Existem várias motivações para se ter uma horta em casa, que vão desde ter alimentos extremamente frescos disponíveis para consumo, impulsionar hábitos de vida mais saudáveis, conectar-se mais com a natureza, utilizar como atividade terapêutica e até como ferramenta de aprendizagem e compartilhamento de conhecimento. Algumas dúvidas são recorrentes entre os hortelões iniciantes e nesta hora, a informação certa faz toda a diferença. Para sanar as principais dúvidas de quem está iniciando a horta, veja as principais dicas para quem quer iniciar sua horta com o pé direito. Confira!
Como eu começo?
O primeiro passo é escolher o local da horta, identificando espaços disponíveis para o cultivo com as condições favoráveis às plantas de interesse. Por exemplo, gostaria de plantar dentro ou fora de casa? Tenho espaço disponível para cultivo direto no solo ou meu cultivo seria em vasos? Qual a disponibilidade de luz do sol onde será a horta?
O que é preciso para a horta dar certo?
Dedicação e cuidados são fundamentais para que a horta dê certo. Entender quais as necessidades das plantas com relação à luz solar disponível, regas, adubação, controle de pragas e doenças, espaço para desenvolvimento, melhor época de cultivo das plantas escolhidas, fazer uso de produtos de qualidade, são pontos que levam ao sucesso na horta. Quando escolhemos sementes de ótima germinação, a muda cresce mais forte e o início do ciclo afeta diretamente no produto final, por exemplo, se for fazer uma muda para transplantar para um outro local, e esta muda não estiver com bom desenvolvimento, certamente terá problemas para fazer com que a planta se forme bem.
Quais os fatores que devo levar em conta na hora de escolher o local para a minha horta?
Para a produção de hortaliças é importante levar em conta a quantidade de luz solar direta disponível no local, ou seja, por quantas horas de fato haverá raios de sol incidindo nas folhas das plantas. Escolha um local que receba ao menos 4 horas diariamente, pois é através da energia dos raios de sol, através da fotossíntese que as plantas terão um bom desenvolvimento.
Se for fazer a horta direto na terra, escolher um local onde não seja um solo compactado, optando por solos de textura mais leve e com boa drenagem para um bom desenvolvimento das raízes. Caso for utilizar vasos, importante escolher substratos que apresentem essas mesmas características.
Quais espécies são fáceis de plantar?
Começar com cultivos mais rústicos, que requerem poucos cuidados, que tenham um rápido ciclo de desenvolvimento podem trazer resultados em poucas semanas. Bons exemplos são as hortaliças de ciclo curto como rabanete, rúcula, alface e algumas outras folhosas e temperos como salsinha, cebolinha, coentro, manjericão. O plantio dessas variedades podem ser feitas o ano todo, e assim você pode realizar o plantio em várias épocas ao longo do ano.
Como germinar sementes?
Após escolher as sementes que você quer cultivar, vale lembrar de conferir se a época condiz com o período recomendado para a sua região (consulte a embalagem das sementes). Plantios realizados fora da “janela de semeadura” podem não se desenvolver ou ter maiores dificuldades no ciclo, já que dependem de condições climáticas e ambientais favoráveis para o cultivo.
Para germinar, existem várias formas utilizadas. Algumas sementes não exigem muito trabalho, apenas fazendo o semeio em um local com um substrato de boa qualidade, leve, que permita um bom enraizamento. Manter o substrato úmido sem encharcar, é fundamental para que as sementes iniciem o processo de germinação e emissão das primeiras estruturas. O semeio pode ser feito em “bandejas sementeiras”, saquinhos, vasos, recipientes de reaproveitamento (garrafas, potes, latas, entre outros) ou direto no local definitivo. Algumas plantas como as cenouras devem ser semeadas direto no solo ou em vaso definitivo, evitando o transplantio das mudas, já que as raízes (que são a estrutura de interesse) já iniciaram seu desenvolvimento.
Vale lembrar que cada semente tem potencial para formar uma planta e o espaçamento entre as plantas é diferente conforme a espécie cultivada. Confira nas embalagens qual a distância ideal entre plantas.
Minhas sementes não germinam, o que eu fiz errado?
Cada semente é um ser vivo e dentro delas está o embrião. Caso as sementes não tenham passado por boas condições de armazenagem ou tenham sido cultivadas fora dos padrões ideais, elas podem não germinar. Os principais erros na hora de semear são: enterrar demais, além do recomendado para cada espécie (neste caso a planta não consegue emergir da terra e acaba morrendo); falta ou excesso de umidade na etapa de germinação, gerando colapso das estruturas; plantio fora da época recomendada (neste caso a temperatura é o principal fator climático, pois em condições de temperatura fora do ideal, as sementes não germinam.
O que plantar quando não tem sol?
O cultivo de microverdes é uma solução de horta em pequenos espaços ou onde não há sol direto. O cultivo é feito em bandejas, vasos ou outros recipientes, usando terra, papel umedecido ou fibras vegetais que sirvam como base para as sementes. Entre 7 e 14 dias se obtém o produto para consumir, o qual é extremamente rico em sabor, cor e nutrientes. São dezenas as variedades para colheita de microverdes: rúcula, manjericão, salsinha, cebolinha, nabo, agrião, acelga, almeirão, couve, rabanete, beterraba, cenoura, entre outras.
Horta em apartamento, qual melhor vegetal para plantar?
Em apartamento normalmente são utilizados vasos para o cultivo, portanto, importante ser hortaliças de fácil adaptação nesse ambiente. Hortaliças como alface, rúcula, cebolinha, espinafre, manjericão são ideais. Se tiver a possibilidade de colocar o vaso em um local que tenha espaço para um desenvolvimento vertical maior das plantas, pode ser cultivado até mesmo tomate cereja e pepino, fazendo a condução das plantas através de tutoramento utilizando estacas ou fios condutores. Utilizando vasos com maior profundidade pode-se cultivar também cenoura, beterraba e rabanete.
Como saber quando está na hora de adubar?
O adubo é o alimento da planta, que irá contribuir diretamente no seu desenvolvimento. Pensando nisso, o momento ideal de adubação será nas fases onde ela demanda maior energia. Desde a fase de mudas, crescimento, desenvolvimento, floração e maturação dos frutos pode ser feita a adubação. Na prática as plantas devem ter os nutrientes na terra para se desenvolver bem, estando saudáveis ao longo de todo o ciclo para gerar um produto final de qualidade.
Para a produção de frutos como tomate, pepino, abóboras, pimentões, por exemplo, é fundamental adubar durante o início do período reprodutivo, durante as fases de formação e desenvolvimento das flores. Assim evitamos o abortamento floral e frutos pequenos, sem sabor.
Em uma produção comercial, o normal é realizar uma análise do solo para identificar quais nutrientes não estão disponíveis em quantidades suficientes, então aduba-se para complementar. Pois o mais importante na adubação é dar às plantas uma alimentação completa e equilibrada, com todos os macro e micronutrientes que ela precisa.
Num cultivo de hortas, seja em canteiros, floreiras ou vasos, não se justifica uma análise de solo. Assim, adubar regularmente suas plantas é a melhor forma de mantê-las sempre nutridas e saudáveis.
Qual a melhor forma de oferecer os nutrientes?
De forma geral, as plantas se “alimentam” através das raízes, portanto, fornecer os nutrientes de modo que entrem em contato com seu sistema radicular é essencial, podendo ser através de misturas no substrato antes do plantio e também depois da planta estabelecida. Existem diversas apresentações de adubos, podem ser sólidos (granulados, farelados, pó) ou líquidos (junto com a água que irá fazer as regas), podendo alguns também ser pulverizados nas folhas através de borrifadores, por exemplo dos adubos foliares. Na prática você deve ler os rótulos dos adubos que escolher e seguir as instruções de uso (dosagem, frequência de aplicação, etc). Evite aplicar além da dose recomendada para não salinizar o solo nem queimar as plantas.
Uma dica muito legal para quem tem horta é realizar a compostagem dos seus resíduos vegetais e produzir seu próprio adubo, atualmente existem composteiras compactas e práticas vendidas para este fim. Mas para aqueles que não tem tempo ou espaço, existem adubos comerciais ótimos para este fim. A ISLA atenta a esta necessidade desenvolveu uma linha de adubos organominerais, completos e de fácil aplicação. Basta diluir na água da rega e aplicar nas plantas 2 a 3 vezes por mês.
Qual a melhor forma de identificar as possíveis doenças que podem acontecer na minha horta? Tenho que estar atento para quais sinais?
De modo geral, as doenças mais comuns são causadas por fungos, bactérias e vírus de plantas. Na horta, para identificar que uma planta está doente irá observar que ela estará diferente das outras, talvez mais amarelada, ou com folhas encarquilhadas (retorcidas) ou manchadas e em casos mais severos começa observar elas murchando. A observação deve ser feita nas folhas primeiramente, verificando se há sinais de amarelamento, esporulação de fungos (poderá visualizar como uma espécie de “pó” branco nas partes de cima ou debaixo das folhas), se as folhas estão enrugando ou murchando.
Como combater pragas de modo natural e eficiente?
Uma forma eficiente é buscando sempre o equilíbrio do ambiente que está cultivando. Isso é possível através da manutenção da diversidade de plantas (não eliminar totalmente as plantas invasoras dos canteiros, de modo que as deixe em local onde não irá atrapalhar o desenvolvimento das suas plantas é uma boa opção para manter ativo o ambiente para os inimigos naturais, que são aqueles insetos que vão te ajudar a combater naturalmente as pragas indesejadas pois eles se alimentam delas). Outra forma é fazendo plantio de plantas que tenham propriedades repelentes de insetos-praga na horta (como por exemplo Tagetes).
O que fazer quando as plantas estiverem doentes?
Em caso de aparecimento dos primeiros sintomas da doença, fazer uso de algum mecanismo de controle, de preferência natural ou biológico, com organismos antagônicos como Trichoderma ou simbiontes como Micorrizas. Também é uma opção utilizar extratos vegetais ou óleos essenciais para controle. Procurar eliminar restos culturais, fazendo plantio de outras culturas para depois plantar novamente o manjericão (isto se chama rotação de culturas e ajuda a diminuir a fonte do inóculo/ do “causador” da doença), plantio em espaçamentos adequados evitando que as plantas fiquem muito adensadas (quando se está muito adensado, cria-se um microclima favorável para o surgimento de doenças), fazer podas de ramos (tira-se partes doentes, ajuda também no arejamento da planta).
Quando for manusear a planta e fazer podas, fazer desinfecção das ferramentas antes e após uso, com água fervente.
Fazer controle de insetos vetores (aqueles que transmitem doenças às plantas, como viroses). Pode-se usar armadilhas como por exemplo garrafas pets pintadas com cola entomológica amarela. Elas irão atrair esses insetos vetores pela cor e eles ficarão grudados aos encostarem. É um forma eficiente e de baixo custo para controle de mosca branca, tripes, traça em pequenas hortas.
A principal dica para quem está começando na horta é não desistir caso algo dê errado, e tornar esta experiência um verdadeiro aprendizado. Alguns cultivos são simples mas outros podem requerer várias tentativas até o sucesso. Pensando nisso, uma boa estratégia é iniciar com cultivos de ciclo mais rápido, menos exigentes em manejos e procurar sempre pesquisar sobre a variedade antes para entender quando plantar, de que forma, o que a planta irá precisar e como as pessoas que já plantaram fazem em suas hortas.