Fabrício Custódio de Moura Gonçalves
Engenheiro agrônomo e biólogo, doutor em Agronomia/Horticultura e professor de Engenharia Agronômica – Universidade Estadual do Piauí (UESPI).
fabriciocustodiodemouragoncalves@urc.uespi.br
Francisco de Assis Gomes Junior
Engenheiro agrônomo, doutor em Engenharia Agrícola e professor de Engenharia Agronômica – UESPI
franciscoassis@urc.uespi.br
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Brasil é o segundo maior produtor mundial de mamão, com colheita anual próximo de 1,6 milhão de toneladas, atrás somente da Índia.
O Brasil situa-se entre os principais países exportadores de mamão, principalmente para o mercado europeu. Além disso, o mamão faz parte do consumo da maioria da população brasileira e é uma excelente fonte de nutrientes.
A fruta é uma das mais populares entre os brasileiros e é cultivada em quase todo o território nacional, com destaque para os Estados da Bahia e Espírito Santo, com quase 70% da produção nacional.
Os Estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Minas Gerais surgem como polos emergentes, participando com 21,82% da produção; e os demais Estados com os 12,97% restantes da produção.
Apesar disso, no Brasil a maior parte da cultura do mamão encontra-se implantada em solos de baixa fertilidade (Norte do Estado do Espírito Santo e extremo Sul da Bahia). Assim, a nutrição mineral e a adubação do mamoeiro vêm sendo abordadas como prioridade nos sistemas de produção do mamoeiro.
Nutrientes essenciais
O mamoeiro se desenvolve bem em solos com baixo teor de argila, bem drenados e ricos em matéria orgânica. Considera-se adequado para o seu cultivo solos com textura areno-argilosa, cujo pH varie de 5,5 a 6,7.
Devem-se evitar solos compactados, sujeitos ao encharcamento, pois nessas condições as plantas se apresentam raquíticas e estioladas, produzindo menos frutos. Caso seja necessário o uso de solos argilosos e rasos, e/ou com presença de camadas adensadas, deve-se efetuar subsolagem a 0,50 m ou mais de profundidade.
No Extremo Sul da Bahia e Norte do Espírito Santo, os produtores efetuam o plantio do mamoeiro formando camalhões, em função de camada coesa presente nos solos de Tabuleiros destas regiões.
Dos nutrientes importantes para a cultura do mamão, temos os macronutrientes, como potássio (K), nitrogênio (N) e cálcio (Ca), que são os mais absorvidos, enquanto o fósforo (P) é o menos extraído. Dos micronutrientes, o ferro (Fe), manganês (Mn) e boro (B) são os elementos mais absorvidos, enquanto o molibdênio (Mo) é o menos absorvido.
Fontes solúveis
As fontes solúveis de nutrientes em mamoeiro visam atender a demanda da cultura de forma mais aproximada com os períodos de maior exigência de um determinado nutriente, com menores perdas por processos de lixiviação, fixação e volatilização, aumentando a eficiência do processo de adubação.
Porém, assim como os fatores que influenciam os parâmetros de irrigação são acompanhados, deve-se acompanhar os parâmetros nutricionais das plantas para adequação do esquema de fertirrigação, já que as condições edafoclimáticas são variáveis para cada local e a planta é a expressão viva destas variações e de todas as interações que ocorrem com o ambiente.
As fontes de fertilizantes nitrogenados mais utilizadas são ureia, sulfato de amônio, nitrato de amônio e a solução líquida ‘uran’. Para o fósforo, as principais fontes de fertilizantes utilizadas via água são o fosfato monoamônico (MAP), fosfato diamônico (DAP) e o ácido fosfórico.
Na escolha da fonte de P, deve-se atentar para o risco da precipitação de fosfatos, devendo-se avaliar as condições da água de irrigação quanto aos teores de Ca e o pH. Quanto ao potássio, as fontes mais utilizadas são o cloreto de potássio branco e o nitrato de potássio.
Dicas importantes
Os intervalos de aplicação dos fertilizantes solúveis devem ser ajustados de acordo com a resposta do mamoeiro e a economicidade do processo. A frequência normalmente é semanal e o parcelamento é realizado de forma a seguir a marcha de absorção dos nutrientes.
Deve-se estar atento sempre para a utilização no esquema de adubação de fontes que contenham enxofre, de modo a equilibrar as relações entre Cl– e SO4-2 e não provocar deficiências de S pelo uso exclusivo de adubos concentrados.
Dessa forma, essas recomendações, quando seguidas corretamente, tendem a otimizar a produtividade da cultura, pois mantêm ou melhoram as qualidades físicas, químicas e biológicas do solo, aumentando a sua capacidade de sustentar a produção do pomar de mamão por maior tempo.
Importância do enxofre
O enxofre (S) participa da composição química da papaína (enzima proteolítica) e, em termos gerais, desempenha na planta funções que determinam aumentos na produção e qualidade do fruto.
O SO42- é importante na competição com o íon Cl–, comumente adicionado ao solo pelo uso de adubos como cloreto de potássio. O íon SO42- favorece a atividade de enzimas anabólicas, com consequente acúmulo de carboidratos polimerizados (amido) e de componentes nitrogenados polimerizados (proteínas).
O íon Cl– em altas concentrações reduz o teor de clorofila, altera a relação açúcares solúveis/amido, atrasa o crescimento e a floração.
Na deficiência de S as folhas novas (em expansão) apresentam-se verde-claras, tornando-se uniformemente amareladas. Com o agravamento da deficiência, as folhas completamente expandidas também se tornam amareladas. Antes que os sintomas visuais nas folhas se apresentem, o crescimento do mamoeiro é prejudicado.
Após ter certeza de que a região oferece boas condições para o desenvolvimento do mamoeiro, recomenda-se que seja feita a adubação de acordo com as necessidades do solo e da planta.