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Manejo do pepino orgânico

Mariana Vieira Tonezi marytonezii@gmail.com

Rafael Paes Tonezi rafatonezi135@gmail.com

Graduandos em Agronomia – Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF, Garça – SP)

Marcelo de Souza Silva Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia/Horticultura e professor – FAEF – Garça – SPmrcsouza18@gmail.com

Pepino – Crédito Agristar

A produção de hortaliças orgânicas tem se destacado como uma das alternativas de renda para os pequenos agricultores familiar, devido à alta demanda mundial por alimentos mais saudáveis e livres de resíduos químico. Estima-se que cerca de um milhão de hectares sejam cultivados com orgânicos no Brasil e que os principais produtos sejam: frutas, hortaliças, raízes, tubérculos, grãos e produtos agro industrializados.

Os Estados que se destacam com um alto número de produtores orgânicos, sobretudo de hortaliças, são: Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina, Pará, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Ceará e Bahia.

Dentre as hortaliças cultivadas no sistema orgânico, o pepino está entre as mais comercializadas. Seu consumo tem crescido muito, principalmente devido às suas características nutricionais e seu nível baixo de calorias, rico em potássio, fibras e propriedades diuréticas, sendo muito indicado para as dietas balanceadas.

A produção anual do Brasil de forma convencional de pepino é de 200.000 t, com maiores volumes de produção nos Estados de São Paulo (54.803 t), Minas Gerais (42.800 t), Paraná (18,245 t), entre outros.

O cultivo

Nas áreas de produção, os pepinos mais cultivados são o Japonês, o Aodai e o Caipira. Sua produção de forma orgânica não é tão simples como das hortaliças folhosas em geral. Ele necessita de cuidados técnicos e de uma boa condução, visto que a adoção da produção orgânica é um grande avanço no cultivo de olerícolas, sendo uma forma de cultivo comprometida com a saúde do agricultor, do consumidor e do meio ambiente.

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Podemos afirmar que a produção de pepinos orgânicos é uma forma altamente comprometida com os recursos naturais. Sua prática é baseada, de forma geral, em adubação verde, esterco de animais, controle biológico de pragas e doenças, rotação de cultura focada na produção sustentável, mantendo em equilíbrio todos os agentes que compõem um sistema de produção. Deste modo, sua exploração torna-se durável, sem agressão aos recursos naturais.

Vantagens

Os benefícios da produção orgânica são bastante conhecidos, pois além da qualidade do produto tem-se o grande cuidado com o consumidor e com o meio ambiente. Outros benefícios são o aumento de matéria orgânica do solo, manutenção da biodiversidade, baixo impacto ambiental e conservação dos recursos naturais.

O não uso dos produtos químicos reduziu os impactos ambientais, com isso, até mesmo o produtor é beneficiado com a melhor qualidade de vida, garantindo segurança alimentar. Outro ponto importante refere-se à valoração dos pepinos no mercado, sobretudo quando comparados àqueles produzidos em sistema convencional.

Considerando que a melhor alimentação garante melhorias na qualidade de vida, a linha de produtos orgânicos vem de encontro ao interesse da maioria dos consumidores, dispostos a investir mais e melhor na alimentação.

Como implantar o sistema orgânico

Uma das grandes vantagens na implantação da lavoura de pepino é que não existe uma época do ano mais definida para seu plantio, podendo ser cultivado durante todo o ano em regiões com clima subtropical.

Em regiões de climas mais amenos, recomenda-se que sua exploração aconteça sob ambientes protegidos, o que pode aumentar o investimento inicial com a implantação da lavoura.

Seja no sistema orgânico ou convencional, a cultura do pepino exige a aplicação de algumas técnicas de cultivo específicas, como a produção de mudas, irrigação, capinas frequentes, tutoramento (estaqueamento com uso de estacas de bambu ou madeira a cada dois metros na linha e um fio de arame no topo), condução das hastes produtivas, manejo fitossanitário frequente e adubação.

Não é uma cultura com grandes problemas fitossanitários, quando cultivado organicamente. A adubação recomendada é de 10 toneladas de composto orgânico por hectare, que equivale a 400 gramas por cova, no espaçamento de 1,0 m.

Durante a condução das plantas, é importante que sejam aplicados tratos culturais como remoção do excesso de hastes laterais, desbrotas de ramos próximos ao solo e amarrio dos ramos à medida que crescem. A iluminação na área de cultivo é outra medida que favorece a cultura do pepino.

Colheita

A colheita pode ser realizada de 50 a 60 dias do plantio, o que depende da cultivar e do uso. Os pepinos destinados a conservas geralmente são colhidos mais cedo que os demais, quando atingem de 3,0 a 9,0 cm de comprimento.

A produtividade de pepino em sistema orgânico é semelhante ao cultivo convencional, com média de 37 t ha-1. No entanto, no momento da comercialização, o preço praticado pelo pepino orgânico é consideravelmente superior ao do sistema convencional.

Deste modo, mesmo colhendo menos frutos, a atividade ainda se torna atrativa aos produtores, por resultar em maior rentabilidade financeira.

Fique atento

  O primeiro erro cometido não só na agricultura orgânica familiar, mas em diversas áreas, é a falta de planejamento, o que permite ter um maior controle da capacidade de produção. Um erro bem comum é a utilização de adubos orgânicos em excesso, como a cama de aviário, o que pode acarretar em desbalanceamento dos nutrientes do solo, elevando o nível de cálcio (Ca) e de materiais pesados.

A compra de insumos de baixa qualidade visando a redução de gasto e fazer a aplicação do fertilizante sem a técnica de um profissional, são erros fatais. Embora represente um custo extra, a produção de pepino japonês requer baixa incidência de ventos nas plantas e frutos. Logo, deve-se utilizar quebra-ventos em sistemas convencionais, ou optar pela produção em estufas. O vento incidindo diretamente sobre os frutos acarreta deformação deles, reduzindo seu valor de mercado.

Por se tratar, muitas das vezes, de pequenas áreas familiares no cultivo orgânico, é essencial a construção de planejamento, como criação de planilhas, cotação de produtos, dados financeiros e calendário de diferentes cultivares na propriedade.

É importante analisar o histórico da área de cultivo e se todos os componentes do sistema de produção obedecem aos pré-requisitos da produção orgânica. Vale lembrar que a base da produção orgânica é a utilização de produtos naturais e orgânicos, e sua adoção é essencial para o desenvolvimento das plantas e a construção da fertilidade do solo.

Toda a técnica deve ter a orientação de um profissional da área agronômica, com condução do solo ideal e a necessidade nutricional das plantas para seu crescimento e produção, evitando a aplicação em deficiências ou excessos.

Para evitar a compra de insumos orgânicos de baixa qualidade, é necessário que o produtor exija do seu fornecedor ou vendedor um comprovante de origem do produto, registro e laudo de composição orgânica. Portanto, ambas as técnicas devem ser utilizadas dentro da propriedade trazendo ao produtor uma melhor gestão sobre sua propriedade.

Custo envolvido

 O custo total de produção de pepino em 400 m2 em ambiente protegido, em um ciclo de produção de dois meses, foi de aproximadamente R$ 2.497,92. Deste total, cerca de 73% referem-se às despesas com insumos (R$ 1.798,30). Esses valores não incluem o investimento na estrutura do ambiente protegido.

Os gastos com defensivos, adjuvantes, óleo vegetal, ambos de origem natural isolados de produtos químicos representam maior participação nas despesas com insumos, cerca de 54%.

Vale a pena?

 A agricultura orgânica ou biológica é um tipo de alternativa que tem por finalidade a produção de alimentos saudáveis, priorizando a qualidade do alimento e evitando danos à saúde humana. O investimento na produção orgânica vem ganhando um grande espaço a nível de produção e comercialização. Há baixo nível de produção e os investimentos são poucos, como irrigação, adubos orgânicos, resto vegetal e palhada como forma de cobertura.

Quando se trata de uma produção orgânica de média a alta produtividade, embora possuam custos maiores, em geral, se refletem em bons resultados de produção. Os maiores investimentos estão relacionados à construção de ambientes protegidos, irrigação localizada de alta precisão, fertilidade do solo, mudas isentas de doenças e resíduos químicos, fertilizantes naturais e defensivos naturais.

O retorno dos investimentos é notado no valor agregado no produto, portanto, a comparação entre o valor final de uma caixa de pepino (japonês) de 22 kg em produção convencional pode custar de R$ 40,00 a R$ 50,00. A comercialização de pepino (japonês) em cultivo orgânico em ambiente protegido, com frutos sem a presença de resíduos químicos, a caixa com 22 kg tem o valor entre R$ 55,00 e R$ 70,00, ambos os produtos com o padrão de primeira qualidade.

Certificação

Para ter a produção 100% orgânica comprovada, é necessário uma certificação por empresas credenciada no Ministério da Agricultura, que geralmente é adquirida por grandes produtores orgânicos devido ao custo envolvido.

Para pequenos produtores familiares, a legislação brasileira permite que eles se juntem em organizações de controle social (OCS), e assim podem obter uma declaração de boas práticas no manejo orgânico, podendo comercializar o produto como orgânico ao consumidor final.

A regularização da produção orgânica no Brasil é recente. A lei nº 10.831, de 23 de dezembro de 2003, foi criada para dar um panorama geral do que são os orgânicos. Quatro anos depois, em 2007, o decreto nº 6.323 trouxe em detalhes como deve ser a produção, certificação e comercialização desses alimentos.

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