19.6 C
Uberlândia
quinta-feira, maio 2, 2024
- Publicidade -
InícioDestaquesO paradoxo da Reforma Tributária e o Pacto Federativo no Brasil

O paradoxo da Reforma Tributária e o Pacto Federativo no Brasil

Leia a coluna Pensando Estrategicamente, por Antônio Carlos de Oliveira.

Pensando Estrategicamente
por Antônio Carlos de Oliveira.

Texto publicado originalmente no Diário de Uberlândia

Antônio Carlos de Oliveira/Reprodução

Os impostos são cobrados sobre diversas transações e atividades, como o Imposto de Renda (IR), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Serviços (ISS), entre outros. Eles podem ser cobrados tanto de pessoas físicas quanto jurídicas, e sua arrecadação é uma das principais fontes de receitas do governo.

Já os tributos são um tipo específico de imposto, que têm como característica a compulsoriedade e a destinação para especificidades determinadas por lei. São exemplos de tributos no Brasil a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), a Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS), entre outros.

Os impostos e tributos têm um papel importantíssimo na redistribuição da renda e na redução das desigualdades sociais, pois a sua cobrança é feita de acordo com a capacidade contributiva de cada pessoa ou empresa. No entanto, é fundamental que haja uma gestão eficiente dos recursos arrecadados, para que sejam utilizados de maneira transparente e em benefício da sociedade como um todo.

A Reforma Tributária em tramitação no Congresso, tem como objetivo promover mudanças no sistema de arrecadação de impostos no país. Atualmente, o sistema tributário brasileiro é complexo e burocrático, o que dificulta a atividade econômica e a competitividade das empresas, além de ser injusto para grande parte da sociedade brasileira.

A ideia da Reforma Tributária é simplificar o sistema e torná-lo mais justo. Entre as propostas em votação estão a unificação de impostos, como PIS, Cofins e IPI, em um único imposto sobre valor agregado, além de impostos sobre a renda e patrimônio.

Já o Pacto Federativo trata da distribuição de recursos arrecadados e a responsabilidades entre os entes federativos – União, estados e municípios. No Brasil, existe uma concentração excessiva de recursos na esfera federal, o que acaba prejudicando a autonomia dos estados e municípios na gestão de suas demandas locais.

As principais vantagens em aprovar a Reforma Tributária consistem em: 

  1. Simplificação do sistema tributário: A reforma visa simplificar e unificar os diferentes impostos existentes. Isso reduzirá a complexidade e os custos associados ao cumprimento das obrigações tributárias para empresas e indivíduos.
  2. Estímulo ao investimento e ao crescimento econômico: A reforma propõe a redução da carga tributária sobre as empresas, o que pode incentivar o investimento e o crescimento econômico, podendo levar a uma maior geração de empregos e aumento da renda.
  3. Redução da evasão fiscal: A reforma busca combater a evasão fiscal por meio de medidas como o aumento da transparência e a simplificação do sistema tributário, levando a uma arrecadação mais eficiente e justa.

Por outro lado, algumas das principais desvantagens da atual Reforma Tributária incluem:

  • Possível aumento da carga tributária para alguns setores: A reforma proposta nos regimes tributários, o que pode resultar em um aumento da carga tributária para alguns setores específicos, impactando a lucratividade e a competitividade desses setores.
  • Dificuldades na transição: A implementação de uma reforma tributária tão ampla pode exigir um período de transição, durante o qual tanto empresas quanto indivíduos precisam se adaptar às novas regras e realizar ajustes em seus processos e sistemas. Essa transição pode ser complexa e desafiadora.
  • Impacto social: Dependendo das escolhas feitas durante a reforma, pode haver um impacto social negativo, especialmente para os setores mais dependentes da sociedade. Aumentos em impostos sobre bens essenciais, por exemplo, podem afetar diretamente a população de baixa renda.

Os possíveis riscos de perda da receita pelos entes federados em um país cuja desigualdade regional é bastante significativa pode ocorrer:

  • Baixa arrecadação tributária: Em áreas mais pobres e menos evoluídas, é comum que a arrecadação de impostos seja menor devido à menor atividade econômica e à falta de infraestrutura. Isso pode levar a uma redução na receita dos governos estaduais e municipais.
  • Dependência de transferências federais: Em um país com desigualdade regional, é comum que os estados mais ricos financiem transferências de recursos para os estados mais pobres. No entanto, se houver uma queda ou se o estado mais rico enfrentar dificuldades, os estados mais pobres podem sofrer uma perda significativa de receita.
  • Fuga de empresas e trabalhador: Em áreas menos desenvolvidas, pode haver uma fuga de empresas e trabalhadores em busca de melhores oportunidades em regiões mais desenvolvidas. Isso reduz a atividade econômica e, consequentemente, a receita fiscal dessas regiões.
  • Baixa capacidade de investimento: A redução da receita fiscal limita a capacidade do governo estadual e municipal de investir em infraestrutura, educação, saúde e outros serviços públicos essenciais. Isso perpetua a desigualdade regional, pois as regiões menos desenvolvidas têm menos recursos para melhorar sua situação.
  • Aumento da dívida pública: Se os entes federados não conseguirem equilibrar suas contas devido à perda de receita, eles podem fomentar o endividamento para cobrir seus gastos. Podendo levar a um aumento da dívida pública, tornando as finanças dos entes federados ainda mais insustentáveis.

Para que a reforma seja aprovada, é necessário seguir o processo legislativo padrão, que envolve a tramitação e aprovação do projeto de lei tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado Federal. O texto deve ser aprovado pela maioria simples em ambas as casas.

No entanto, como a Reforma Tributária envolve mudanças no sistema tributário, é necessário que haja um acordo entre os parlamentares e o governo para a aprovação do texto final. Isso ocorre porque podem existir diferentes propostas em discussão, e é preciso conciliar as diferentes visões e interesses.

Além disso, a reforma também precisa ser considerada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Isso significa que o STF deve analisar a compatibilidade do texto da reforma com a Constituição Federal.

Caso a Reforma Tributária seja aprovada tanto pela Câmara dos Deputados quanto pelo Senado Federal, e seja considerada constitucional pelo STF, ela poderá entrar em vigor e promover as mudanças no sistema tributário brasileiro.

Tanto a Reforma Tributária quanto o Pacto Federativo são importantes para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Ambas as reformas podem trazer benefícios, como simplificação do sistema tributário, estímulo ao investimento, autonomia na gestão dos recursos e eficiência na oferta de serviços. No entanto, é necessário um amplo debate e construção consensual para implementar mudanças efetivas e que beneficiem a sociedade como um todo.

ARTIGOS RELACIONADOS

Produtividade do feijoeiro

No Brasil, o feijão é uma das principais culturas produzidas e consumidas ...

Ouro roxo: açaí gera mais de R$ 3 bilhões para o Brasil

De olho nesse mercado bilionário, família do Paraná inova e começa a comercializar o açaí raiz para sorveterias, que terão a chance de gourmetizar o produto conforme a escolha do cliente.

Aplicação de regulador de crescimento na Cotocultura

O cultivo do algodão vem crescendo de forma substancial no Brasil, devido ao ...

MSD Saúde Animal realiza evento gratuito

A MSD Saúde Animal realiza na próxima quinta-feira, 21, às 18h, mais uma edição do Liderança Viva,

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!