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Pesquisa da EPAMIG é premiada

Trabalho avaliou manejos alternativos e concluiu que sistemas arborizados apresentaram cafeeiros mais vigorosos.

O cultivo de café em consórcio com bananeiras e abacateiros, frutíferas adaptadas às condições da Zona da Mata Mineira, tem gerado resultados promissores que podem impactar positivamente a cafeicultura de Minas Gerais, especialmente diante das altas temperaturas que atingem o estado no segundo semestre de 2023.

Sistema de Cultivo de Base Agroecologica Arborizado
Créditos: Divulgação

É o que mostra a pesquisa “Efeito de diferentes formas de manejo sobre as características agronômicas de café arábica”, de autoria da pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Waldênia de Melo Moura, junto a uma equipe de bolsistas e alunos de agronomia da Universidade Federal de Viçosa (UFV). O trabalho recebeu o prêmio de melhor resumo apresentado no XI Simpósio de Pós-Graduação em Agroecologia da UFV, que ocorreu no início deste mês.

Consórcio com banana e abacate é vantajoso

O objetivo da pesquisa foi avaliar formas alternativas de manejo do café, que envolvem práticas agroecológicas, como o uso de adubação orgânica e o controle biológico de pragas, por meio de predadores naturais. “Temos buscado cada vez mais formas sustentáveis de produção de café, como os cultivos de base agroecológica, que promovem a diversificação de produção e a redução no uso de insumos externos, como os fertilizantes químicos. Além disso, podem contribuir para amenizar os efeitos das elevadas temperaturas que temos experimentado”, explica Waldênia Moura.

Os experimentos foram realizados considerando a safra de café de 2022, no Campo Experimental do Vale do Piranga, em Oratórios (MG). Foram analisados quatro sistemas de cultivo com aproximadamente 600 cafeeiros cada, nos quais foram aplicados diferentes manejos, descritos abaixo:

– Manejo Convencional com uso de defensivos e fertilizantes químicos:

·      Sistema 1: manejo convencional a pleno sol;

·     Sistema 2: manejo convencional em consórcio com 12 abacateiros e 72 bananeiras plantadas nas linhas do café;

– Manejo Alternativo com uso de adubação orgânica (esterco bovino complementado com doses reduzidas de fertilizantes químicos e roçagem para controle de plantas espontâneas):

·       Sistema 3: manejo agroecológico sem arborização;

·       Sistema 4: manejo agroecológico em consórcio com 12 abacateiros e 72 bananeiras plantadas nas linhas do café.

O grupo de pesquisadores avaliou o vigor vegetativo e a produtividade dos cafeeiros, bem como a presença de pragas e doenças típicas da cultura, como bicho-mineiro, ferrugem, cercosporiose e seca dos ponteiros. “Observamos que a produtividade foi um pouco maior nos sistemas a pleno sol, mas os cafeeiros ficaram bem mais vigorosos quando plantados em consórcio com as frutíferas, por conta do sombreamento gerado pela arborização”, detalha a pesquisadora.

As sombras das frutíferas também ocasionaram uma redução na temperatura dos sistemas, o que tornou o ambiente mais agradável para o trabalho, tanto na condução quanto na colheita do café. A qualidade final da bebida também foi beneficiada pelos sistemas arborizados. “O estágio de maturação dos frutos de café foi prolongado e isso ocasionou um aumento na qualidade da bebida, o que pode representar um aumento no valor de mercado do produto”, ressalta Waldênia.

Alternativas de renda e redução de custos

Segundo a pesquisadora, os sistemas agroecológicos arborizados também melhoram a fertilidade do solo, pois os restos vegetais contribuem para a reciclagem de nutrientes e a adubação orgânica promove menor perda desses no sistema, uma vez que são liberados de forma mais lenta para as plantas. Além disso, também auxiliam no aumento e preservação da microbiota do solo, já que não há uso de herbicidas.

“Outro ponto positivo é a economia com os custos de produção, pois no cultivo agroecológico não é necessário comprar defensivos químicos, já que os insetos e predadores presentes no próprio sistema fazem o controle das pragas e doenças”, detalha Waldênia. “O esterco usado como adubo pode ser produzido na própria propriedade e a adubação também pode ser complementada com os pseudocaules das bananeiras, ricos em potássio, e as folhas dos abacateiros”, acrescenta.

Ela lembra que os sistemas consorciados com frutíferas geram ainda alternativas de renda com alto valor agregado no mercado. “A propriedade passa a produzir também outros produtos, como bananas e abacates, de forma agroecológica, que possuem alto valor agregado. Isso faz com que os produtores não fiquem reféns dos preços do café e possam diversificar suas produções”, conclui Waldênia.

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