Autores
Gustavo Antonio Ruffeil Alves
Doutor e professor – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), campus Paragominas
gustavo.ruffeil@ufra.edu.br
Rhaiana Oliveira de Aviz
Graduanda em Agronomia – UFRA
rhaianaoliveiradeaviz@gmail.com
Luciana da Silva Borges
Doutora e professora – UFRA, campus Paragominas, e coordenadora do Grupo de Pesquisa em Horticultura da Amazônia (HORTIZON) e Núcleo de pesquisa em agroecologia (NEA)
luciana.borges@ufra.edu.br
Estima-se, para a safra 2018/19, que a produção mundial de citros chegará a 51,8 milhões de toneladas. A citricultura brasileira atualmente está no pódio, sendo responsável por 61% de todo o suco de laranja produzido no planeta, exportando 98% de toda a produção, que garante 85% de participação no mercado mundial, uma vez que o suco de laranja é a bebida de fruta mais consumida no mundo, com 35% de participação.
A principal região produtora no Brasil compreende o Estado de São Paulo e Minas Gerais, tendo o primeiro uma área colhida de 402.996 ha, produção de 13.357.732 toneladas e rendimento de 33,15 t/ha, sendo o maior produtor nacional, com 77% do total brasileiro.
O município de Casa Branca é o maior produtor no Estado, com 12,40 milhões de caixas, enquanto Minas Gerais tem 38.409 ha de área colhida, com uma produção de 951.240 toneladas e um rendimento de 24,77 t/ha, sendo o segundo maior produtor nacional, com 5% da produção brasileira, movimentando anualmente cerca de US$ 14,5 bilhões e gerando cerca de US$ 6,5 bilhões de PIB, com mais de 200 mil empregos diretos e indiretos. Este é o maior gerador de empregos no segmento do agronegócio.
Tecnologias
Atualmente, várias pesquisas buscam novas tecnologias para a citricultura nacional, como novas variedades de copas e porta-enxertos com alta tolerância à seca e a doenças, como pinta preta, gomose, cancro cítrico e CVC. Apesar de já estarem disponíveis, a incorporação de novas tecnologias por parte dos produtores é lenta.
Os grandes gargalos são, pela ordem: alta incidência de pragas e doenças, produção em áreas não irrigadas e a estreita base genética utilizada, sendo que mais de 50% dos custos de produção são decorrentes do controle de pragas de doenças.
A saúde das plantas também foi garantida por uma série de ações integradas, como a criação do Alerta Fitossanitário para Controle e Manejo do Greening (HLB) – a mais destrutiva doença dos citros no Brasil, e a integração de tecnologias, como o uso de drones e softwares de gestão para a modernização da cadeia produtiva. Tudo isso impactou a qualidade dos frutos, com eficiência e alta produtividade na lavoura.
Outra tendência é o monitoramento do plantio com drones, que possibilita obter imagens nítidas diariamente de vários hectares por todo o plantio. Com esse mapeamento preciso e rápido consegue-se identificar novas manchas e sua localização precisa, podendo tomar decisões emergenciais na eliminação dessas manchas.
Já a outra forma de aplicação é o drone pulverizador. Por meio dele é possível realizar aplicações precisas nas reboleiras, evitando desperdício de herbicida.
Manejo
As laranjeiras (Citrus sinensis L. Osbeck) são árvores de porte médio, as quais atingem 5,0 a 10,0 m de altura, e copa de formato esférico. Em função do fruto, podem ser subdivididas em quatro subgrupos: comum, sem nenhuma característica evidente; do grupo Navel ou as laranjas-de-umbigo; as sanguíneas e as de baixa acidez.
As cultivares de cada um desses subgrupos diferenciam-se quanto à maturação, que pode ser precoce, meia-estação ou tardia e, ainda, quanto à coloração do endocarpo, que pode ser mais claro, mais alaranjado ou apresentar polpa vermelho-intensa, pela presença de antocianinas.
Para implantarmos um pomar de laranja, primeiro temos que ver a aptidão da região produtora, se será para mesa, consumo in natura ou indústria. Com isso, passamos para a escolha das variedades de copa e porta-enxerto. As principais cultivares de laranjas doces utilizadas na citricultura brasileira são Pera; Valência; Natal e Folha Murcha, conhecidas no subgrupo das laranjas doces comuns, sendo as mais plantadas e comercializadas no Brasil destinadas, principalmente, ao processamento para suco.
A Pera é a cultivar de maturação mediana ou meia-estação e, nas condições do Estado de São Paulo, está apta para colheita entre 10 e 14 meses após a antese. Já as cultivares Natal, Valência e Folha Murcha são tardias ou muito tardias, atingindo o ponto de colheita entre 12 e 18 meses.
A Hamlin apresenta maturação precoce e baixo valor comercial para processamento do suco, quando comparada à Pera, Natal e Valência (Pozzan; Triboni, 2005). Na distinção das cultivares de laranja de mesa ou de consumo in natura, estas são separadas em três grupos principais: a) laranjas de baixa acidez: como as cultivares Lima e Piralima, que apresentam acidez entre 0,005% e 0,1%; b) laranjas-de-umbigo: Bahia e Baianinha, com 0,92 a 0,94% de acidez; c) laranja comum: Pera Rio, Natal, Folha Murcha, Valência e Seleta, que possuem 0,95% a 1% de acidez.
Plantio
O pomar deverá ser implantado com as linhas no sentido Norte-Sul, visando o melhor aproveitamento da radiação solar pelas plantas. Recomenda-se que o plantio seja feito em períodos chuvosos, para o caso de mudas de raiz nua. Em se tratando de mudas com torrão ou substrato, o plantio pode ser feito num período bem maior, praticamente todo ano, desde que haja irrigação.
Entretanto, recomenda-se evitar os meses de verão. A quantidade de adubo e correção da acidez do solo, caso precise, deve ser feita com base na análise físico-química do solo recomendada por um engenheiro agrônomo, assim como as podas de formação, limpeza, produção e rejuvenescimento, além de controle de pragas e doenças, a fim de que não haja erros na execução.
Rentabilidade
O que vem ganhando mercado, na citricultura, é a verticalização do produto, em que algumas cooperativas e/ou produtores estão apostando na forma de suco natural ou laranja descascada. Embora o suco 100% natural de laranja tenha um custo mais elevado que o néctar, é possível verificar pessoas que pagam por isso, por acreditarem na qualidade.
Quanto à rentabilidade da produção de citros no Brasil, os custos são em torno de 50% com insumos, 21% com custos indiretos (custo administrativo, de estruturas e indiretos com mão de obra), 11% com maquinário, 10% com mão de obra e 8% com combustíveis.
A estimativa é de oito a 11 anos para pagar o investimento no pomar. No ano de 2018 pagou-se em torno de R$ 21,00 a R$ 22,00 pela caixa de 48 kg, valor que foi suficiente para cobrir os custos do setor, no entanto, não remunerou adequadamente o produtor.
O desempenho econômico do pomar citrícola depende de uma série de fatores, dentre os quais destacamos: as variedades adotadas; a densidade de plantio; as condições edafoclimáticas; os tratos culturais e fitossanitários; o manejo e conservação do solo; o grau de incidência de pragas e doenças; os custos de aquisição dos insumos, da mão de obra, dos equipamentos e, na comercialização, do preço recebido pela tonelada da fruta.
Diante deste panorama, observamos que a citricultura nacional é bastante tecnificada, o que acarreta em conhecimento tecnológico para o desenvolvimento e produtividade dos pomares e a certeza de boa comercialização dos frutos com qualidade, uma vez que o Brasil lidera o mercado mundial.