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Inhame – Alternativa econômica para pequenos e médios produtores

Nuno Rodrigo Madeira

Engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Hortaliças

Jandir Gratieri

Agricultor e presidente da Associação de Produtores de Inhame São Bento do Espírito Santo (Apisbes)

Mário Ferreira Netto

Engenheiro agrônomo e sócio da SEEDES

Fotos Nuno Madeira
Fotos Nuno Madeira

O produto inhame apresenta grande potencial de mercado, com produção abaixo da demanda. Possui paladar único, suave, característico e nutricionalmente interessante, alimento essencialmente energético, de fácil digestibilidade, além de reconhecido efeito depurativo do sangue.

O inhame (Colocasiaesculenta), planta da família Araceae, originário de regiões tropicais úmidas da Ásia e base alimentar em diversas ilhas da Oceania, foi introduzido no Brasil entre os séculos XVI e XVII pelos portugueses por ocasião das grandes navegações, possivelmente passando pela África.

Inhame, cará ou taro?

Cabe lembrar que no Nordeste e em parte da região Norte, o termo inhame se refere a plantas de Dioscorea spp., conhecido no Centro-Sul por “cará“, da família Dioscoreaceae.

Tentando padronizar a terminologia, foi debatido e normatizado no I Seminário Nacional de Cará e Inhame em 2001 que a partir de então o termo “inhame“ seria restrito a Dioscorea e “taro“ à Colocasia. Entretanto, inserir um novo termo no dia a dia das pessoas não é fácil, e assim o termo “taro“ não foi incorporado por produtores, técnicos, centrais atacadistas, varejistas ou consumidores.

 

Produção

Os dados de produção são escassos. Segundo levantamento realizado em 2015 no 1º Encontro de Produtores de Inhame, anualmente são cultivados cerca de sete mil hectares e produzidas mais de 150 mil toneladas, principalmente no Sudeste, sendo o Espírito Santo o maior produtor (55-60%), seguido de Minas Gerais (20-25%), Rio de Janeiro (10-15%) e São Paulo (3-5%). Os maiores mercados consumidores também são os Estados do Sudeste.

Planta-de-inhame-São-Bento-florescida-Fotos-Nuno-Madeira
Planta-de-inhame-São-Bento-florescida-Fotos-Nuno-Madeira

Manejo

Dentre os principais cuidados na lavoura, tem-se a qualidade da semente, usando matrizes saudáveis e vigorosas, e adubação e irrigação equilibradas.Com relação a variedades, as “mansas“ são as cultivadas comercialmente. Dentre elas, as mais plantadas são: Chinês, São Bento e Macaquinho.

Existem ainda as variedades do tipo “brava“ ou “coçador“, com altos teores de oxalato de cálcio, que podem irritar as mucosas, dentre elas os inhames Branco e Rosa, de desenvolvimento espontâneo em áreas de brejo ou veredas de córregos em regiões serranas, ancestralmente utilizadas na alimentação de suínos e esporadicamente na alimentação humana após desidratação natural ao sol e longo cozimento.

No campo, é comum a manutenção de variedades locais, com frequentes misturas, o que compromete a produtividade.

Lavoura de inhame no Espírito Santo - Fotos Nuno Madeira
Lavoura de inhame no Espírito Santo – Fotos Nuno Madeira

Variedades

O inhame Chinês é planta de grande vigor, com pecíolo bem arroxeado e rizomas pouco alongados. Há algumas variantes do tipo Chinês, por vezes chamado de Japonês ou Chinês Seleção, buscando-se rizomas mais uniformes e maior produtividade.

O inhame Macaquinho é planta com característica marcante na parte érea, com folhas mais estreitas e alongadas e pecíolos roxo escuro (cor de berinjela). Produz rizomas laterais mais alongados. Apresenta um pouco de “acridez“.

O inhame São Bento é uma variedade genuinamente brasileira, originado a partir da seleção de plantas em um campo de inhame Chinês em 1989 em São Bento de Urânia, Alfredo Chaves, com folhas mais claras, pecíolos verde-claros e rizomas também mais claros, levemente rosados, pouco pilosos e com ótimo aspecto comercial e potencial produtivo 30 a 50% superior ao Chinês.

Foi registrado no MAPA por iniciativa do Incaper-ES, em reconhecimento ao trabalho dos agricultores da região de São Bento de Urânia, sendo hoje amplamente disseminado na região. Há controvérsias acerca de sua origem, com duas hipóteses ” mutação ou cruzamento.

A mutação normalmente determina a mudança em uma única característica morfológica. A hipótese de cruzamento, defendida pelos produtores de São Bento de Urânia, em especial o Sr. JandirGratieri, é reforçada pela observação de muitas características morfológicas intermediárias nas folhas, nos pecíolos e nos rizomas entre o inhame Chinês (que floresce esporadicamente quando sob seca) e o inhame-do-brejo (inhame Branco), que floresce frequentemente, até por sua perenização nas grotas úmidas em áreas adjacentes a lavouras comerciais.

Inhame-chinês-Fotos-Nuno-Madeira
Inhame-chinês-Fotos-Nuno-Madeira

Cruzamentos

Na literatura são raros os relatos de cruzamento em inhame. No Brasil, há citações de florescimento, mas sem formação de fruto, possivelmente pela raridade de coincidência de floradas de materiais divergentes e pela baixa ocorrência de pragas atacando estruturas das flores que atuam como barreira física.

Entretanto, em 1987, por ocasião de uma seca histórica, pode ter havido o florescimento de materiais divergentes e a ação de insetos polinizadores, principalmente abelhas do gênero Apis e, consequentemente, a hibridação e a obtenção de uma nova cultivar.

Em Papua-Nova Guiné e Índia, há citações de hibridação entre diferentes morfotipos, gerando materiais com características intermediárias, inclusive ressaltando que os agricultores desenvolveram práticas específicas para identificar novas variedades.

 

Produção de inhame do produtor Mário Netto - Fotos Nuno Madeira
Produção de inhame do produtor Mário Netto – Fotos Nuno Madeira

Essa matéria completa você encontra na edição de fevereiro 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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