameixeiras são indicados basicamente quatro tipos de poda. Os tipos e suas finalidades são listadas a seguir, conforme Pereira (2019):
Poda de formação: tem por finalidade propiciar condições de altura de tronco e estrutura de ramos adequada à exploração das fruteiras. Se a poda for executada corretamente, a copa distribuir-se-á com harmonia, tendendo à simetria, e proporcionará uma disposição equilibrada das frutas, com arejamento e iluminação convenientes. A poda de formação deve ser realizada na fase juvenil da planta, durante os dois primeiros anos após o plantio. Seu início deve se dar concomitantemente com o plantio, ocasião em que a muda é podada a uma altura condizente com o sistema de condução que será adotado no pomar.
Poda verde: tem por finalidade melhorar a quantidade e a qualidade da frutificação do ano em curso; selecionar gemas de frutificação, eliminando ou suprimindo as gemas não necessárias; reduzir a dominância apical; antecipar a formação e o desenvolvimento do esqueleto da planta; e manter a forma e a dimensão da planta.
É uma prática importante para a redução do período improdutivo, principalmente porque facilita o controle do desenvolvimento da árvore de uma forma ‘suave’. É também importante para alguns sistemas de plantio de alta densidade nos quais o sombreamento pode causar perda de madeira na parte inferior do dossel.
Em geral, a coloração das frutas pode ser melhorada com a poda de verão. Pelo fato de em regiões de clima mais quente a ameixeira vegetar mais do que quando é cultivada em regiões mais frias, esse tipo de poda é necessário para eliminar ramos “ladrões”, mal posicionados, quebrados, doentes e aqueles que crescem em direção ao centro da planta.
Poda de frutificação: tem por finalidade deixar um número limitado e equilibrado de ramos vegetativos e frutíferos e manter a forma da copa, interferindo na tendência natural da planta de crescer demasiadamente em altura. A poda de frutificação das plantas deve ser feita anualmente.
Poda de renovação: é praticada com a finalidade de recuperar árvores mal conduzidas, excessivamente altas, debilitadas ou intensamente atacadas por doenças e/ou pragas.

Foto: Depositphotos

Recomendações

É recomendado, em função do sistema de condução a ser adotado, deixar nos primeiros anos, de duas a seis brotações equidistantes e em alturas diferentes na planta. Essas brotações irão originar as pernadas, que nada mais são do que as principais brotações (ramos).
Assim sendo, as pernadas são emitidas a partir do tronco, as quais, selecionadas durante a poda na fase juvenil, formarão o esqueleto das plantas. É importante se atentar que a posição acima recomendada das pernadas auxilia para dar maior resistência aos futuros ramos (pernadas).

Manejo ideal

Quanto aos sistemas de condução das plantas, é importante observar que as cultivares do grupo europeu são, geralmente, mais bem adaptadas ao sistema de líder central, enquanto as do grupo japonês adaptam-se melhor ao sistema de centro aberto.
Alguns fruticultores estão adotando sistemas alternativos de maior densidade, nos quais as plantas são conduzidas no sistema em “Y”.
As principais vantagens e desvantagens do sistema de condução em taça são:
Vantagens
Baixa densidade de plantas (de 420 a 555 plantas por hectare), o que ajuda a reduzir os custos de implantação. Demanda por mais tempo para a planta entrar em produção.
Não necessidade de suporte.
Baixa estatura das plantas, o que torna possível podar e ralear sem o uso de escadas

Desvantagens
Baixa produtividade inicial, se as árvores forem severamente podadas durante o período de formação.
Árvores baixas são mais propensas a danos causados por geadas.
Requerimento de poda detalhada e muito cara.
Maior dificuldade para realizar algumas práticas culturais, tais como aplicações de herbicida e roçada, em razão da expansão dos ramos inferiores.

As principais vantagens e desvantagens do sistema de condução em “Y” se encontram a seguir:
Vantagens
Adequação para altas densidades de plantio (de 900 a 1.500 plantas por hectare, podendo chegar a 2.000 plantas).
Antecipação da entrada das plantas em plena produção.
Aumento da produtividade de frutas.

Desvantagens

Custos mais elevados na implantação do pomar (maior número de mudas).
Necessidade de repetidas intervenções de poda verde para eliminar os “ladrões”, que surgem na parte interna dorsal das pernadas.
Racionalização do uso de agroquímicos.

Quando podar

Outro fator muito importante a ser observado é a época em que as podas são realizadas. Cada poda tem sua época correta, assim como sua forma de execução. Segundo Pereira (2019), as podas de formação, frutificação, verde e de renovação da ameixeira devem ser realizadas nas seguintes épocas:
Poda de formação: é realizada nos primeiros anos após a implantação do pomar e consiste na poda verde (primavera e verão) e na poda seca (inverno).
Poda de frutificação: a época apropriada é durante o período de repouso. Pode-se afirmar que a época ideal para a poda começa 15 dias antes da floração, estendendo-se até o período em que as plantas apresentarem 25% de flores abertas.
Poda verde: é praticada durante o período de vegetação, frutificação e maturação dos frutos.
Poda de renovação: a poda das plantas é realizada logo após o período de colheita.

Dicas importantes

Quando bem manejado e instalado corretamente, é esperado que a vida útil de pomares seja superior a 15 anos.
É muito importante se atentar ao fato de que, assim como outras espécies do gênero Prunus, além de gêneros como Pyrus, Malus, Rubus, dentre outras, a ameixeira apresenta autoincompatibilidade do tipo gametofítica, sendo necessário desenvolver estratégias que permitam a polinização cruzada.
Assim sendo, dentre as estratégias recomendadas estão a utilização do cultivo multivarietal, ou seja, com diversas cultivares na mesma área. Além desta, a utilização de polinizadores também é recomendada, sendo necessária a utilização de cultivares aceitas pelo mercado e que apresentem floração síncrona, ou seja, na mesma época em que as ameixeiras florescerem.
Outro fator importante diz respeito à observação de atributos como a coloração e o tamanho dos frutos, que são essenciais na qualidade dos frutos de caroço, tendo diversas técnicas culturais que podem ser utilizadas para aumentar e potencializar esses atributos.
Dentre essas técnicas estão o desbaste manual ou químico, anelamento de ramos e a aplicação de fitorreguladores.
O desbaste manual, por exemplo, é largamente utilizado para ocasionar o aumento do tamanho final dos frutos, visto haver uma relação muito estreita relação entre o número e o tamanho de frutos em fruteiras de caroço.
Entretanto, apresenta um elevado custo, sendo muitas vezes substituído pelo raleio químico com substâncias como ácido giberélico e ácido naftalenoacético. Contudo, o desbaste manual ainda é o mais utilizado devido à dificuldade na sua substituição por produtos químicos que alcancem resultados satisfatórios e que sejam fáceis de manusear.
O anelamento consiste em corte mais ou menos amplo realizado no caule e nos ramos principais que interrompe a circulação de seiva elaborada temporariamente, ou seja, até a sua cicatrização. A seiva elaborada ou fluido floemático é muito rica em substâncias orgânicas que são sintetizadas nas folhas e são imprescindíveis ao desenvolvimento de órgãos da planta, como os frutos.

Hormônios

A aplicação de fitorreguladores tem como objetivo inibir o desenvolvimento vegetativo, sendo que a resposta de sua aplicação depende da cultivar, das concentrações e das condições de aplicação.
Neste caso, são utilizadas substâncias como o paclobutrazol (PBZ). Outras, como o etephon, também podem ser utilizadas neste caso, tendo como objetivo o fato de que age para estimular a maturação do fruto de diversas cultivares.
Assim, fica evidente que, além da poda convencional, outras modalidades de poda também são utilizadas visando a melhoria da qualidade dos frutos nas fruteiras de caroço.

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