Fabrício Custódio de Moura Gonçalves
Engenheiro agrônomo e biólogo, doutor em Agronomia/Horticultura e professor de Engenharia Agronômica – Universidade Estadual do Piauí (UESPI).
fabriciocustodiodemouragoncalves@urc.uespi.br
Francisco de Assis Gomes Junior
Engenheiro agrônomo, doutor em Engenharia Agrícola e professor de Engenharia Agronômica – UESPI
franciscoassis@urc.uespi.br
O mamoeiro possui necessidades diferenciadas de nutrientes durante todo o seu ciclo, pois é uma planta de crescimento rápido e constante. As adubações devem ser efetuadas em intervalos frequentes, devendo-se dar preferência a fontes solúveis de fertilizantes, sendo que uma delas deve ser também fonte de enxofre.
As adubações em cobertura com fertilizantes sólidos devem sempre ser feitas com boa umidade no solo. Estudos de distribuição do sistema radicular do mamoeiro em solos dos Tabuleiros Costeiros têm demonstrado que a concentração do sistema radicular se localiza em raio inferior a 60 cm ao redor do tronco e à profundidade de 30 cm.
Em função destas informações, recomenda-se a aplicação do adubo a lanço, distribuído uniformemente entre a parte mediana da projeção da copa e o tronco do mamoeiro.
Nitrogênio
O nitrogênio (N) deve ser fracionado o quanto possível, de preferência mensalmente. Os fertilizantes nitrogenados mais utilizados são o superfosfato simples, ureia e o sulfato de amônio. Na implantação da cultura deve-se aplicar, na cova de plantio e sob a forma orgânica, 15% do total de N do primeiro ano.
O restante deve ser distribuído ao longo do ciclo fenológico da cultura e aplicado semanalmente ou quinzenalmente. A quantidade total recomendada no segundo ano deve ser dividida em parcelas iguais e aplicada semanal ou quinzenalmente.
Fósforo
Colocar na cova 25 a 30% do fósforo (P) recomendado para o primeiro ano, na forma de superfosfato simples, para suprir a planta também com enxofre (S). Devido à menor exigência da cultura por P e considerando a sua menor mobilidade, as adubações de cobertura podem ser aplicadas de dois em dois meses.
As principais fontes de fertilizantes utilizadas via água são o fosfato monoamônico (MAP), fosfato diamônico (DAP) e o ácido fosfórico. No segundo ano, a quantidade total recomendada deve ser parcelada e aplicada de dois em dois meses.
Na escolha da fonte de P, deve-se atentar para o risco da precipitação de fosfatos, devendo-se avaliar as condições da água de irrigação quanto aos teores de cálcio (Ca) e o pH.
Potássio
O potássio (K) deve ser fracionado o quanto possível, da mesma forma que o N, ou seja, mensalmente, a relação N/K do fertilizante não deve ser menor do que um, ou seja, na adubação do mamoeiro o K deve ser usado em quantidade menor ou no máximo igual à de N.
Os fertilizantes mais utilizados são o cloreto de potássio e sulfato de potássio. Quando da utilização do cloreto, utilizar uma fonte de SO42- (gesso ou superfosfato simples). O total de K recomendado para o primeiro ano de cultivo deve ser distribuído e aplicado semanalmente ou quinzenalmente em cobertura, via água de irrigação.
No segundo ano, o total de fertilizante potássico deve ser dividido em parcelas iguais e aplicado semanal ou quinzenalmente. Os intervalos de aplicação dos fertilizantes devem ser ajustados de acordo com a resposta da cultura e a economicidade do processo.
Deve-se estar atento sempre para utilização no esquema de adubação de fontes que contenham S, de modo a equilibrar as relações entre Cl– e SO₄²⁻ e não provocar deficiências de S pelo uso exclusivo de adubos concentrados.
Micronutrientes
Os micronutrientes podem ser fornecidos via solo e/ou via foliar. Via solo a dose é constituída de 5,0 kg de zinco/ha, 2,0 kg de boro/ha, 2,0 kg de cobre/ha e 4,0 kg de manganês/ha.
Quando necessária, a correção de micronutrientes poderá ser feita com pulverização via foliar, mantendo-se as seguintes concentrações: sulfato de manganês a 1%, sulfato ferroso a 1%, sulfato de zinco a 0,6%, ácido bórico a 0,3% e oxicloreto de cobre a 1%.
Optando-se pelo uso de FTE, como fonte de micronutrientes, deve-se aplicar na cova em torno de 50 a 100 g de FTE Br 8 ou FTE Br 9, sempre se baseando na concentração de B do produto (de 1,0 a 2,0 g de B/cova).
Se o agricultor optar pela adubação orgânica, encontrará grandes vantagens. Apesar da possibilidade de redução da adubação química, quando se utiliza matéria orgânica, deve-se entender a sua função, principalmente como condicionador do solo, melhorando suas propriedades físicas, químicas e biológicas.
Em geral, o mamoeiro responde bem à adubação orgânica. Recomenda-se, portanto, sempre que possível, a utilização de adubos como tortas vegetais (mamona, cacau, etc.), estercos (bovino e de galinha), compostos diversos, dentre outros.
Ainda, a adubação verde é outra prática indicada, por incrementar a cobertura, proteger e melhorar a estrutura física do solo.
Erros e acertos
Normalmente, os solos cultivados com mamoeiro não são capazes de suprir integralmente os nutrientes para o crescimento e produção da cultura, sendo necessária a realização da calagem e da adubação.
Assim, uma adubação correta quanto à dosagem, forma e época de aplicação de corretivos e fertilizantes contribuirá para o aumento da produtividade da cultura. Os solos mais adequados para o desenvolvimento do mamoeiro são os de textura areno-argilosa, com pH variando de 5,5 a 6,7.
Deve-se evitar os solos muito argilosos e os pouco profundos, assim como os localizados em baixadas, pelo fato de encharcarem com facilidade na época de chuvas intensas, sendo desfavoráveis ao desenvolvimento do sistema radicular do mamoeiro.
Produtividade
A nutrição mineral e a adubação do mamoeiro vêm sendo abordadas como prioridade nos sistemas de produção, pela utilização da análise de solo e da análise foliar para a diagnóstico da disponibilidade de nutrientes e o seu equilíbrio nutricional, para obtenção de alta produtividade e qualidade dos frutos.
Estudos com a cultura do mamoeiro para determinar a absorção de nutrientes demonstraram que a planta absorve quantidades relativamente elevadas de nutrientes e apresenta exigências contínuas, atingindo o máximo aos 12 meses.
Dessa forma, é notável a preocupação que se deve ter com a nutrição correta e eficaz do mamoeiro para garantir um desenvolvimento adequado.
A calagem deve ser realizada entre dois e três meses antes do plantio do mamoeiro. Também, deve ser avaliada a opção de substituir 25% do calcário por gesso, com o objetivo de aumentar a saturação por bases nas camadas mais profundas do solo, onde, se houver a necessidade de fazer uma aração no solo, deve ser aplicada a primeira metade antes dela, e a segunda metade antes da gradagem, para garantir uma melhor incorporação.
Pode-se efetuar uma adubação foliar das mudas no viveiro com uma solução a 0,1% de ureia se as folhas velhas se apresentarem amarelas e a 0,5% de ureia, quando o amarelecimento é generalizado. Tais procedimentos melhoram e elevam a produtividade do pomar.