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Ulisses R.Antuniassi
Doutor em Agronomia e professor da UNESP
Alisson A. B. Mota
Rodolfo G. Chechetto
Fernando K. Carvalho
Doutores em Agronomia e consultores da AgroEfetiva
Para começar o assunto, nem toda calda concentrada vai gerar falta de homogeneidade, o que ocorre apenas em caso de incompatibilidade física.Além disso, quando a calda está muito concentrada no tanque, pode haver dificuldades na diluição do produto. De maneira geral, quando se trata de mistura em tanque, e não de produtos isolados, a maior concentração pode aumentar as chances de ocorrência de incompatibilidades físicas e, consequentemente,de falta de homogeneidade.
Uma recomendação importante é que o técnico realize uma avaliação prévia da mistura, utilizando o “teste da garrafa“, que consiste em misturar os produtos na mesma ordem e proporção utilizada em campo, para um volume de 2 L, em garrafa PET.
A operação
A redução no volume de calda aumenta o rendimento operacional na fazenda, facilitando a vida do agricultor, com menor número de paradas para abastecimento de calda.
Outro fator importante é o melhor aproveitamento das condições climáticas para as aplicações, pois o número de abastecimento das máquinas é reduzido. No entanto, vale ressaltar que a redução de volume exige um grau de cuidado maior com as aplicações, bem como ajuste das técnicas de aplicação. Caso haja incompatibilidade física, pode haver desuniformidade.
Outro ponto importante é a deriva, pois a redução do volume de calda implica no uso de gotas menores. Deve haver, portanto, um equilíbrio entre redução do volume de calda, qualidade e segurança nas aplicações.
Agitação da calda
O bom dimensionamento do sistema de agitação da calda é fundamental para a homogeneidade de muitas caldas, e essa observação é válida para o reservatório do pulverizador ou para os sistemas de calda pronta.
Em geral, a vazão de retorno deve ser de, no mÃnimo, 30% da vazão nominal da bomba, visando à manutenção de um padrão mÃnimo de agitação hidráulica. A agitação mecânica também deve ser considerada, bem como a instalação de bicos agitadores.
Prós e contras
Segundo a recomendação de bula dos produtos, as caldas teriam a concentração normal, que foram avaliadas pelo fabricante, garantindo a dispersão e homogeneidade do produto dentro do tanque. Mas, quando o agricultor opta pelo volume reduzido, ele concentra a calda. Neste caso, os pontos a seguir podem explicar um pouco das vantagens ou desvantagens do volume reduzido:
Redução do volume de calda:
Vantagens:
- Melhoria de desempenho de alguns produtos (ex.: glifosate e 2,4-D, mas não é para todos os produtos);
- Maior rendimento operacional;
- Menor quantidade de água utilizada nas aplicações;
- Melhor controle fitossanitário, quando realizada a aplicação em condições meteorológicas corretas, pelo uso de gotas mais finas (necessárias para o volume reduzido) e melhor momento para aplicação;
- Potencial para redução de custos.
Redução do volume de calda:
Desvantagens:
- Dificuldades na operação (a redução do volume de calda é uma técnica mais difícil do que a convencional);
- Para fazer volume reduzido, em geral a velocidade é maior. Por isso pode haver degradação da qualidade dos depósitos por excesso de velocidade e oscilação das barras;
- Problemas com misturas em tanque, incluindo as incompatibilidades, que causam a desuniformidade;
- Na ocorrência de incompatibilidades há maiores problemas de obstrução do sistema de pulverização, gerando falta de uniformidade na dose do produto aplicado;
- Dependência das condições meteorológicas mais restritas pelo uso de gotas mais finas;
- Maior risco de deriva.
Danos
Caldas desuniformes vão causar desuniformidade na distribuição das doses dos produtos. Por exemplo: se o produto ficar mais concentrado no fundo do tanque, no início da aplicação haverá uma dose excessiva, sendo que ao longo da aplicação essa dose reduzirá gradualmente, tornando-se insuficiente.
A situação se torna mais crÃtica quando há mistura em tanque, em que os diferentes produtos podem se concentrar de maneira diferente no tanque de pulverização (decantação ou formação de sobrenadante), o que vai gerar desuniformidade no controle e ainda favorecer a ocorrência de plantas tolerantes ou resistentes na área.
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