Lucas Miguel Altarugio
KauêTonelliNardi
Graduandos em Engenharia Agronômica ESALQ/USP
Gerson Marquesi
Engenheiro agrônomo
Eduardo Zavaschi
Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia
Grupo de Apoio à Pesquisa e Extensão ” GAPE
A área plantada no Brasil na safra 2015/16 será de aproximadamente 8.995,5 hectares, redução de 0,1%, se comparada com a safra 2014/15.
O Estado de São Paulo, maior produtor nacional de cana-de-açúcar, possui 52% da área cultivada com a cultura e produtividade estimada para a atual safra de 73.228 kg/ha, aumento de 3,9% em relação à safra anterior (CONAB, 2015). Produtos da cana-de-açúcar como açúcar, etanol e energia elétrica, são de grande importância na alimentação, matriz energética e exportação de commodities no Brasil.
Potencial produtivo
O potencial produtivo da cana-de-açúcar é dependente de diversos fatores, dentre eles a correção de solo e adubação, qualidade de operações agrícolas, controle de plantas daninhas, pragas e doenças, balanço hídrico, escolha da variedade e época de plantio e colheita.
A adubação, de maneira geral, é a prática que visa fornecer nutrientes na quantidade requerida pela planta, descontando-se a quantidade de nutrientes já presente no solo e multiplicando-se o valor por um fator de aproveitamento do adubo pela planta. O nitrogênio é um dos nutrientes mais absorvidos pelas plantas e faz parte de compostos essenciais ao seu desenvolvimento, como aminoácidos, proteínas e ácidos nucleicos.
O nitrogênio
A recomendação de adubação nitrogenada para cana-planta está relacionada com o histórico da área, sendo que as doses recomendadas estão entre 40 e 60 kg ha-1. Adotam-se as menores doses em áreas de expansão, solos mais arenosos (ambientes de produção C, D e E) e áreas que receberam preparo convencional.
As maiores doses (60 kg ha-1) são indicadas para áreas com maior potencial produtivo, por exemplo, de reforma, solos mais argilosos (ambientes de produção A e B) e com cultivo mÃnimo e plantio direto. A adubação nitrogenada pode ser reduzida nas áreas em que houver o cultivo de plantas da família Fabaceae (soja, amendoim, Crotalariajunceae, spectabilis ou ochroleuca), por conta da adição de N ao sistema por meio da fixação biológica de nitrogênio.
Recomendações
Para a adubação nitrogenada em cana-soca utilizam-se maiores quantidades do nutriente em relação ao aplicado em cana-planta, devido à menor mineralização do nutriente da matéria orgânica e menor eficiência da fixação biológica.
A recomendação da adubação nitrogenada em cana-soca é realizada de acordo coma produtividade esperada, devendo-se considerar o sistema de colheita. Em áreas em que a cana foi colhida sem queima prévia recomenda-se a utilização de 1,2 kg de N por tonelada de cana colhida.Entretanto, naquelas que houve queima da cana para a colheita recomenda-se 1,0 kg de N por tonelada de cana colhida (VITTI, OTTO, FERREIRA; 2015).
Essa diferença se deve à imobilização microbiana do N quando aplicado sobre a palhada (alta relação C/N). Na tabela 1 tem-se a recomendação usualmente realizada de acordo com a produtividade esperada em áreas de cana com colheita sem queima prévia.
Tabela 1. Quantidade de nitrogênio recomendada de acordo com a produtividade esperada em áreas de cana colhida sem queima prévia
O aproveitamento pela planta do nitrogênio aplicado é alterado em função da fonte utilizada, manejo e condições climáticas, fatores que irão interferir nas perdas do nutriente para o sistema. As formas de perda de N são:
- Lixiviação: percolação do nutriente no perfil do solo, principalmente na forma de nitrato (NO3-), sendo este tipo de perda estreitamente relacionada com a quantidade de água que percola no perfil.
- Perda de nitrogênio na forma gasosa de amônia (NH3), principalmente quando se utiliza como fonte do nutriente a ureia aplicada sobre palhada, a qual pode chegar a 80% do aplicado em condições favoráveis a tal perda.
- Perda de nitrogênio na forma gasosa de N2 e N2O, no caso de queima da palhada.
- Perda de nitrogênio por desnitrificação na forma NO e N2O, com aplicação de fertilizantes nÃtricos em condição de solos encharcados, ou seja, baixa aeração e alta palhada.
A escolha certa
Deste modo, a escolha da fonte, momento e forma de aplicação são de grande importância para o bom aproveitamento do nutriente. Com relação às fontes, estas podem ser minerais ou orgânicas, dentre as quais se destacam:
Fontes minerais:
â–º Ureia: contém nitrogênio na forma amÃdica, sofrendo transformação no solo para a forma amoniacal (NH4+), ficando sujeito a perdas por volatilização na forma de amônia (NH3). Há três alternativas para diminuir este tipo de perda: incorporação, recobrimento do fertilizante com inibidores de urease (ex: NBPT) ou B e Zn e aplicação do fertilizante em época de chuvas recorrentes. A vantagemdesse fertilizante é o fornecimento de N na forma amoniacal (NH4+), prontamente assimilável pela planta após absorção.
â–º Nitrato de amônio: forma amoniacal e nÃtrica do mineral. Este fertilizante apresenta-se como uma boa opção por não ter perdas significativas de amônia por volatilização, mesmo quando aplicado sobre a palhada. Entretanto, apresenta parte do N na forma nÃtrica, mais suscetÃvel à lixiviação e que requer pela planta, após a absorção, maior gasto energético para assimilação em compostos orgânicos.