Nilva Teresinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora do Curso de Engenharia Agronômica do Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal (UNIPINHAL)
O boro (B), que está na constituição das plantas e dos animais, deriva dos minerais que constituem as rochas (que formaram o solo). A origem do boro no solo deve-se, principalmente, Ã turmalina, mineral que, após se decompor, produzboratos e ácido bórico.
Entretanto, a fonte principal para as plantas é a matéria orgânica. O boro ocorre no solo ligado à matéria orgânica, fixado pelos minerais de argila, adsorvido às partículas do solo e solúvel em água (que é absorvida pelas plantas). Um ótimo extrator de solo (para avaliação de sua disponibilidade às plantas) é a água fervente.
Absorção
As plantas absorvem o boro nas formasde ácido bórico ou borato. A redistribuição do referido elemento nas plantas é muito pequena. Em algumas espécies, especialmente aquelas que produzem muitos poliois, o boro se liga a tais compostos formando complexos mais solúveis, que assim se movem nas plantas (dos órgãos mais velhos para os mais novos).
O boro é um nutriente que, embora seja exigido em pequenas quantidades,exerce importantes funções nas plantas.Trata-se de elemento fundamental na formação da estrutura das plantas. As paredes celulares dos vegetais são constituÃdas basicamente de pectato de cálcio, formado pela reação entre ácido péctico e cálcio.
Atuação nas plantas
Para formar o ácido péctico há necessidade do boro que, então, é importante na estruturados tecidos vegetais. O boro altera as propriedades mecânicas das paredes celularese membranas, principalmente na fase de crescimento. Há relação estreita entre a nutrição de boro com a parede celular – cerca de 90% do referido elemento da célula estão presentes nessa estrutura.
Além disso, o boro é importante para a formação dofitohormônio ácido indolilacético (AIA).Na formação deAIA, que promove a divisão celular. Há um precursor, o aminoácido triptofano, em cuja síntese o boro é indispensável, sendo um inibidor e ativador enzimático importante.
Como exemplo de tal função, pode-secolocar o papel na regulação do metabolismo de açúcar. Quando falta boro se estimulaa formação de pentoses e fenóis (tais compostos, em deficiência ou excesso, podem prejudicar as plantas).
Participa, ainda, da síntese de proteínas e ácidos nucléicos, sendo o principal transportador desses compostos para os diversos órgãos das plantas, incluindo a raiz, e auxilia no transporte dos carboidratos dentro da planta.
Enfim, o boro compõe a membrana celular, atua no transporte de açúcares via floema, participa da divisão, diferenciação e elongação celular e tem papel na fecundação e germinação do grão-de-pólen.
Aumenta, ainda, a absorção de P, Cl e K por meio do sistema radicular, inibe a formação de amido e atua no metabolismo e transporte de carboidratos até os órgãos de reserva. Além disso, os metabolismos do RNA e do AIA (Ácido Indolilacético Acético) são mediados pelo B; que também participa da respiração, da fixação de N2 e da diminuição da toxicidade de Al.
Falta ou excesso de boro
Devido à imobilidade do boro, na maioria das espécies vegetais os sintomas de deficiência aparecem primeiro em tecidos novos em crescimento, tais como: meristemas, folhas mais novas, flores,pólen, fruto e raízes.Jáa toxidez manifesta-se inicialmente em folhas velhas.
A deficiência provocadeformações dos órgãos mais jovens (folhas e frutos), internódios curtos, superbrotamento, dilaceramento de folhas e rachaduras (de frutos, tubérculos e raízes) e morte de tecidos. Já a toxidez se manifesta por amarelecimento e necrose (da base das folhas para o ápice).
Manejo
Quando necessário, o fornecimento de boro às culturas pode se dar via solo ou foliar. A aplicação via solo tem efeito mais duradouro: corrige-se o “prato“ das plantas, enquanto as raízes são a “boca“ das plantas.
Ainda, como já referido, o elemento em questão é praticamente imóvel nos vegetais (na maioria das espécies), o que faz comque o boro que foi absorvido na ocasião da aplicação foliar não seja redistribuído para os órgãos mais jovens, o que exige repetir a adubação ao longo do ciclo.
Agora, a adubação foliar tem o seu papel: as respostas são mais rápidas, emprega-se menor quantidade de fertilizante (comparando-se com o uso via solo) e o custo pode ser minimizado ao se associar com defensivos.