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Nutrientes no cafeeiro: momento é mais importante que quantidade

Entender a importância dos nutrientes no cultivo de alto desempenho é fundamental para quem busca maximizar a produção agrícola. Esse processo envolve muito mais do que apenas aplicar fertilizantes ao solo.

Foto: Ana Maria Diniz

Alisson André Vicente Campos
Engenheiro agrônomo – Universidade Federal de Viçosa (UFV), doutorando em Fitotecnia – UFLA e coordenador de Pesquisa na Fronterra
alissonavcampos@yahoo.com.br
Laís Sousa Resende
Engenheira agrônoma, doutoranda em Fitotecnia (ESALQ) e pesquisadora Rehagro
sialresende@gmail.com

Na cafeicultura, como em qualquer cultura, é preciso equilíbrio para a produção. A adubação se faz necessária, assim como o manejo de plantas daninhas, pragas, doenças e nematoides.

A adubação racional é muito importante para o equilíbrio do cafeeiro, visto que o erro pode ser o fator principal para perda da produtividade. Os macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg, S) e micronutrientes (Fe, B, Zn, Mn, Cu, Mo) devem ser observados nas análises, de forma que existem padrões a serem seguidos, ou que direcionam ao equilíbrio da planta.

Esses nutrientes são encontrados nas mais variáveis fontes, devendo levar em conta o custo benefício de sua aquisição. Todos os nutrientes são essenciais para produção, a falta de algum ou também o excesso pode impactar significativamente, assim como o a lei de Liebig, que o nutriente em menor concentração poderá impactar a produtividade.

Momento ideal de nutrir as plantas

Como os fertilizantes são absorvidos pelas raízes por fluxo de massa, difusão e interceptação radicular, a aplicação deve coincidir com período de disponibilidade hídrica que possibilite que os nutrientes fiquem em solução do solo.

Este período se inicia com chuvas, com os produtores devendo começar as adubações que, dependendo da região, corresponde de outubro a março. Com os resultados das amostragens de solo e as recomendações de adubação em mãos, cada produtor deve estabelecer suas estratégias de adubação.

Os fertilizantes convencionais são parcelados em pelo menos três aplicações, como a ureia, porém, algumas tecnologias podem ser utilizadas, como os fertilizantes de liberação lenta/controlada, devendo traçar estratégias para melhor aproveitá-lo, como também ficar de olho nas previsões de chuvas com o objetivo de se ter melhor aproveitamento nas aplicações.

Na quantidade certa

O cafeicultor, juntamente com seu engenheiro agrônomo responsável, deve traçar manejos a serem seguidos, como por exemplo, a utilização de compostos orgânicos, que também oferecem aporte nutricional às plantas, assim como a utilização de plantas de cobertura, afim de aumentar a matéria orgânica do solo, auxiliando na supressão de plantas daninhas.

Pode-se utilizar condicionadores de solo, afim de obter ganhos em produtividade. O produtor deve fazer as amostragens de solo afim de conhecer melhor as reais necessidades das demandas de nutrientes, assim como observar a carga pendente da lavoura, que auxilia também na estratégia de recomendação, utilizando a exportação de nutrientes.

Um ponto importante a ser observado em lavouras de cafés é quanto à cultivar, sendo algumas mais responsivas à nutrição, devendo-se evitar situações que possam aumentar muito a vegetação da planta, como no caso das cultivares MGS Topázio 1190 e IPR 100, muito sensíveis às adubações nitrogenadas.

Absorção eficiente de nutrientes

A utilização de fertilizantes de eficiência aumentada corresponde diretamente à sua absorção, visto que favorece a melhor dissolução no solo para as plantas absorverem. Observar as previsões de clima pode ser um fator principal para o produtor na tecnologia de fertilizantes a ser utilizada.

O microclima favorável ao cafeeiro induz as plantas a absorverem melhor os nutrientes, aproveitando melhor a adubação. Alguns nutrientes catiônicos, como o Zn, Mn e B podem apresentar inibição competitiva, devendo ser condicionados com atenção em misturas com fungicidas cúpricos.

Além disso, o K, Ca e Mg no solo podem interagir com aplicações elevadas de gesso agrícola.

Na prática

A nutrição foliar é importante para questões de suprir a nutrição por micronutrientes. Alguns micronutrientes, como o Zn, podem levar até 48 horas para serem totalmente absorvidos pelas folhas.

Foto: Ana Maria Diniz

Dessa forma, a fonte nutricional é muito importante para absorção, com os nutrientes foliares em solução concentrada ou sais quelatizados apresentando maior solubilidade e facilitando a absorção pelas folhas.

A adição de adjuvantes também auxilia na absorção dos nutrientes pelas folhas.

Equilíbrio nutricional

O equilíbrio nutricional é muito importante para a produção da planta, uma vez que desequilíbrios afetam diretamente a produtividade, depauperando a planta para as próximas safras, por ela demandar reservas nos ramos e sistema radicular.

Além disso, a nutrição inadequada pode reduzir a fertilidade construída no solo. O desequilíbrio de alguns nutrientes, como na relação entre K e Ca, torna a planta mais suscetível à ação da cercosporiose, acarretando em quedas dos frutos e perdas de qualidade.

Outra relação importante na produção de cafés especiais está ligada à razão do nitrogênio com o potássio, com a melhor relação de N:K na faixa de 1:1,47.

Desafios

Os desafios mais comuns são as intempéries climáticas e incertezas do mercado, de forma que tudo isso pode afetar na condução do cafeeiro. O poder de compra dos fertilizantes é muito instável, visto que depende diretamente do dólar.

Com o advento da guerra na Ucrânia, fica a incerteza também se realmente haverá matéria-prima suficiente disponível para confecção dos fertilizantes, visto que a maioria é importada.

A mão de obra qualificada está sendo também de difícil contratação, em especial áreas de acesso dificultado, como as regiões do Sul de Minas e Matas de Minas, que obtém a maior parte da cafeicultura de montanha e é muito dependente de mão de obra manual.

Ajustes fundamentais

O manejo como todo deve ser muito bem ajustado. As fertilizações, manejo de pragas, doenças e plantas daninhas devem corresponder de maneira eficiente, de forma que tudo deve ser equilibrado.

O excesso e a falta estão diretamente ligados ao aumento de pragas e doenças, deixando, assim, as plantas mais suscetíveis à entrada do patógeno. A matocompetição também tem seu papel fundamental, impactando de forma negativa a produtividade, visto que algumas plantas daninhas podem ser hospedeiras de pragas, como os nematoides.

As pulverizações e adubações devem ser seguidas corretamente para melhor aproveitamento, assim como também para que haja um impedimento de pragas e doenças.

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