Autores
Guilherme A. Souza
Engenheiro agrônomo, PhD. e consultor de Desenvolvimento de Mercado Sul e Sudoeste/MG – Compass Minerals
Lucas Ávila
Engenheiro agrônomo, PhD. e consultor de Desenvolvimento de Mercado Alto Paranaíba/MG – Compass Minerals
Guilherme Franco
Engenheiro agrônomo, mestre e gerente de Desenvolvimento de Mercado Sudeste – Compass Minerals
Diversos fatores pré e pós-colheita podem afetar a qualidade da bebida do café, dentre eles a nutrição mineral das plantas. Os nutrientes interferem nos processos metabólicos e fisiológicos das plantas, atuando desde a taxa fotossintética até a tolerância contra patógenos.
Dessa forma, alterações no balanço nutricional das plantas têm efeito direto na composição química dos grãos, além de efeito indireto no desenvolvimento microbiano, afetando a qualidade da bebida.
No campo
Embora o manejo do solo para o cafeeiro esteja bem definido dentro dos manuais de recomendação, é comum se deparar com deficiências e manifestações visuais de desbalanço nutricional em lavouras, interferindo na qualidade. Por exemplo, plantas com excesso de nitrogênio (N) ou deficiência de potássio (K) apresentam alterações na rota da lignina deixando as plantas mais susceptíveis ao ataque de pragas e doenças.
Ainda, elementos como o cálcio (Ca) e boro (B) participam da estrutura e composição da parede celular e conferem a integridade da membrana plasmática. Assim, a deficiência desses elementos diminui a tolerância das plantas a doenças, com consequente redução na qualidade dos grãos.
Devido ao desbalanço na relação Ca:Mg:K, tem sido crescente a preocupação em relação à nutrição com magnésio (Mg) nas lavouras cafeeiras. O Mg, juntamente com o K, é importante para o adequado transporte de fotoassimilados, contribuindo substancialmente para a melhoria da qualidade de bebida devido ao maior acúmulo de sacarose nos grãos.
Além disso, a adequada nutrição potássica frequentemente se correlaciona com melhores peneiras e classificação de grãos.
Diferentemente dos macronutrientes, o papel dos micronutrientes na qualidade da bebida é constantemente negligenciado. Quando se fala em nutrição com micronutrientes em lavouras de café, refere-se principalmente a B, cobre (Cu), manganês (Mn) e zinco (Zn).
De forma geral, os micronutrientes são fundamentais para o metabolismo secundário, que permite a produção, por exemplo, de cafeína. O B faz parte da constituição e estabilidade de membranas, já Cu, Mn e Zn são importantes ativadores enzimáticos. Por exemplo, o Cu participa da ativação da polifenoloxidase no cafeeiro, enzima relacionada com a melhoria da qualidade da bebida.
Recentemente, estudos têm demonstrado que o Zn também está relacionado ao aumento de peneira, resultando em melhor qualidade dos frutos de café.
Apesar de grandes evoluções no tocante a adubação do cafeeiro, ainda há barreiras a serem traspostas e perguntas a serem respondidas. Entretanto, sabe-se que lavouras em bom estado nutricional apresentam maior potencial produtivo e oferecem produto final de melhor qualidade.
Portanto, o correto manejo da adubação e monitoramento do “status” nutricional de macro e micronutrientes, por meio de análises de folhas, é primordial para obtenção de altas produtividades e qualidade da bebida, sempre prezando pelo equilíbrio nutricional.