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O girassol e a rotação de culturas

Daniele Maria do Nascimento
donascimentodm@gmail.com
Marcos Roberto Ribeiro Junior
marcos.ribeiro@unesp.br
Engenheiros agrônomos e doutores em Agronomia/Proteção de Plantas – UNESP
Adriana Zanin Kronka
Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia/Fitopatologia e professora – UNESP
adriana.kronka@unesp.br

Fotos: Shutterstock

Atrativo para os olhos e também para o bolso, o girassol é uma excelente alternativa para a rotação de culturas. Com um baixo custo de implantação e um bom retorno econômico, essa cultura tem sido bastante explorada nas regiões produtoras de grãos, principalmente após o cultivo da soja na região centro-oeste do País.

O girassol é bastante versátil – tudo se aproveita: desde as raízes até as sementes. Outras características que o tornam uma cultura de interesse são: a maior tolerância à seca, devido ao sistema radicular profundo, possibilitando que as raízes explorem camadas mais profundas do solo; menor incidência de pragas e doenças, reduzindo gastos com aplicações de defensivos; ciclagem de nutrientes, como o potássio, dentre outros fatores.

Por que rotacionar com o girassol?

A tradicional sucessão de culturas, soja-trigo ou soja-milho, dependendo da região, não é benéfica a longo prazo, por esgotar os recursos químicos e biológicos do solo, além de degradá-lo fisicamente.

Inserir o girassol no sistema pode ser vantajoso tanto do ponto de vista econômico como ambiental. Essa planta é bastante utilizada como adubo verde, reciclando com eficiência os nutrientes do solo e sendo, inclusive, indicada para recuperação de solos degradados.

Vantagens da cultura

Os benefícios do girassol começam pelo seu sistema radicular pivotante, que permite uma maior tolerância à seca, além da reciclagem de nutrientes do solo. Tem um ciclo curto de produção, variando entre 90 a 130 dias. Pode ser empregado em esquema de sucessão, consorciação ou rotação de culturas.

É uma cultura de baixo investimento e boa parte da planta é aproveitada. Os aquênios, por exemplo, são comercializados como fontes de óleo.

Alelopatia

Naturalmente, as plantas produzem e liberam compostos secundários que podem afetar o crescimento e desenvolvimento de outras plantas crescendo ao seu redor. A isso chamamos de “alelopatia” e estudos indicam que folhas frescas de girassol podem inibir a germinação de sementes de picão-preto e outras plantas daninhas.

Logo, a palhada de girassol atuaria como um herbicida natural, auxiliando no manejo de plantas daninhas da lavoura. Sabe-se que a comunidade de plantas daninhas ocorrentes na cultura da soja pode ser reduzida se, anteriormente à sua semeadura, tiver sido realizado o cultivo do girassol.

Regiões de cultivo

Fotos: Shutterstock

Atualmente, o girassol vem sendo cultivado nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Rondônia, Paraná, Bahia e Ceará, principalmente na safrinha, logo após a colheita da soja, em semeadura direta.

Nessas regiões, o ciclo é de aproximadamente 110 dias, mas relatos de agricultores mostram que o cultivo também é possível em Roraima, onde o ciclo é um pouco menor, entre 75 a 80 dias.

No Nordeste brasileiro, o destaque tem sido as pequenas propriedades, onde o óleo pode ser extraído mecanicamente, através de uma prensa simples, pelo próprio agricultor. Pensando na agricultura familiar, além do óleo, ainda temos os subprodutos, como a torta de girassol, uma fonte proteica que pode ser empregada na alimentação de animais, reduzindo assim os custos de produção.

Usos

Seu principal uso é como fonte de óleo, que é extraído da semente e usado como alimento ou biocombustível. O óleo produzido, aliás, é mais saudável e barato que os demais comercializados, e a tendência é que o consumo aumente nos próximos anos.

Na alimentação animal, é usado na forma de farelo ou silagem. Há também o mercado de grãos, destinado à alimentação de pássaros, onde são comercializados os grãos rajados pretos e brancos; confeitaria, para preparo de pães, bolos e biscoitos; e consumo do grão torrado.

Uma outra possibilidade a ser explorada é a integração com a produção de mel, já que as flores do girassol são bastantes atrativas às abelhas e a polinização favoreceria ainda a produção de grãos.

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Como implementar o cultivo?

O girassol vai bem na maioria dos solos brasileiros, podendo ser cultivado nas mais diversas regiões. No entanto, é sensível a solos compactados e ácidos, devendo-se evitar essas áreas para a semeadura.

Alguns cuidados devem ser tomados no estabelecimento da cultura, a fim de garantir uma boa uniformidade de plantas. O ideal é uma população entre 40 a 45 mil plantas por hectare e espaçamento entrelinhas de 50 a 90 cm.

Importante também escolher sementes certificadas e cultivares adaptadas à região de cultivo; realizar adubação, quando necessária; e respeitar o zoneamento climático da região para decidir a época de semeadura.

Importante ressaltar que essa cultura é alvo do ataque de aves, o que pode ser um problema em áreas com alta incidência de pássaros.

Viabilidade

Em suma, o girassol é uma cultura bastante versátil e com um bom retorno econômico. Não exige muito investimento, podendo ser utilizada em esquemas de rotação ou sucessão de culturas.

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