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Manejo da água no cultivo de agrião hidropônico

Autores

Júlia Letícia Martins Galdino julialeticia.galdino@gmail.com

Amanda Carolina de Moraesamoraes445@gmail.com

Graduandas em Engenharia Agronômica – IFSULDEMINAS, Campus Muzambinho

Agrião hidropônico – Crédito: Weber Velho

A hidroponia é empregada de modo a eliminar o impacto de pragas de solo e reduzir problemas como contaminações ambientais gerados pelos sistemas de cultivo tradicionais. Embora os sistemas de cultivo hidropônicos sejam mais caros e exigentes em manejo e manutenção, se feitos corretamente apresentam maiores e melhores resultados quando se trata de produtividade, qualidade e segurança alimentar, em comparação à forma usual de produção, tendo em vista que se tem total controle sobre o que está atuando no meio em que as plantas estão inseridas (Silva; Melo, 2003).

Com a busca cada vez maior por alimentos saudáveis, aumenta-se também a demanda pela produção de hortaliças, como o agrião (Nasturtium officinale L.). Além de ser rico em vitaminas do complexo B, A, C, K e minerais como potássio, ferro, cálcio e fósforo, substâncias essenciais para o funcionamento do nosso corpo, o agrião também atua como antioxidante, aumentando a imunidade, combatendo infecções e facilitando o processo digestivo (Salgado, 2012).

Vantagens para o agrião

Como toda hortaliça cultivada em sistema hidropônico, o cultivo do agrião nesse método requer atenção constante em diversos aspectos. Dentre eles, o equilíbrio e concentração da solução nutritiva e a necessidade de reposição de água no sistema ao longo do desenvolvimento da cultura.

De acordo com Lira et al. (2018), o cálculo para reposição do volume de água evapotranspirada do sistema hidropônico pode ser realizado pela seguinte fórmula: 

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– V_ETC = Volume evapotranspirado em mL por cada planta no dia;

– Lf – leitura final do nível da água no depósito de abastecimento automático, em metros;

– Li – leitura inicial do nível da água no depósito de abastecimento automático, em metros;

– D – diâmetro interno do depósito de abastecimento automático, em metros;

– ∆T – intervalo de tempo entre as leituras, em dias;

– π = 3,141592 (aproximadamente);

– n – número de plantas sendo cultivadas no intervalo de tempo ∆T entre as medições.

Logo, o volume de água a ser reposto no sistema será igual ao volume evapotranspirado, não deixando de lado a verificação de pH e condutividade, assim como a concentração dos nutrientes da solução nutritiva, de modo que se reponha corretamente a água faltante, mantendo a plenitude do sistema e das plantas por ele cultivadas.

Manejo

O manejo para reposição da água evapotranspirada no sistema hidropônico consiste também na manutenção da solução nutritiva. Segundo Furlani et al. (2009), o volume de água no reservatório deve ser completado quantas vezes forem necessárias durante o dia para evitar elevação muito grande na concentração salina da solução nutritiva e também manter o volume do reservatório sempre no nível.

A manutenção da solução nutritiva pode ser realizada por meio da condutividade, o método mais fácil e simples (Silva; Melo, 2003). Mas, vale lembrar também que, quando se adiciona água para repor o volume evapotranspirado, acrescenta-se também nutrientes que estão presentes na água.

Com o tempo as adições para repor as perdas por evapotranspiração poderão causar um desequilíbrio na solução nutritiva, afetando a absorção da mesma pelas plantas. Para corrigir este desequilíbrio, recomenda-se análise química da solução e realização de correções necessárias dos níveis de nutrientes dissolvidos, ou até mesmo renovação da solução nutritiva quando os níveis dos nutrientes forem superiores aos iniciais (Furlani et al., 2009; Silva; Melo, 2003).

A renovação da solução nutritiva também é importante para evitar o acúmulo de matéria orgânica (restos de plantas, exsudados de raízes e crescimento de algas), que pode contribuir para o crescimento de microrganismos indesejáveis (Furlan et al., 2009; Silva; Melo, 2003).

Na prática

O sistema de cultivo hidropônico, comparado ao cultivo convencional, proporciona bom desenvolvimento às plantas, bom estado fitossanitário e altas produtividades (Silva; Melo, 2003).

A produtividade da hortaliça irá depender de diversos fatores, como manutenção da solução nutritiva, reposição de água evapotranspirada e eficiência do sistema hidropônico empregado. Segundo Santos et al. (2004) e Morais et al. (2006), o espaçamento e densidade de plantas no sistema também interferem na produtividade, já que esses influenciam na competição por água, luz e nutrientes.

O cultivo com espaçamento ideal, correta manutenção da solução nutritiva e reposição da água evapotranspirada pode apresentar grande produtividade no cultivo de agrião hidropônico.

Desafios

Dentre os erros mais frequentes, podemos citar a má e/ou incorreta utilização das técnicas de verificação da necessidade de reposição de água. Com isso, o produtor acredita estar adicionando a quantidade correta de água ao sistema, sendo que, na verdade, pode estar prejudicando o desenvolvimento de suas plantas e as tornando menos produtivas e mais suscetíveis a pragas e doenças, devido ao desequilíbrio gerado na solução nutritiva.

Para evitar que esse problema ocorra, recomenda-se sempre conferir qualquer cálculo realizado, manter os equipamentos de medição calibrados, utilizar balança de precisão para pesar os fertilizantes que serão adicionados à solução e, ainda, procurar um engenheiro agrônomo quando houver mais dúvidas, evitando assim, maiores prejuízos à produção.

Custo-benefício

A implantação de um sistema hidropônico demanda grande investimento inicial, porém, se manejado corretamente, seu retorno é rápido e satisfatório. Têm-se, na literatura, poucos estudos acerca do custo-benefício da produção de agrião em sistema hidropônico, devido talvez a seu não tão expressivo consumo, quando comparado a outras hortaliças, como alface e rúcula.

Como a rúcula e o agrião estão inseridos na mesma família Brassicaceae, pode-se deduzir que seus comportamentos seriam semelhantes, quando cultivados neste sistema de cultivo. Sendo assim, Dal’Sotto (2013) verificou que o cultivo de alface e rúcula em sistema hidropônico apresentou boa viabilidade econômica na agricultura familiar, com retorno de investimento rápido e boa renda.

Ainda assim, antes de optar pela produção do agrião, recomenda-se que o produtor observe a demanda de mercado pela folhosa e as possibilidades de escoamento de sua produção, buscando também diversificar seus cultivos, evitando assim a perda de hortaliças e, consequentemente, de investimento e lucro.

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