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Planejamento da safra para um cultivo de sucesso

Lucas Alexandre Batista lucaslabatista@gmail.com

Rafaela da Silva Muraro murarorafa@gmail.com

Engenheiros agrônomos – Universidade Federal de Lavras (UFLA)

Gabriel Freitag Graduando em Agronomia – UFLAfreitag.gr@gmail.com

Giovani Facco Doutor em Agronomia – Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)giovanifacco2011@gmail.com 

Produção – Créditos: Shutterstock

O Brasil, já consolidado entre os países mais produtivos e exportadores de grãos de verão, como o milho e a soja, na safra 2019/20 representou uma área de cultivo próxima a 62 milhões de hectares, sendo 36,9 mi/ha destinadas à soja e 18,5 mi/ha para o milho.

Para a safra 2020/21, o MAPA estabelece projeções de áreas semeadas com as culturas de milho e soja no Brasil, sendo 19,68 mi/ha para milho e 37,80 mi/ha para soja, um aumento estimado em mais de 2,0 milhões de hectares e, consequentemente, expectativa de aumento produtivo em ambas as culturas.

Na safra 2019/20 o Brasil apresentou, segundo dados da CONAB, 4,7% de acréscimo produtivo, comparado à safra 2018/09, com uma produção de 337,298 milhões de toneladas (53,3 sc/ha), caracterizando-se como o mais produtivo global do grão.

A produção de milho 1ª safra neste mesmo período obteve área de 4,2 milhões de hectares cultivados, produzindo 25,68 milhões de toneladas, 0,2% superior ao ano anterior, resultado este caracterizado por quedas produtivas nos Estados do RS e SC, devido a períodos de estiagem durante o cultivo.

Tetos produtivos

Como referência de alto rendimento produtivo no Brasil, o concurso nacional promovido pelo Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB) tem como uma de suas atividades mais populares o concurso entre produtores inscritos com área manejadas e avaliadas para obtenção de alto teto produtivo na cultura da soja.

As lavouras campeãs dos dois últimos anos se mantiveram com médias produtivas superiores a 100 sc/ha e médias gerais entre os maiores produtores de cada Estado sojicultor superiores a 80 sc/ha na safra 2019/20. Esses resultados são próximos a 30 sacas a mais por hectare cultivado, comparado à média nacional, principalmente atrelado a práticas culturais e manejos desenvolvidos nestas propriedades referências de produtividade.

Atenção redobrada

A época de semear as culturas de verão se aproxima e agricultores de todo o Brasil se preparam para o início da execução de uma série de importantes práticas que devem ser observadas para uma boa instalação da lavoura.

É nesse momento que as  preocupações se voltam para a escolha de cultivares altamente produtivas, entendendo assim que apenas a tecnologia presente na semente será responsável por altos tetos, o que acaba sendo o primeiro dos grandes erros cometidos, uma vez que a resposta e expressão produtiva da planta será dependente dos manejos adotados pelo produtor rural.

Nesse sentido, a não observação de manejos importantes promovem alguns frequentes erros, como: falhas de semeadura, problemas com germinação da semente, uso de cultivares não adaptadas às regiões, falta de recobrimento no tratamento de sementes, descuido de fatores climáticos e de solo, da temperatura ideal e época indicada de semeadura.

Também é possível observar, no momento da semeadura, a velocidade excessiva da semeadora, que pode causar aprofundamento das sementes e má distribuição.

A escolha de cultivares é um fator importante, tanto quanto a sua diversificação a cada safra. A rotatividade da genética no sistema produtivo ajuda a amenizar os danos causados pelo ataque de patógenos e insetos-praga, uma vez que existem materiais com características de tolerância, trazendo uma maior segurança ao produtor. Lembramos que seu uso deve ser consciente, pois a repetibilidade pode induzir a seleção de populações resistentes.

Como evitar erros

A realização, no primeiro momento, de uma boa dessecação de toda a área onde será implantada a cultura de verão inibe a mato competição causada pelas plantas daninhas por água, luz e nutrientes, além de eliminar plantas involuntárias que servem de hospedeiras para patógenos e insetos-praga.

No momento do pré-plantio é necessário observar a adequada regulagem do maquinário que será utilizado para a implantação, visando a correta distribuição da semente e do adubo com base nas recomendações técnicas para a cultura.

De acordo com informações contidas no manual da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), é necessário efetuar a semeadura a uma profundidade de 3,0 a 5,0 cm para a cultura da soja, com uma população de plantas que varia de 180 a 400 mil plantas por hectare, dependendo da cultivar e das condições da região. As velocidades de trabalho devem ser de 4,0 a 5,0 km/h para uma melhor uniformidade no momento de semeadura.

O inadequado ajuste dessa população pode acarretar em altos custos de produção, além de tornar o cultivo suscetível ao acamamento em casos de superpopulações. Em contrapartida, quando o cenário for de subpopulações de plantas, existirá uma redução do recobrimento dos solos, promovendo o aparecimento de invasoras e aumento da evapotranspiração dos solos, resultando em perda de água e elevação da temperatura.

Outro fator importante para adequar a população de plantas é baseado no poder germinativo. Essa informação é gerada pela sementeira e está descrita na embalagem de cada cultivar, onde deverá ser ajustada a quantidade de sementes em quilos para se obter 100% de germinação.

Para evitar esses tipos de problemas, é importante também fazer a escolha adequada da cultivar para a região e procurar sempre adquirir sementes com boa qualidade fisiológica.

Com base nas informações técnicas da Embrapa, o número de plantas/metro linear a ser obtido na lavoura é estimado pela população de plantas/ha desejada e o espaçamento adotado, usando-se a seguinte fórmula:

nº de pl/m= [pop/ha x espaçamento (m)/ 10.000

Calcula-se o número de sementes por metro de sulco:

nº de sementes/m = (nº de plantas que se deseja) /m x 100% / emergência em campo

E para se estimar a quantidade de semente que será gasta por ha, pode-se usar a seguinte fórmula:

Q = (1000 x P x D) G x E

onde:

Q = Quantidade de sementes, em kg/ha;

P = Peso de 100 sementes, em gramas;

D = Nº de plantas que se deseja/m;

E = Espaçamento utilizado em cm;

G = % de emergência em campo.

Fonte: Recomendações técnicas para a cultura da soja EMBRAPA.

Solo

As condições de solo, como a temperatura e disponibilidade hídrica, também serão determinantes para a interação da semente com o meio. Na fase inicial é necessária uma absorção de 40 a 50% do seu volume em água, dependendo da espécie, para iniciar o processo de germinação e ativação metabólica.

Uma vez que as sementes estão em contato com o solo, a proteção na fase inicial da cultura é extremamente importante. Devido a isso, é recomendado o uso de um tratamento de sementes eficiente, promovendo assim uma barreira química ao ataque de pragas de solo e patógenos.

Os manejos adequados e cuidados no momento inicial serão determinantes para o sucesso da sua lavoura. Para mais informações técnicas e que condizem com a sua realidade, é válido consultar o engenheiro agrônomo de sua confiança.

Custo-benefício

Já é cultural os investimentos se voltarem para a safra de verão. Em muitos casos, os agricultores optam por conduzir apenas um cultivo durante todo o ano agrícola, deixando o inverno em estado de pousio, ou até mesmo com alguma cultura para cobertura.

As altas produções nesse período são devido à ótima adaptação de culturas como soja e milho a climas mais quentes, tornando a safra mais importante para produtores de todo Brasil.

Por meio da estimativa de custo de produção total realizada no relatório do mês de março de 2020 por CONAB/DIPAI/SUINF GECUP, é possível observar que para culturas anuais de verão, como a soja, considerando uma realidade de alta tecnologia para o Estado do Rio Grande do Sul, totalizou R$ 2.872,00 para uma produção de 2.700 kg de grãos por hectare.

Se considerarmos o preço de venda do primeiro dia do mês de outubro de 2020 de R$ 155,00 a saca de 60 kg e se mantivermos a mesma estimativa levantada pela CONAB para a safra de 2019/20, de 3.379 kg por hectare, o lucro líquido final por hectare acaba sendo de R$ 1.311,00. Essa estimativa comprova a rentabilidade do sistema produtivo, tornando viável a atividade para agricultores.

Informação é tudo

A obtenção de informação na agricultura tem se intensificado nos últimos anos. Hoje, muitos agricultores já utilizam de agricultura de precisão, análise de imagens aéreas, entre outras ferramentas.

Há empresas no mercado especializadas em coleta de informação para os agricultores que otimizam operações de correção de solo, controle de plantas daninhas e aplicação de nutrientes. Para médios e grandes produtores, é uma ótima opção para a otimização das operações.

Outro fator importante dentro do planejamento da safra é, sem dúvidas, a obtenção de sementes, que representa um dos maiores ativos dentro da propriedade, tanto na safra de verão quanto de inverno. A obtenção de sementes certificadas é o pontapé inicial para o sucesso na colheita.

Mesmo os agricultores que salvam sementes e, assim, restituem os royalties, devem tomar cuidados especiais no beneficiamento, armazenamento e tratamento dessas sementes antes do plantio. Sementes com qualidade adequada garantem o sucesso do estabelecimento de estande de plantas da lavoura. 

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