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Influência da textura do solo no cultivo

Pablo Henrique de Almeida OliveiraMestrando em Produção Vegetal – Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)pablohenrickk@gmail.com

Dhyene Rayne dos Santos BeckerMestranda em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará (UFPA)drayneagro@gmail.com;

André dos Santos MeloMestrando em Entomologia – UFRPEandre.mello004@gmail.com

Damarys Leal de OliveiraGraduanda em Engenharia Agronômica – UFPAdamarysoliveira.ll1@gmail.com

A pimenta-do-reino (Piper nigrum L.) é uma planta da família das piperáceas, e que por meio da imigração japonesa foi introduzida no Brasil na década de 1930, sendo um dos principais cultivos agrícolas de interesse econômico na região amazônica.

No Brasil, a maior produção de pimenta-do-reino concentra-se na região norte com 76% da produção brasileira. Já o Estado que apresenta o maior índice de produção é o Pará, com 25,199 toneladas, o que equivale a 98,1% de produção da região norte.

O cultivo desse vegetal é de grande importância para o Brasil, pois gera uma boa rentabilidade, especialmente quando o produtor agrega valor ao produto. Socialmente, essa cultura é muito importante para a agricultura familiar, visto que agricultores familiares são a maioria em relação ao seu cultivo.

Além do mais, proporciona empregos no campo, pois exige grande quantidade de mão de obra. Para um bom desenvolvimento da cultura as temperaturas ideais se situam entre 23°C e 28°C, pluviosidade acima de 1.500 mm e solos com boas caraterísticas físicas e ricos em matéria orgânica.

Textura do solo

Um dos principais indicadores de qualidade e produtividade dos solos é a textura (Wang et al., 2005), visto que a mesma influencia na dinâmica das partículas do solo, bem como no manejo dos solos, devido os mecanismos de adesão e coesão existentes entre as partículas.

Além disso, atua na resistência do solo à tração e na dinâmica de água no solo. Mas também, a textura pode ser utilizada como fator ambiental, tendo atuação direta nos processos ecológicos, como ciclagem de nutrientes e troca de íons.

As principais classes conhecidas, dentro da classificação textural, são: os solos arenosos, francos e argilosos. Além disso, dentro de cada grupo de classe textural há outras classes texturais específicas, totalizando 13 delas. Cada classe representa uma distribuição do tamanho de partículas e indica o comportamento das propriedades físicas do solo.

Alguns fatores, como a dinâmica da água, grau de compactação do solo, resistência do solo à tração, capacidade de troca de cátions, dosagem de nutrientes, corretivos e herbicidas podem ser estimados indiretamente com a determinação da textura do solo.

Vale frisar que a textura do solo é uma característica intrínseca do solo, ou seja, ela não está sujeita a mudanças de classe. No entanto, a textura pode ser alterada somente se houver mistura com solos de texturas diferentes.

Trabalhos práticos em campo

No trabalho de Simon et al. (2018), verificou-se que a textura do solo que era predominante argilosa e que associada à matéria orgânica são adequadas ao cultivo de pimenta-do-reino.

Na faixa de área estudada encontram-se teores de matéria orgânica nas amostras de solo coletadas, valores que variaram de 2,30 a 2,86%, o que são níveis bons de matéria orgânica em solos tropicais. Portanto, a matéria orgânica é uma propriedade importante, pois condiciona o solo por melhorar a retenção de água e garantir melhorias na fertilidade, na física e na química do solo.

No mesmo trabalho, que tinha por objetivo verificar o comportamento espacial da fusariose e dos atributos do solo no cultivo da pimenta-do-reino, foram verificadas variáveis de intensidade da fusariose, textura do solo, pH, altimetria, matéria orgânica, cálcio, magnésio e potássio.

Com os resultados, foi verificado que não há relação da intensidade da fusariose com os atributos do solo estudado no experimento. Logo, esse solo, nessas condições, não facilitaria a proliferação de fusariose. 

Textura do solo e nutrientes

A falta de conhecimento do comportamento das frações granulométricas prejudica a obtenção de plantas com alta produtividade. Por exemplo, Moreira (2006) menciona que a recomendação da necessidade de fósforo (P) depende da textura do solo.

Assim, o estudo de novas técnicas é essencial para o manejo de determinada cultura, com o intuito de aplicabilidade.  Especialistas recomendam que a necessidade de P depende do ciclo da cultura e da textura do solo, que para o fósforo varia de argilosa, média e arenosa.

Textura do solo para a pimenta-do-reino

Para a cultura da pimenteira-do-reino pode ser utilizado solo de textura arenosa com alto teor de matéria orgânica. Resultados satisfatórios foram evidenciados em trabalhos que utilizaram adubação química mineral na cultura, e com a adição da matéria orgânica a pimenta-do-reino obteve boas respostas.

Já no manual de boas práticas para o aumento da produtividade e qualidade da pimenta-do-reino no Estado do Pará, indicou-se que os solos de textura média são os mais indicados para o cultivo desse vegetal, pois esse tipo de solo não seca com rapidez como os solos arenosos e não encharcam com facilidade como os solos argilosos, podendo causar podridão da raiz.

Devido a isso, solos de textura média ficam com a umidade uniforme por mais tempo. Além disso, o ideal é que solos sejam bem drenados, evitando o cultivo em áreas de baixada ou com lençol freático próximo à superfície do solo.

A pimenta-do-reino também não deve ser instalada em solos pedregosos. A decisão final para a escolha da área deve ser subsidiada pela análise de solo, que consecutivamente será utilizada para a determinação da textura do solo e um possível investimento inicial para implantação da cultura.

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