Kyvia Pontes Teixeira das Chagas
Engenheira florestal e mestra em Ciências Florestais – Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
kyviapontes@gmail.com
Felipe Pontes Teixeira das Chagas
Técnico agrícola
felipexpt@hotmail.com
A agricultura contribuiu significativamente com as mudanças na vegetação e ecossistemas, principalmente negativas, oriundas do mau uso do solo e da água. Contudo, o desenvolvimento agrícola vem promovendo um maior conhecimento técnico, que tem potencial de minimizar os danos em solos de áreas cultivadas.
Além disso, atualmente existe uma preocupação do agricultor, bem como uma demanda da sociedade por uma agricultura com menor agressão ao meio ambiente, preservando ou melhorando a qualidade do solo, ao mesmo tempo em que aumenta as produções. Esse padrão tem promovido o uso de técnicas como a adubação verde, a qual une sustentabilidade e aumento da produtividade.
Os adubos verdes
Para ser considerado um adubo verde, precisa basicamente ser utilizado algum tipo de planta com o intuito de aumentar, preservar ou restaurar aspectos químicos, físicos e/ou biológicos dos solos.
Esse processo pode ser feito por meio de técnicas específicas ou gerais, bem como utilizando material vegetal vivo ou morto, contanto que vise aumentar o seu potencial produtivo. Por se tratar de um material vegetal natural, esse tipo de adubação é considerada sustentável, não inserindo elementos artificiais no solo e diminuindo os impactos ambientais da agricultura.
Em alguns casos, é feito o plantio de algum tipo de leguminosa e em seguida realizado o corte e incorporação na mesma área de plantio, gerando um ciclo contínuo útil para a área.
Benefícios proporcionados
Na maioria dos casos, a adubação verde promove melhoria nos aspectos ecofisiológicos do ambiente, aumentando a quantidade de nutrientes disponíveis no solo, bem como a umidade. Os benefícios variam conforme a modalidade da adubação empregada, o ciclo das espécies, os sistemas de cultivo e a qualidade atual das áreas.
Áreas com maior retenção de umidade tendem a responder de uma maneira mais rápida à adubação verde, quando comparadas a áreas mais secas. No entanto, características climáticas do local se correlacionam diretamente com esses processos, pois atuam em conjunto.
Com efeito, a adubação verde possui muitas vantagens nos sistemas agrícolas, como evitar o desenvolvimento indesejado de ervas daninhas e diminuir as perdas de água no solo.
As principais vantagens são:
• Aumento do teor de matéria orgânica;
• Maior disponibilidade de nutrientes;
• Maior capacidade de troca de cátions efetiva do solo;
• O favorecimento da produção de ácidos orgânicos, de fundamental importância para a solubilização de minerais;
• Descompactação do solo;
• Diminuição dos teores de Al, com isso, aumento na absorção de fósforo nos solos;
• Incremento da capacidade de ciclagem e mobilização de nutrientes lixiviados ou pouco solúveis que estejam nas camadas mais profundas do perfil do solo;
• Redução de pragas e doenças, bem como combate de nematoides;
• Aumento da microbiota benéfica dos solos;
• Controle das plantas daninhas.
Como implantar a técnica?
Primeiramente, deve-se analisar as características da área e o que se pretender alcançar em termos de produtividade – a partir disso é possível traçar o objetivo e a forma como a adubação será feita.
A escolha da espécie e a quantidade utilizada vão depender da necessidade para o local. São várias as espécies que variam de acordo com seu ciclo de crescimento, época de semeadura ou sistema de cultivo. Além disso, elas melhoram a qualidade do solo e podem fornecer sementes, fibras e alimento ao homem e aos animais.