A fertirrigação tem ajudado os produtores de tomate a colocarem na planta a quantidade equilibrada de nutrientes, na hora certa e no local ideal
O tomateiro é considerado, dentre as hortaliças, uma das espécies mais exigentes em adubação. Portanto, conhecer as exigências nutricionais, os principais sintomas de deficiências e o modo de corrigi-las é fundamental para o êxito da cultura.
A absorção de nutrientes pelo tomateiro é baixa até o aparecimento das primeiras flores. Daà em diante, a absorção aumenta e atinge o máximo na fase de pegamento e crescimento dos frutos (entre 40 e 70 dias após o plantio), voltando a decrescer durante a maturação dos frutos.
A quantidade de nutrientes extraída pelo tomateiro é relativamente pequena, mas a exigência de adubação é muito grande, pois a eficiência de absorção dos nutrientes pela planta é baixa. Para os fertilizantes fosfatados, por exemplo, a taxa de absorção é de aproximadamente 10%. O restante fica no solo, na forma de resíduo, podendo ser absorvido por plantas daninhas, ser transportado pela água ou ser retido por partículas do solo.
Segundo dados da Embrapa Hortaliças, em média, em cada tonelada de frutos colhidos, são encontrados: 03 kg de nitrogênio; 0,5 kg de fósforo; 05 kg de potássio; 0,8 kg de cálcio; 0,2 kg de magnésio e 0,7 kg de enxofre. Em relação aos micronutrientes, as quantidades são: 05 g de boro; 25 g de zinco; 10 g de cobre; 25 g de manganês e 25 g de ferro.
O primeiro passo
Antes de pensar na nutrição, é preciso analisar bem a disponibilidade de água para a cultura do tomate. Isso porque se trata de uma cultura com alta demanda de água, para responder à produtividade, que também é grande. Para isso, é importante investir em um sistema que proporcione uma boa irrigação.
Além disso, o engenheiro agrônomo João Roberto do Amaral Júnior recomenda que o produtor se preocupe com um bom preparo de solo para que as plantas consigam desenvolver bem o sistema radicular. E, por fim, que pense na nutrição da lavoura.
Pela análise foliar pode-se conhecer o estado nutricional da planta. As amostras para análise são coletadas 50 dias após o plantio, retirando-se a quarta folha a partir do ápice das hastes. Pelo menos 20 a 30 plantas por hectare devem ser aleatoriamente amostradas.
Tabela 1. NÃveis adequados de nutrientes obtidos em análise foliar de tomateiro | |||
Nutriente | Teor (%) | Nutriente | Teor (ppm) |
Nitrogênio | 4,0 a 6,0 | Boro | 50 a 70 |
Fósforo | 0,25 a 0,75 | Zinco | 60 a 70 |
Potássio | 3,0 a 5,0 | Cobre | 10 a 20 |
Cálcio | 1,5 a 3,0 | Manganês | 250 a 400 |
Magnésio | 0,4 a 0,6 | Ferro | 400 a 600 |
Enxofre | 0,4 a 1,2 | ||
Fonte: Silva & Giordano, 2000. |
O uso eficiente de fertilizantes exige uma diagnose correta de possÃveis problemas de fertilidade do solo e nutrição da planta, antes e após as adubações. O conhecimento do histórico da área deve também ser considerado, pois os resíduos de adubações pesadas, principalmente de micronutrientes, podem atingir níveis tóxicos.
Isoladamente, a análise de solo não é um instrumento eficaz para a definição de doses e épocas de aplicação de fertilizantes nitrogenados. Nesse aspecto, a experiência local deve ser a base do manejo.
Nutrição ideal
Para a nutrição ideal do tomate, é preciso conhecer bem a curva de absorção da planta. “Atender a demanda desse material de acordo com a fase fenológica da planta e dispor os nutrientes que ela precisa são o segredo do sucesso.É preciso, então, um equilíbrio de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre“, revela João Roberto.
Em alguns casos, ele conta que é feita a adubação de base com NPK e cálcio, boro e enxofre, e depois cada nutriente vai sendo equilibrado de acordo com a fase da planta. “Tudo isso depende muito da variedade do tomate, pois cada um tem uma demanda específica“, esclarece.
Após a adubação de base é importante seguir monitorando a solução do solo que mostra o que há de nutrientes no perfil. “Quando fazemos a base, temos um aporte para alguns dias, o que depende das condições do solo, do clima e do tipo de manejo dado à lavoura“, diz o agrônomo.
Pelo consumo nutricional da planta é possível determinar a solução do solo, por meio da análise da água da solução e dos níveis dela. A partir do momento que esta começa a cair, é hora de fazer a reposição.
Manejo nutricional
A solução nutricional deve ser aplicada em todas as irrigações. “Se o clima estiver quente e seco e a cultura estiver na fase inicial, pode haver até duas fertirrigações dentro de uma semana. Conforme a planta aumenta a demanda por água, logicamente haverá aumento também da demanda de nutrientes, e daà por diante“, ensina João Roberto.
O agrônomo tem mantido a concentração de nutrientes na solução da fertirrigação de acordo com a cultivar e com a fase fenológica. Fazendo isso, ele conta que a cada análise da solução de solo há o reajustedos nutrientes para manter o sistema equilibrado.
“Pode acontecer da demanda de determinado nutriente ter sido maior ou menor, e fazemos esse ajuste na próxima formulação.Esse controle acontece com análises. Fazemos a extração da solução de solo, e há um kit que mede o pH, a condutividade, o nitrato, o potássio e o cálcio. São medidores eletrônicos e a leitura é direta. O resultado é quase que imediato, e posso fazer análise de nitrito e de amônia, fosfato, e para quantificar o magnésio eu uso um kit de análise que originalmente era utilizado em aquário de criação de coral. Isso porque a demanda por cálcio e magnésio no aquário é muito grande“, relata.