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Panorama da produção de maçãs no Brasil

A produção de maçãs no Brasil está em constante evolução e traz ótimas perspectivas para o agronegócio.

Harleson Sidney Almeida Monteiro
harleson.sa.monteiro@unesp.br
Sinara de N. Santana Brito
sinara.santana@unesp.br
Engenheiros agrônomos e mestrandos em Agronomia/Horticultura – UNESP
Antonia B. da Silva Bronze
Doutora em Ciências Agrárias e professora – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
antonia.silva@ufra.edu.br

A maçã possui mais de 2,5 mil espécies existentes, sendo uma das frutas mais conhecida e consumida no mundo. A China é seu maior produtor, seguido dos Estados Unidos, que produzem, juntos, mais de 50% do total mundial. A produção mundial de maçã tem gerado cerca de US$ 46 milhões.
A produção brasileira nas últimas décadas se expandiu significativamente, principalmente entre as variedades Eva, Gala, Fuji e Pink Lady. Essa expansão está relacionada à tradição que o País possui em mais de 30 anos de cultivos comerciais da fruta, condicionada à produção de variedades modernas, áreas para cultivo, regiões com condições edafoclimáticas favoráveis, assim como os cuidados com o pós-colheita, tornando o Brasil um produtor de potencial na cultura.
Segundo a FAO (2022), o Brasil está entre os dez maiores produtores do mundo. O fruto da macieira tem ocupado, no País, a quarta posição no ranking de frutas mais consumidas e sua produção tem gerado cerca de R$ 2.500.000. O mercado tem faturado, desde o plantio até a comercialização dos frutos, cerca de R$ 7,5 bilhões ao ano.

Área plantada

No Brasil, a colheita dos frutos se concentra nos meses de janeiro a maio. Com infraestrutura de embalagens e conservação, e devido à tecnologia de armazenamento em câmaras frias que ficam em complexos agroindustriais, o fruto fica disponível durante o ano todo para o consumidor.
Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área plantada de macieira no Brasil, no ano de 2021, foi de 32.890 plantas. E nota-se o crescimento tímido no número de plantas, ao longo de três anos seguidos, como mostra o gráfico a seguir.

As áreas de cultivo da macieira se concentram nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Nas regiões norte, nordeste e centro-oeste não se estabeleceram cultivos, por não possuírem condições climáticas adequadas e favoráveis a este cultivo.
As maiores áreas de cultivo estão nos Estados de Santa Catarina (15.774 ha), Rio Grande do Sul (15.730 ha), Paraná (1.007 ha), Minas Gerais (225 ha) e São Paulo (154 ha). Estados que se localizam em regiões onde ocorrem as melhores condições climáticas para o cultivo da macieira, especialmente temperaturas baixas durante o inverno.
Esta é uma fruteira típica de clima frio. Assim, para o seu melhor desenvolvimento e que tenha seu ciclo produtivo completo (floração e frutificação), ela exige determinadas condições climáticas e solos férteis, encontrados principalmente na região sul do Brasil.

Safra brasileira

A safra da maçã se inicia no final de dezembro, nas regiões mais quentes, e se estende até o início de maio, nas regiões mais frias. No ano de 2021, a produção anual brasileira de maçã atingiu 1.297.424 toneladas de frutos, com destaque para Rio Grande do Sul, responsável por cerca de 48,46% e Santa Catarina, responsável por cerca de 48,45% da produção, que somam 97% da produção nacional de maçã.
Em se tratando de produtividade, a cultura alcançou 39.461 kg/ha no ano de 2021. Na tabela a seguir, observa-se que o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná apresentam um certo crescimento na sua produtividade, ao contrário do que vem ocorrendo com os Estados de São Paulo e Minas Gerais, o que podem estar relacionado à reestruturação pela qual passam seus pomares. Contudo, são as regiões e os Estados de maior produtividade da cultura no Brasil.

Modernização

O País conseguiu alavancar a produção e a produtividade interna da fruta, principalmente na região sul, isso graças à modernização da cadeia produtiva, à responsabilidade e confiança entre os produtores e ao solo fértil dessas regiões produtoras.
Ainda, observou-se a iniciativa empresarial pioneira, os incentivos fiscais concedidos, em especial pelo governo federal, a partir da Lei nº 5.106; a ênfase por parte do governo federal na substituição de importações, sendo a maçã o segundo item agrícola mais importante nas importações brasileiras.

Reflexos da pandemia

Ainda sobre o reflexo do cenário ocasionado pela pandemia da Covid-19, o setor de maçãs sofreu nas suas mais diversas etapas de produção, consumo e no desempenho do mercado escalonado.
A demanda do fruto também ficou inferior à oferta, principalmente da variedade Fuji (de origem japonesa), que deixou de ser a preferida pelo mercado consumidor, perdendo o lugar para a variedade Gala (de origem da Nova Zelândia) e Pink Lady (de origem australiana), que registraram aumento relevante na oferta do fruto no ano de 2022, principalmente por serem mais doces.
A maior demanda pelo fruto é para o consumo in natura, e cerca de 20% de toda a produção é destinada para processamento do fruto – industrialização, que originará produtos e subprodutos derivados da maçã.
Hoje, a demanda por frutos de maçã para o processamento é voltada para gerar novos produtos e subprodutos, e está muito diversificada. No mercado, encontramos frutos desidratados, geleia, licor, suco, farinha, vinagre, vinho, sidra, fibras, entre outros.

Economia circular

O Brasil produz cerca de 1,1 milhão de toneladas/ano da fruta, e tem empregado diretamente cerca de 50 mil pessoas. A cadeia de produção da maçã no Brasil ainda não possui máquinas capazes de colher a fruta, o que traz a necessidade de contratar cerca de 45 mil trabalhadores a cada safra.

Exportação

Os produtores e o mercado de maçã têm muito a comemorar, devido ao sucesso que ocorre na exportação dos frutos, principalmente para a Europa. A exemplo, temos como principais destinos da fruta nacional: Rússia (31%), Bangladesh (29%) e Índia (11%).
O produto brasileiro está cada vez mais adequado às exigências de qualidade e sustentabilidade do mercado exterior. A comercialização de maçã para o exterior (exportações brasileiras) tem movimentado cerca de US$ 42 milhões por ano, segundo a Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM).
Esta é uma cultura de grande potencial, tanto para o mercado de exportação do fruto como para o processamento e industrialização, sendo necessário que o produtor esteja atento à capacidade de armazenamento na região onde pretende produzir, pois o mercado consumidor é altamente exigente, tanto em preço quanto qualidade das frutas.

Custo de produção e retorno

O custo (investimento) inicial para implementar e conduzir um sistema de produção de maçãs tem variado entre R$ 35 mil e R$ 60 mil, incluindo a obtenção de mudas, infraestrutura do pomar, insumos e equipamentos em geral.
Vale destacar que o montante pode variar de R$ 80 mil a R$100 mil, para que um hectare de macieira esteja em seu pleno desenvolvimento e atingindo produção máxima, nos primeiros anos. Esse valor inclui, principalmente, insumos e mão de obra, sem contar despesas operacionais da etapa de pós-colheita da fruta.
Contudo, características que podem reduzir custos são: cultivares adaptadas às condições climáticas, cultivares resistentes a pragas e doenças, otimização da colheita; e arquitetura da planta (hábito de crescimento de ramos aberto – horizontal).
Apesar de apresentar custo mais elevado, a alta densidade de plantas em pomar de macieira proporciona a entrada em produção mais precoce, trazendo retorno econômico mais rápido. Além disso, diminui custos de mão de obra pelo menor porte das plantas e aumenta a eficiência dos tratamentos fitossanitários.
Em se tratando do retorno do capital investido, para implantar e formar um pomar de maçã, com vida útil estimada de 20 anos, tendo sua produtividade média a partir do sexto ano, o tempo de recuperação do capital se dará a partir do oitavo ano de produção.

Inovações

Hoje, o que temos de mais novo na cadeia produtiva da maçã é a produção de biogás a partir do bagaço de maçã descartado, sendo um produto que está baseado na economia circular, que pretende o fechamento dos ciclos de produção de resíduos e o avanço da reutilização e reciclagem de bioenergia e biomateriais.
Ainda em se tratando de inovação, temos o desenvolvimento de reguladores de crescimento para a cultura.
Podemos enfatizar que a fruticultura brasileira, mesmo com uma ampla gama de espécies cultivadas, apresenta um rol das principais frutas produzidas restrito, tanto nos âmbitos mundiais quanto nacionais, como a maçã.

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