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Período de verão exige variedades de alface tolerantes às doenças

 

Jean de Oliveira Souza

Engenheiro agrônomo, pós-doutorando em Agronomia-Melhoramento Vegetal no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba (CCA/UFPB)

jsoliveira1@hotmail.com

Período chuvoso exige variedade de alface tolerante - Crédito Shutterstock
Período chuvoso exige variedade de alface tolerante – Crédito Shutterstock

Atualmente, existe, no mercado, um grande número de cultivares de alface que se adaptam bem às diferentes condições climáticas, o que permite o cultivo ao longo de todo o ano. Porém, o cultivo em determinadas épocas, como no verão, tem sido limitado devido às elevadas temperaturas e altas pluviosidades.

Essas condições climáticas favorecem o pendoamento precoce da alface, afetam a formação de cabeça e têm limitado seu cultivo no período de verão devido a perdas ocasionadas pelo ataque de muitas pragas e doenças que inviabilizam seu cultivo. O grande diferencial para quem produz alface nessa época é produzir com qualidade e disponibilizar o produto nesse período, onde se consegue os melhores preços no mercado.

 

Doenças

Já as doenças podem ser provocadas tanto por fungos, nematoides, como por bactérias, no entanto, as doenças bacterianas assumem maior importância, visto que no período chuvoso os prejuízos originados por doenças bacterianas têm maiores proporções, e esses patógenos dependem da água durante os processos de penetração, colonização, infecção e disseminação.

Entre as doenças bacterianas mais comuns que acometem a cultura da alface no verão, as bacterioses causadas por podridão-mole (Pectobateriumcarotovorumsubsp. carotovorum), conhecida como a mais destrutiva e preocupante doença em áreas produtoras do mundo. Os sintomas em campo resultam em colapso generalizado da planta.

Outra doença é a mancha-bacteriana (Xanthomonasaxonopodispv. vitianis), que ocorre sob condições de umidade relativa elevada (acima de 90%) e irrigação por aspersão e/ou chuva. A doença pode se disseminar rapidamente, causando perdas diretas na produção. Os sintomas podem ser observados por pequenas manchas angulares de aspecto encharcado nas folhas baixeiras.

Há relatos, também, da queima-lateral-das-folhas, causada por (Pseudomonasmarginalispv. marginalis).Os sintomas da queima iniciam-se na margem da folha e avançam em direção à base, podendo afetar todo o limbo foliar. O sistema vascular junto às lesões pode ser colonizado e descolorido.

De um modo geral, em condições de alta umidade e temperaturas elevadas similares às observadas no verão brasileiro, as bactérias provocam rápida decomposição aquosa dos tecidos que depreciam a qualidade do produto, impossibilitando sua comercialização.

Opções

Uma alternativa para produzir alface em períodos de chuva concentrados pode ser o cultivo sob estruturas com cobertura de material plástico para servir como ‘guarda-chuva’, e com dispositivos que facilitam a circulação de ar, como o uso de laterais totalmente abertas ou protegidas por telas, para evitar insetos.

Deste modo, é possível reduzir o calor excessivo e melhorar a ventilação interna no interior da casadevegetação e, com isso, minimizar as condições para o desenvolvimento de doenças. O manejo adequado dessas estruturas é muito importante, de modo a propiciar um ambiente favorável para a boa produtividade da cultura e supressivo, de alguma forma, para a atividade dos patógenos.

Outra possibilidade de cultivo da alface para esse período é utilização de túneis baixos ou a cobertura dos canteiros com o “não tecido“ de polipropileno, também chamado de agrotêxtil, para proteger as plantas das adversidades climáticas e contra o ataque de pragas e doenças.

Sintomas de podridão-mole (Pectobaterium carotovorum subsp. Carotovorum) - Crédito Kércio Estevam da Silva
Sintomas de podridão-mole (Pectobaterium carotovorum subsp. Carotovorum) – Crédito Kércio Estevam da Silva

Cultivares resistentes

O uso de cultivares resistentesà bacteriose tem sido, sem dúvidas, o método de controle mais eficiente, econômico e ecologicamente correto, do ponto de vista ambiental, por reduzir o uso de agroquímicos e ser compatível com outras formas de controle.

O desenvolvimento de cultivares com tolerância à bacteriose consiste, primeiramente, na identificação de fontes de resistência e, posteriormente,na transferência dessa resistência para cultivares suscetíveis.

É importante que esse cultivar melhorado apresente um excelente comportamento produtivo e seja tolerante às doenças que mais acometem a cultura no verão.

O trabalho para o desenvolvimento de um novo cultivar de alface resistente e/ou tolerante a uma doença requer de três a seis anos, em média, e certo grau de investimento financeiro para custear todas as avaliações e testes necessários para a seleção do cultivar tolerante e dispor no mercado.

Várias pesquisas têm sido desenvolvidas para a obtenção de cultivares resistentes e/ou tolerantes, graças a programas de melhoramento genético visando obter cultivares de alface mais recomendada para as condições de verão e que tenha nível de tolerância à bacteriose.

Essa matéria completa você encontra na edição de fevereiro/2015 da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira a sua para leitura completa!

 

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