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Nova classe de defensivos biodirigidos avança no controle de percevejos

Tecnologia disruptiva para soja e milho é enquadrada como não geneticamente modificada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

Uma tecnologia inovadora, desenhada para controlar de forma precisa pragas-alvo e sem afetar nenhum outro organismo vivo, vem sendo desenvolvida com sucesso por uma empresa brasileira em parceria com a Embrapa. O produto pulverizável, que tem como base a molécula de RNA dupla fita, atua no controle de percevejos marrom (Euschistus heros) e barriga-verde (Diceraeus melacanthus), que causam danos relevantes na cultura da soja e milho. Atualmente os agricultores gastam mais de R$ 6 bilhões por ano buscando controlar estas pragas em suas lavouras.

O defensivo biodirigido, como vem sendo chamado, tem o desenho baseado no genoma do organismo que se pretende atingir. A solução, concebida para ser segura (tecnologia Safe-and-Sustainable-by-Design (SsbD), foi desenvolvida pela WIN, braço de inovação da Sempre AgTech.  “Hoje, não existe agente inseticida com molécula que tenha RNA dupla fita como princípio ativo e que seja pulverizável, para matar percevejo. Ele é seguro porque é inofensivo a plantas e qualquer outro organismo, como abelhas, peixes e mesmo o ser humano, seja o trabalhador no campo ou consumidor. Também não contamina a água de rios e açudes”, revela Hugo Molinari, Diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) da empresa.

O produto vem de encontro com a sustentabilidade e o conceito ESG (sigla em inglês que abrange um conjunto de práticas voltadas para a preservação do meio ambiente, responsabilidade social e transparência empresarial. “Acreditamos que o produtor vai gostar de ter uma nova alternativa aos agroquímicos para controlar os problemas no campo. Além disso, tanto consumidor quanto produtor não querem mais alimentos com resíduos. Tem cultura que recebe de 20 até 30 aplicações na mesma safra, para que as pragas invasoras sejam controladas, e isso tem uma série de problemas por trás”, pondera o diretor.

Molinari acrescenta que outra vantagem do defensivo biodirigido é uma menor necessidade de aplicações. “Menos máquinas pulverizando geram custos mais baixos e menores emissões de gases de efeito estufa. É um impacto que a gente ainda nem calcula, mas o uso de um produto seguro tem uma série de desdobramentos”. Ele ainda lembra da deriva, que ocorre quando a trajetória do defensivo é desviada durante a aplicação e gera ineficiência no aproveitamento do insumo e contaminação de áreas próximas à lavoura. “Com este produto, a deriva seria coisa do passado”, resume. Com esses diferenciais, a expectativa é de que o novo defensivo também será bem recebido na agricultura orgânica.

O ineditismo não para por aí. Um parecer da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), no início de fevereiro, considerou que a nova tecnologia ‘não se enquadra como um organismo geneticamente modificado’, o que pode levar à necessidade da criação de uma nova classe de defensivos e mudar os rumos da agricultura no Brasil. Hugo Molinari ressalta o impacto positivo ao setor. “Não existe categoria para classificar, hoje, o nosso produto. A resposta da CTNBio, de que ele se enquadra na Resolução Normativa No.16 como organismo não geneticamente modificado, é um grande avanço, uma inovação disruptiva”. Ele explica que o próximo passo será trabalhar junto ao órgão competente, vinculado ao Ministério de Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), fornecendo todas as informações e documentação necessárias para obtenção do registro. “Vai permitir o registro de um produto seguro e com o custo muito mais competitivo, se comparado a um inseticida considerado OGM (organismo geneticamente modificado) utilizado para esse fim”, acrescenta.

A expectativa para o lançamento comercial do produto é de três anos. O trabalho de pesquisa começou em 2015 e, em breve, entrará na produção da molécula em larga escala. Para implementar esta fase, a WIN busca parcerias em diferentes áreas de atuação.

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