Glaucio da Cruz Genuncio
Doutor em Nutrição Mineral de Plantas ” UFRRJ
Everaldo Zonta
Doutor em Fertilidade do Solo – UFRRJ
Elisamara Caldeira do Nascimento
MSc. em Fitotecnia – UFRRJ
Devido à ampla utilização do coentro in natura para o tempero de peixes, esta é uma hortaliça que acompanha o hábito alimentar das pessoas residentes tanto próximas ao litoral quanto em regiões ribeirinhas. As regiões Norte e Nordeste destacam-se no consumo desta hortaliça, porém, ela é amplamente consumida em todo o território brasileiro.
Características
O coentro é classificado como uma hortaliça folhosa, aromática, anual, com ciclo entre 40 a 55 dias, de ciclo precoce; de raiz superficial, de coloração verde intensa, cultivada como tempero e erva aromática. A haste comercializada é de, aproximadamente, 30 cm; porém, o porte pode chegar a 90 cm de altura. É pertencente à família Apiaceae (a mesma família da salsa e da cenoura).
É cultivado a pleno sol e em regiões de clima quente, uma vez que é intolerante às temperaturas baixas. Necessita de solo de boa drenagem, rico em matéria orgânica, assim como as quantidades de N, P2O5 e K2O são de: 100, 180 e 120 kg/ha, respectivamente. A cultura é tolerante à acidez, entretanto, o pH ideal situa-se entre 6,0 ± 0,2.
A alta incidência de radiação pode ser prejudicial ao cultivo desta hortaliça, e por isso existe a necessidade do uso de telas de sombreamento (35%), em regiões cuja irradiância ultrapasse 1200 µmol fótons m-2 s-1.
Manejo
Devido à baixa taxa de germinação e à dormência das sementes recomenda-se a quebra da dormência a partir da imersão das sementes em água, durante dois dias. A melhor temperatura para a germinação é a de 27°C, sendo que a germinação ocorre entre sete a 12 dias.
A semeadura é realizada em canteiros de 1,2 a 1,5 m de largura, tanto a céu aberto quanto em cultivo protegido. A disposição das sementes é em sulcos de cultivo, a uma profundidade de 2,0 a 2,5 cm. A necessidade de sementes por hectare é de 3 kg.
Ressalta-se que para cada 1 g de sementes tem-se 800 a 900 sementes. O espaçamento recomendado é o de 0,32 m entre linhas x 0,05 m entre plantas em sistema de cultivo convencional e orgânico.
Pragas e doenças
Em relação às doenças mais comuns, têm-se: mancha de alternária (Alternaria dauci), podridão aquosa (Sclerotinia sclerotium), mancha de cercospora (Cercospora carotovora), podridão mole (Erwinia carotovora) e rhizoctonia (Rhizoctonia solani), com maior incidência em temperaturas entre 24 a 30 ºC e UR% acima de 75%.
Os sintomas são diversificados, e podem variar de manchas necróticas, tecidos moles a tombamento de mudas. Existe a necessidade de uma análise fitopatológica para a identificação do agente causal.
Em relação às pragas, têm-se: pulgão (Cavariella aegopodi), lagarta rosca (Agrotis ipilon) e nematoides (Meloidogyne sp e Pratylenchus brachyurus). Os danos podem superar os 50% de perdas em produção e produtividade, tanto para as doenças quanto para a incidência de pragas.
Destaca-se que o coentro, quando cultivado para fins de extração de óleo essencial, é fonte de Linalol, principal óleo constituinte desta erva aromática. O Linalol é usado em larga escala por indústrias de cosméticos e aromáticas. Aproximadamente 70% dos compostos produzidos por essas indústrias contém linalol em sua fórmula.
Sistemas de produção disponíveis
O coentro destaca-se por sua adaptação aos diversos tipos de cultivo. Esta espécie é cultivada tanto em sistema convencional e orgânico, quanto em cultivo protegido fertirrigado e hidropônico.
Cultivo protegido
Uma das principais vantagens do cultivo protegido é o controle da chuva dentro do ambiente e, consequentemente, do excesso de umidade. Este excesso é fator causal do alto ataque de doenças como alternaria, cercospora e podridão mole.
A redução da irradiância é outro fator importante para a garantia de produção e qualidade. Assim, o uso de cultivo protegido (estufas) favorece uma maior produção e produtividade, a menor sazonalidade e uma qualidade superior do produto.
O sistema de cultivo protegido deve ser composto de bancadas de germinação e de crescimento final. A bancada de crescimento final deve conter de 12 a 16 perfis, dispostos no espaçamento de 10 a 12 cm entre perfis e 10 a 12 cm entre plantas, com 1,68 m de largura e de 12 m comprimento.
Recomenda-se a utilização da solução nutritiva de Furlani et al. (1999), a qual contém, em g/1.000L, 174 N-NO3; 24 N-NH4; 39 de P; 183 de K; 142 de Ca; 38 de Mg; 52 de S e, 0,3 de B; 0,02 de Cu; 2,0 de Fe; 0,4 de Mn; 0,06 de Mo e 0,06 de Zn, ou soluções prontas.
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