Um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) para o acompanhamento da evolução da Helicoverpa armigera no campo mostra que inimigos naturais estão agindo no controle da nova praga. A constatação ocorreu após os pesquisadores iniciarem os trabalhos de pesquisa para conhecerem melhor o comportamento da lagarta na cultura da soja e realizar coletas para mapear a ocorrência e aumentar a sua criação para fins científicos.
Parte das lagartas coletadas, suspeita de ser a Helicoverpa armigera, estava infectada por nematoides ou atacada por parasitoides. “A presença desses inimigos naturais, tanto dos nematoides como dos parasitoides, é muito importante para o equilíbrio da lavoura, à medida que a safra vai se desenvolvendo, pois, com um manejo adequado, a tendência é de as populações de inimigos naturais crescerem“, explica a pesquisadora Clara Beatriz Hoffmann-Campo, da Embrapa Soja.
“É por isso que temos reforçado a orientação para que o produtor monitore suas lavouras, tenha critérios para a decisão de controle e não aplique inseticidas indiscriminadamente, sejam eles biológicos ou químicos“, reforça a pesquisadora.
Nem tudo é o que parece
O levantamento mostrou que, em algumas regiões, como Mauá da Serra, no norte do Paraná, cerca de 30% das lagartas coletadas estavam infectadas por nematoides, mas um nematoide do bem. “Em algum momento, que ainda não sabemos exatamente como funciona, a lagarta é infectada por esse nematoide, que não é o mesmo que ataca as raízes das plantas“, explica a pesquisadora.
Na região de Roncador, também no Paraná, a proporção de lagartas infectadas pode ser ainda maior. “Isso nos alerta para a importância de um bom manejo na fase inicial da cultura da soja, para que esses inimigos naturais sejam preservados e mantidos vivos no campo“, completa.
Os pesquisadores da Embrapa são cautelosos em relação ao desenvolvimento da safra e garantem que, sem a ação dos inimigos naturais, a situação pode ser muito pior no campo. “Nas áreas onde há um desequilíbrio, a ocorrência de pragas é muito maior; por isso, a existência de inimigos naturais é importante e sua preservação, essencial, pois ajuda a manter as populações de pragas abaixo do nível de ação e retarda a ocorrência de resistência da praga a produtos químicos“, aponta a pesquisadora.
Eficiência no controle
Os parasitoides encontrados são principalmente moscas da família Tachinidae, que se desenvolvem no interior da lagarta e, ao completar seu desenvolvimento, matam o inseto, promovendo um controle natural da praga. “Encontramos de um a quatro parasitoides por lagarta, o que indica potencial multiplicador desse inimigo natural no campo“, detalha.
Esses parasitoides observados no laboratório já são bem conhecidos dos pesquisadores. Eles prestam o mesmo serviço ambiental atacando outras espécies de lagartas, como a Anticarsia e a Spodoptera.