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Novo estilo de vida aumenta demanda por abacates

Abacate – Crédito: Shutterstock

Nunca se teve uma busca tão grande por uma alimentação saudável como nos dias atuais. A humanidade entendeu que um alimento que proporciona fatores benéficos à saúde as ajuda a viver mais e melhor, principalmente se o cultivo desse alimento estiver atrelado à produção sustentável. Por isso, os hábitos alimentares são um componente importante da cultura de cada povo.
O abacate, por exemplo, é uma fruta rica em vitaminas B, C, E e K e minerais como potássio e magnésio. Além disso, contém gorduras monoinsaturadas e poli-insaturadas, como ômega-3. Tais benefícios ajudam a melhorar o rendimento de treinos físicos, por ser rico em energia e prevenir doenças cardíacas e câncer, por fortalecer o sistema imunológico e prevenir a formação de aterosclerose.
Além disso, tem ampla utilização em pratos saudáveis, tanto salgados, tradicional na América Central, quanto em doces, como temos no Brasil. Contudo, a cultura do tipo de consumo vem se alterando com o tempo, visto o surgimento de novos produtos originários do processamento do abacate, como exemplo, o azeite.

Derivados

A polpa do abacate produz um excelente azeite com alto valor nutricional, rico em vitaminas, é uma fonte natural de vitamina B, K, C e E, além de ser fonte rica em potássio, carotenoides e fitoesterois. Apesar de ser bastante consumido no mundo, principalmente no México, o azeite chegou no Brasil há pouco tempo.
Essa nova forma de consumo do abacate promoveu ao Brasil um diferencial na produção devido à oferta de abacate o ano todo. Temos picos de produção entre os meses março a junho, quando há um encontro das safras das variedades ‘Fortuna’, ‘Quintal’, ‘Ouro Verde’, ‘Margarida’ e o avocado ‘Hass’, favorecendo um aporte à produção de produtos diferenciados como o azeite.

Origem

O abacateiro tem três centros de origem, sendo eles Guatemala, México e as Ilhas antilhanas. Porém, hoje é cultivado na maioria das regiões tropicais e subtropicais do globo, logo, mais de 80% da produção mundial de abacate está nas mãos de 11 países, sendo que em 2019 a produção foi de 7,2 milhões de t, cultivados em 726,6 mil hectares, totalizando uma produtividade de 9,9 t ha-1 (FAOSTAT).
O México lidera a lista, com 34% da produção mundial, seguido pela República Dominicana, Peru, Indonésia, Colômbia, Chile, Brasil, Quênia, Estados Unidos, Venezuela, Israel e China.

Produção nacional e exportação

Com a valorização do abacate e novas técnicas de cultivo em território nacional, as áreas estão se expandindo e o Brasil já ocupa a 6° posição no ranking dos maiores produtores. Em 2019, em uma área de aproximadamente 15 mil hectares o país produziu 243 mil toneladas, com produtividade média de 16 t ha-1 de abacate (Faostat), sendo 90% da comercialização no mercado interno e 10% destinados à exportação.
No entanto, o País exportou para vários países de diferentes continentes e o principal carro-chefe foi o abacate variedade ‘Hass’, que no 1° semestre de 2020 apresentou um volume de 5,6 mil t, totalizando US$ 10,3 milhões (Abrafrutas). O continente europeu foi o principal destino das exportações brasileiras do produto, atingindo o volume de 4,4 mil t, representando 78% do total, com valor FOB de US$ 8 milhões.
Os principais países exportadores são México, Holanda e Peru. Este volume comercializado se deu principalmente por via marítima. Este meio de transporte não prejudica o abacate, pois é uma das únicas frutas que deve ser colhida antes de amadurecer. Entretanto, a fruta deve conter uma taxa de matéria seca entre 21 a 32%, para garantir seu amadurecimento adequado, exigido pelo cliente.

Por aqui

Dos Estados brasileiros, 18 deles e o Distrito Federal produzem a fruta, sendo o principal produtor o Estado de São Paulo (123 mil t), seguido de Minas Gerais (69,5 mil t), Paraná (23,5 mil t), Ceará (6,7 mil t), Rio Grande do Sul (4,6 mil t) e Distrito Federal (2,85 t) (IBGE). A produção deve dobrar nos próximos três anos.
As informações sobre o número de pés plantados (novos e em produção) e a produção de abacate tiveram como fonte os levantamentos sistemáticos da Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas Paulistas, realizados conjuntamente pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) e Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS), órgãos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA).
Ao observar os dados de 2019, a evolução de plantas novas de abacate em São Paulo mostrou-se significativa, totalizando 371 mil plantas novas no Estado. O Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) de Ourinhos foi o que indicou o maior número de novas plantas, 89,5 mil, seguido do EDR de Jaboticabal com 78,7 mil; Limeira, com 41,3 mil e Ribeirão Preto com 33,11 mil.
Esse aumento refletirá, obviamente, na produção futura, daqui a quatro anos. O cultivo do abacate tem se espalhado em todo o território nacional devido à alta rentabilidade financeira. Isto mostra que não podemos esquecer do fator social que a fruta representa nas regiões produtoras, sendo que a demanda por mão de obra é intensa, gerando renda aos trabalhadores e produtores rurais.

Em números

O valor da produção gerado pelo abacate no Brasil em 2019 foi de R$ 362,2 milhões. Três Estados foram responsáveis por 87,42% do total: São Paulo (44,43 %), Minas Gerais (31,4%) e Paraná (11,6%).
O preço médio recebido pelos produtores de abacate no Estado de São Paulo nesses últimos dez anos apresentou taxa de crescimento de 10,5%, indicando que houve uma valorização do produto no período. Assim, São Paulo é o maior exportador da fruta, responsável por 90% das exportações, atingindo o volume de 4 mil t.
Dessa forma, os resultados econômico-financeiros têm sido positivos e favoráveis para o investimento, visto que há saldos médios de caixa gerados com a produção a partir do 4° ano após a implantação do pomar.

Custo de produção

O custo de implantação é muito variável devido ao tipo de solo, preparo de solo, muda, adubação orgânica/química, irrigação entre outros fatores. Por exemplo, em locais onde o solo é muito argiloso, faz necessário o levantamento de camalhão (terraço elevado) e isso encarece até R$ 10 mil por hectare.
Outro ponto fundamental para o sucesso do pomar é a qualidade fitossanitária da muda enxertada, que deve ser adquirida de viveiros registrados pelo MAPA e as sacolas preenchidas com substratos certificados, com preço comercializado entre R$ 12 a R$ 25 o valor unitário (Estado de São Paulo).
Não tão menos importante, a adubação a ser adotada para condução e manutenção dos abacateiros é um fator relevante, que para um pomar com 250 plantas por ha, varia entre R$ 7 a 25 mil por hectare.
Assim, o custo de manutenção do pomar no 2º e 3º ano do abacateiro varia entre R$ 3 a 5 mil por hectare (podendo encarecer ainda mais, caso tenha a colheita precoce. A partir do 4° ano de cultivo, o custo é baseado pela produção, o que varia de R$ 0,25 a R$ 1,50 o quilograma, com custos de colheita embutidos, ou seja, se em uma produção de 10 t/ha o custo é de R$ 0,50 quilo da fruta, o custo efetivo final será de R$ 5.000 por hectare.

Demanda

A demanda cresceu significativamente nos últimos anos, levando a um aumento considerável de áreas plantadas em todo o País, assim como a abertura de novos mercados para exportação da fruta, que mostra a perspectiva positiva quanto à cultura.
Entretanto, em várias regiões do Brasil a safra do abacate foi afetada pela estiagem prolongada. Consequentemente, ocorreu baixo vingamento das flores, com pouco pegamento dos frutos, sendo as cultivares mais afetadas as variedades Margarida e Breda, ambas com ciclo tardio.
Houve, também, uma queda de produção da ordem de 20 a 30% em pomares de abacate ‘Hass’, entretanto, os pomares novos dotados de sistema de irrigação atenuaram essa queda, mantendo índices elevados de suprimento de abacate, tanto no mercado internacional como nacional.
Dessa forma, a perspectiva para 2021 continua sendo muito promissora, com adequação dos sistemas de manejo, implantação de tecnologias a campo que visem evitar problemas como queda na produção e garantir expansão do setor frente à comunidade internacional e nacional.

Autoria:
Aline de Sousa Mendes Gouveia – aline.gouveia@unifio.edu.br
Adilson Pimentel Junior – adilson_pimentel@outlook.com
Bruno Henrique Leite Gonçalves – brleitee@gmail.com
Engenheiros agrônomos, doutores em Agronomia e professores – Centro Universitário das Faculdades Integradas de Ourinhos (UNIFIO), Ourinhos/SP
Veridiana Zocoler de Mendonça – Engenheira agrônoma e doutora em Agronomia – Unesp – veridianazm@yahoo.com.br

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