Antonio Santana Batista de Oliveira Filho – Professor no curso de Agronegócio – Unibalsas e curso de Agronomia – CCA/UEMA – a15santanafilho@gmail.com
Jefferson Carvalho Barros – Professor e coordenador do curso de Agronegócio e da pós-graduação em Gestão Executiva no Agronegócio – Unibalsas – coord.agronegocio@unibalsas.edu.br
Maria Maray Nogueira de Sousa – Graduanda em Agronomia – CESBA/UEMA – maray_nogueira@hotmail.com
O algodão (Gossypium spp. L.) é uma planta da família Malvaceae, possui grande importância socioeconômica, sendo um dos principais produtos agrícolas brasileiros. Em termos de morfologia, é uma espécie perene e de hábito de crescimento indeterminado, desenvolvendo caule, folhas, flores, frutos e sementes.
No desenvolvimento de cultivares de algodoeiro para o cultivo em condições de Cerrado, são consideradas inúmeras características relacionadas à produção, sanidade e qualidade da fibra, as quais, quando ocorrem harmoniosamente, conferem elevado potencial de uso da cultivar.
Dentre os fatores citados, a qualidade da fibra é de extrema importância, pois definirá a qualidade do produto e seu valor econômico. No entanto, alguns fatores podem interferir na qualidade da fibra, dentre esses o ataque de lagartas, que podem reduzir a produção e qualidade da fibra do algodão.
Causas e consequências
As lagartas reduzem a produção e qualidade da fibra pois, ao atacarem a cultura, se alimentam das partes do vegetal e danificam as fibras, como por exemplo, a lagarta-das-maçãs (Heliothis virescens), que segundo Miranda (2010), em circular técnica da Embrapa, destaca que sob o ataque dessas lagartas verificam-se botões florais e maçãs danificados com galerias produzidas pelo inseto, queda de botões e maçãs e destruição de fibras e sementes.
Os orifícios nas estruturas atacadas servem de porta de entrada para microrganismos causadores de doença. Ainda de acordo com o autor, outra lagarta que danifica as fibras do algodão é a lagarta-rosada (Pectinophora gossypiella).
As injúrias são caracterizadas pela imbricação das flores, formando uma “roseta”; murcha e queda de botões florais, maçãs destruídas total ou parcialmente, fibras e sementes danificadas. Os capulhos amadurecem precocemente, com a fibra apresentando aspecto de ferrugem.
Danos
Os prejuízos causados pelas lagartas na produção e qualidade da fibra do algodão podem ser imensos, haja vista que, ao destruir as maçãs, a produção fica comprometida, e mesmo quando não há a destruição completa das maçãs, a exposição dos capulhos a danos e exposição ao meio podem ocasionar doenças ou danos ambientais, com posterior perda da fibra.
Sintomas
Os principais sintomas do ataque das lagartas são, incialmente, desfolha das plantas, que a princípio apresentam-se raspadas e aspecto rendilhado, evoluindo para perfurações circulares nas folhas. Nas maçãs, as lagartas causam perda total ou parcialmente, as fibras e sementes são danificadas, causando a queda da maçã, ou a inviabilização da fibra para colheita.
As regiões mais afetadas das plantas, incialmente, ainda em estádio vegetativo, são as folhas, que podem inviabilizar o estádio reprodutivo da planta. Quando o ataque ocorre já no estádio reprodutivo, as maçãs também são alvo do ataque das lagartas.
Condições para o ataque
O ataque de lagartas é causado principalmente por condições climáticas favoráveis para o desenvolvimento das lagartas e pela planta ser alimento prontamente disponível para o crescimento e reprodução dessas pragas.
A maioria das pragas se estabelece em condições de altas temperaturas, com uma média de faixa ideal de 20 a 30°C. Quando ocorre alta radiação solar, as populações das pragas reduzem o ciclo de desenvolvimento, com maior crescimento e reprodução de indivíduos em menor espaço de tempo, resultando em alta incidência de insetos.
Controle
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A principal forma de controle deve ser feita pelo manejo integrado de pragas (MIP), de acordo com Waquil; Viana; Cruz (2022). A definição de MIP adotada pela FAO enuncia que este “é o sistema de manejo de pragas que no contexto associa o ambiente e a dinâmica populacional da espécie, utiliza todas as técnicas apropriadas e métodos de forma tão compatível quanto possível e mantém a população da praga em níveis abaixo daqueles capazes de causar dano econômico”.
Nesse contexto, o acompanhamento constante da lavoura e o monitoramento do nível de ataque são peças-chaves para a definição do controle. O manejo integrado de pragas (MIP), atualmente, é essencial para o desenvolvimento agrícola sustentável, reduz os impactos ambientais e contribui para a eficiência do controle das lagartas.
Prevenção
Diversas são as ações preventivas que podem resultar em redução da incidência de lagartas nas lavouras. O método preventivo é aquele em que se tomam decisões a fim de evitar a presença/entrada de pragas, onde se introduzem tratos culturais, ou seja, medidas para evitar a presença de pragas no local.
Dentre esses, utilizar cultivares resistentes ao ataque de lagartas é de extrema importância, assim como utilizar cultivares mais precoces que completam seu ciclo mais rapidamente, evitando o ataque das lagartas.
Manter a nutrição da planta adequada também é outra saída para reduzir a incidência dessas pragas. Plantas mais vigoras são mais resistentes ao ataque de pragas. O manejo do solo também pode resultar em redução do ataque de lagartas. Solos cobertos com palhada, bem drenados e aerados desenvolvem melhor as plantas e reduzem a incidência de pragas.
Ao ser identificado um nível de ataque que necessite de uma intervenção curativa, o controle químico é mais comumente utilizado. Diversos produtos químicos estão no mercado registrados para o controle de lagartas na cultura do algodão, e o produtor deverá buscar auxílio de um profissional especializado para aquisição e aplicação desses produtos em campo.
Inovações
As principais inovações para a cultura do algodão são as cultivares transgênicas, que anualmente são lançadas no mercado com resistências a algum tipo de praga. O algodão transgênico trouxe tecnologias que facilitaram a condução da cultura, e há cultivares resistentes a lagartas e resistentes aos herbicidas não-seletivos, como o glifosato.
O controle biológico também tem avançado rapidamente no mercado, com produtos desenvolvidos a partir de um ingrediente ativo que seja natural, capazes de controlar pragas como lagartas na cultura.
Erros e acertos
Os erros mais frequentes no combate de pragas, como as lagartas, se dão principalmente pela falta de manejo integrado na cultura, bem como a adoção de técnicas de manejo que reduzam a proliferação dessas pragas.
A utilização excessiva de produtos químicos é outro erro comum, em virtude da adaptação das pragas, com consequente resistência, o que faz com que o produto perca a sua eficiência rapidamente.
Os erros podem ser evitados com a adoção dos métodos de controle adequados, utilizando-os de forma correta. É necessária a utilização de controle preventivo, como o cultural e físico, para impedir a proliferação da praga na lavoura.
Quando já notada à presença das pragas na área, é necessário adotar métodos para impedir a alta incidência. Para isso, a utilização de produtos químicos pode ser recomendada.
Custo
O custo de combate é variável, e vai depender do grau de infestação das pragas na lavoura. Indica-se que o produtor, antes mesmo da implantação da lavoura, planeje o controle integrado das pragas, dessa forma evitando a entrada das pragas na área e reduzindo os custos de controle.
Caso isso não seja feito, o produtor poderá ter custos elevados com a aquisição de produtos químicos para o controle.