Francimalba Francilda de Sousa
Engenheira agrônoma e doutoranda em Engenharia Agrícola – Unesp
ff.sousa@unesp.br
Estudos comprovam que a fertilidade do solo é responsável por cerca de 60% da produtividade agrícola. A escolha por formulações equilibradas e tecnológicas deve ser feita com atenção, o que pode aumentar ou diminuir a eficiência da entrega do elemento ao solo e às plantações.
Outro motivo para que o produtor rural analise a formulação comprada e recebida é o fato de muitas indústrias fazerem uso de enchimentos (cargas), ou seja, adição de material inerte ao fertilizante para ajuste da fórmula, porém, sem valor nutricional às plantas.
Como ter um solo saudável?
Poucos solos fornecem um balanço de nutrientes com o qual as plantas se desenvolverão em todo seu potencial sem a adição de elementos que estejam naturalmente deficientes.
A evolução da agricultura é constante e a fertilidade do solo é muito importante para que o conceito de “solo saudável” seja definitivamente incorporado, associando as práticas efetivas de revolvimento do solo, nutrição adequada e a manutenção da cobertura permanente do solo com outras tecnologias, que somadas a estes princípios, caracterizam uma definição de solo saudável, em todos seus aspectos.
Estudos comprovam que a fertilidade do solo é responsável por cerca de 60% da produtividade agrícola e, por esse motivo, os agricultores devem ser criteriosos na compra dos adubos e fertilizantes, e ter ciência do que está sendo, de fato, adquirido.
Nutrientes fundamentais para as plantas
As plantas necessitam de todos os nutrientes disponíveis no solo, sendo que um solo bem nutrido irá contribuir para um bom desempenho no plantio. Com isso, os macronutrientes mais importantes para o desenvolvimento das plantas são o nitrogênio, o potássio e o fósforo.
Além desses, são também essenciais para as plantas o cálcio, o magnésio e o enxofre. Quanto aos micronutrientes, os principais para elas são: boro, cloro, molibdênio, cobre, ferro, zinco e manganês.
Fertilizantes com enchimento
Os fertilizantes com enchimento contam com a adição de material inerte ao fertilizante para ajuste da fórmula, porém, sem valor nutricional para as plantas. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estabelece a concentração máxima de 10% de enchimento na tonelada do produto final dos fertilizantes minerais destinados à agricultura.
A instrução normativa também apresenta especificações dos materiais que podem ser utilizados, tais como granilha, silicato, quartzo, argila, turfa e calcário granulado.
A melhor maneira para saber se o fertilizante tem ou não enchimento é, antes mesmo da concretização da compra, solicitar ao fornecedor a abertura da fórmula para conhecer a composição das matérias-primas.
E é direito do cliente saber todos os detalhes da formulação que está comprando. Para os agricultores que já adquiriram dos adubos, a orientação é conferir a etiqueta e, se necessário, questionar o fornecedor.
Além disso, sempre fazer a adubação das culturas tendo em mãos a análise de solo, corrigir o pH do solo na faixa considerada ideal para as culturas para que os nutrientes aplicados sejam absorvidos, não aplicar o mesmo fertilizante e a mesma dose em todas as glebas da propriedade, realizar o manejo da adubação pensando na rotação de culturas e no sistema de cultivo, sempre observar a fonte, a dose, o momento e o local certo para aplicação do fertilizante.
Com relação ao momento adequado de aplicação, está associado à demanda da planta.
Faça as contas
Considerando uma formulação com 10% de enchimento, ao comprar dez toneladas, por exemplo, o agricultor pagará por uma tonelada de material inerte, ou seja, sem benefício nutricional para lavoura.
O prejuízo será notado em campo: o solo deixará de receber uma tonelada de nutrientes que poderiam gerar alta de produtividade e rentabilidade. Com isso, deixa-se a desejar em relação à viabilidade na compra de fertilizantes com enchimento.
A escolha por formulações equilibradas e tecnológicas deve ser feita com atenção, o que pode aumentar ou diminuir a eficiência da entrega do elemento ao solo e às plantações.
Escolha correta
A recomendação é escolher fertilizantes com mistura granulada, em que os nutrientes estão em composição adequada em um mesmo grânulo. Para altas de produtividade e rentabilidade, a escolha do agricultor sempre deve se concentrar em fertilizantes multinutrientes, que associam macro e micronutrientes de maneira equilibrada para atender às mais diversas plantações.
Eficácia do fertilizante
Os fertilizantes podem se tornar mais eficientes pela diminuição da liberação dos nutrientes, inibindo a conversão para formas que são menos estáveis nos solos, ou aumentando a disponibilidade dos nutrientes para as plantas.
O uso dessas alterações para aumentar a eficiência de uso dos fertilizantes depende dos benefícios potenciais em termos agronômicos, econômicos, e fatores ambientais.
Investimento
O custo dos adubos e fertilizantes dependem das condições do mercado internacional, tendo em vista que a maior parte deste insumo é importada.
Os fertilizantes representam o principal custo operacional dos produtores agrícolas brasileiros e tiveram os preços disparados nos últimos meses. Por isso, os agricultores consideraram reduzir o uso do insumo neste ano.
Em 2021, os insumos chegaram a representar até 30% do total gasto pelo agronegócio no Brasil, segundo dados da CNA (Confederação Nacional da Agricultura).
O custo com fertilizantes para o produtor de soja do Brasil aumentou 60% em 2022/23, enquanto o produtor de milho primeira safra deverá ter um aumento médio nas despesas de 85%, com a disparada nos preços dos adubos que deverá resultar em uma queda no consumo no País.